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22 de abril de 2010

Em memória a Tiradentes. A República que transformou o vilão em herói.

Em 1789, a Inconfidência Mineira se organizou como um movimento que representava as consequências das idéias iluministas em ideais que buscavam o rompimento com a corte portuguesa e emancipação das Minas Gerais. O republicanismo aflorava como uma perspectiva mais participativa e, sobretudo, mais libertária, onde a independência dos EUA em 1776, fruto da autonomia política e da concepção do federalismo, juntamente com o exemplo de uma revolução de classes provenientes da Revolução Francesa em 1789, justificava e influenciava as elites e a burguesia colonial no Brasil a almejar tais perspectivas.

Os inconfidentes reivindicavam maior autonomia na produção do ouro, o que significava a isenção dos impostos exigidos pela coroa sobre a extração do minério. A corte portuguesa cobrava 1/5 sob toda a produção, e caso este valor não fosse arrecadado, decretavam a derrama como forma de confiscar o investimento do ouro em propriedades e bens adquiridos pelos colonos a partir da extração.

Os revoltosos foram classificados como traidores, visto que, diante do pacto colonial, quem não auxiliasse no enriquecimento de Portugal não seria merecedor de fazer parte do processo de colonização. No entanto, este processo revolucionário contou com a participação de diferentes grupos sociais, o que determinou formas diferenciadas de punição dos inconfidentes. Por exemplo, no decreto emitido por D. Maria I, dos doze inconfidentes, apenas Tiradentes – Joaquim José da Silva Xavier, o dentista; foi condenado à execução, enquanto os demais, caracterizados como fazendeiros e militares foram condenados ao exílio na África. Tiradentes foi levado ao Rio de Janeiro onde foi enforcado em praça pública e depois esquartejado.

Um século depois, em 1889, a República foi proclamada pelos militares. Com o objetivo de construir uma nova identidade nacional e uma simbologia que desconstruísse uma relação política com a monarquia, Tiradentes foi evocado como mártir por ter morrido e lutado pela causa republicana. Para intensificar sua figura, sua imagem foi reconstruída e popularizada através de uma semelhança com a imagem de Jesus Cristo – como mostra o quadro pintado por Pedro Américo em 1893.

O imaginário nacional republicano foi tão bem elaborado que a popularidade de Tiradentes como herói é comemorada e celebrada como feriado nacional, onde a data escolhida permaneceu como forma de memória o mesmo dia em que foi realizada sua execução: 21 de abril de 1792.

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