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17 de novembro de 2014

ESPECIAL DIA DA CONSCIENÊBNCIA NEGRA. NEGROS NO PODER: um breve histórico da luta por direitos civis nos EUA.

Martin Luther King em discurso histórico em Washington EUA

A luta pelo direito ao voto nos Estados Unidos, no final do século XIX e no inicio do século XX, foi uma bandeira levantada pelos diferentes líderes negros durante os anos de pós-abolição. O conceito de liberdade associava-se ao direito de participação e de integração a uma sociedade liberal, regida pelo trabalho livre e pelo individualismo. Neste sentido, o acesso à política como forma de validar os direitos civis tornou-se uma questão crucial em um país que disputava entre brancos e negros ex-escravos, novos espaços no mundo do trabalho.

            No caso dos EUA a liberdade não estava associada necessariamente ao final da escravidão e sim a integração social do ex-escravo a sociedade e o acesso aos direitos e a cidadania típicos de um individuo munido de liberdades individuais. A questão da emancipação, portanto, determinaria não só a liberdade pessoal e o direito sob si mesmo, mas também a acesso ao corpo político, e neste sentido o problema não estaria apenas em tornar os escravos trabalhadores livres, mas também em concebê-los como cidadãos ativos politicamente.

            A ideia de conceber o ex-escravo como trabalhador livre foi bem recebida pelos Estados do norte, porém nos Estados do sul onde residiam os latifundiários escravocratas, leis eram sancionadas como forma de excluir os negros do acesso aos direitos políticos. Com a legislação de 1875, a Suprema Corte modificou a Décima Quinta Ementa retirando dos negros o direito de voto no Sul. A população negra perdeu o direito de participação política ficando a mercê de políticas que autorizavam a perseguição e violência aos negros em todo território sul-americano. Os mesmos só recuperariam o acesso aos direitos civis em 1965.

            De fato a idéia do trabalho livre colocava a partir do século XIX a possibilidade de adquirir bens individuais por meio do trabalho, gerando uma forte disputa entre os brancos e negros libertos. A questão tornava-se racial, atribuindo ao conceito biológico o significado social. È no século XIX que o tema racial atribuído aos discursos evolucionistas e darwinistas de desenvolvimento social ganhou um significado negativo quando estabelecidos como argumentos determinados à diferenciação social. No caso norte-americano o entrave ao acesso político e aos direitos à cidadania foi legitimado por legislações de diferenciação racial, na medida em que ser negro significava ser descendente de escravo.

            A escravidão nos EUA não determinou uma miscigenação e relações sociais e culturais como aconteceu no Brasil. A descendência africana marcou o fim da escravidão como um obstáculo aos negros americanos de alcançarem seus direitos. Como diria Paul Lovejoy em uma entrevista para o jornal O GLOBO (1/12/2007 – Caderno Prosa e Verso) “Nos EUA, qualquer um que fosse percebido como tendo ascendência africana sofria discriminação. A coisa é muito mais em preto e branco. Nos EUA houve formas mais sérias do que aqui no Brasil, mas nos dois países há muita negação, muita vergonha no que se refere à escravidão, uma recusa de muitas pessoas de reconhecerem que seus ancestrais estiveram envolvidos de uma forma ou de outra (na escravidão)”.

A trajetória histórica da luta dos negros americanos foi iniciada na Guerra de Secessão nos EUA que durou de 1861/65. Uma guerra civil entre os Estados do sul e do norte que se diferenciavam por meio de modos e meios de produção: o norte que priorizava o trabalho livre e o mercado interno, e o sul a escravidão e a exportação.

O presidente da época Abraão Lincoln, decidiu em 1 de janeiro de 1863 que garantiria o fim da escravidão caso o norte fosse vitorioso e não se separasse do sul. O decreto de abolição pelo presidente com o fim da guerra marcou a história dos negros por meio da conquista da liberdade individual, que na época vinha acompanhado de um lote de terra de 40 acres para os libertos.

Com o fim da Guerra de Secessão marcada pela vitória do norte, sucedida pela morte do presidente Abraham Lincoln em 1865, os EUA iniciaram um período de reconstrução da sociedade, agora preocupada com a integração dos negros como cidadãos livres. Neste período, o desejo de acabar com o latifúndio foi descrito pelo programa de Lincoln chamado de “40 acres de terra e uma mula”, que criariam minifúndios, para garantir a produção dos libertos, porém esta lei nunca foi implementada, e os negros continuaram sem terras e com salários baixíssimos, trabalhando nos latifúndios de antigos patrões como meeiros.

Em 1875 foram declarados os direitos civis dos americanos como uma medida universal a todos os cidadãos livres. Neste mesmo ano ocorre um massacre aos votantes negros.

Durante todo este quarto final do século XIX, a população branca dos Estados Unidos havia percebido a cidadania como um direito universal, e que também garantia o direito a supremacia política. Com o pressuposto de um direito sobre o domínio político, os brancos passaram a se organizar votando leis contra os negros. Estas leis retiraram o direito de voto dos negros, e criou uma segregação política de bases empíricas, ideológica e espacial conhecida como apartheid ou a lei: “Separate but Equal . A doutrina Separate but Equal foi fruto de uma autorização da Corte Suprema legitimando a segregação em acomodações e serviços públicos em 1896 nos EUA, que vigoraram até o ano de 1960.

As chamados “Black Code” legitimavam a segregação racial, e impediam a ascensão dos negros na sociedade. O decreto confirmou a existência do racismo no país mais livre, republicano e democrático do mundo, criando linhas ferroviárias que separavam vagões de negros e brancos, placas que indicavam: “Only for White”, ou “Only Black”, e até mesmo – “White”, “Colored
 
Imagem da política de segregação racial nos EUA. Bebedouros para negros e brancos.

No centro da sociedade civil foi inaugurada uma onda de terrorismo. A violência dos grupos terroristas racistas simbolizadas pelas cruzes flamejantes das Ku Klux Klan fundaram uma espécie de tribunal popular, que condenava, linchava e torturava negros inocentes, e a ação agressiva dos Cavaleiros da Camélia Branca, cimentariam o clima de medo e pânico, que impidiria as reivindicações dos negros pela luta aos direitos civis e políticos. Com a intensificação dos conflitos raciais nos EUA, em 1919, a Ku Klux Klan, grupo de perseguição e extermínio aos negros formado no sul, expande-se por mais de 27 estados, organizando manifestações alicerçadas em ideias darwinistas e de pacifismo por meio de linchamento a grupos negros minoritários, dentre os quais oficiais uniformizados.

A imagem apresenta membros da Ku Klux Klan em trajes típicos.

Neste cenário de exclusão mutua, negros e brancos faziam parte de sociedades separadas com culturas diferentes. Os negros que chegavam a graduar-se em universidades diplomadas conseguiam discutir e abrir idéias aos setores sociais mais elitizados, enquanto a grande massa afro americana criava uma identidade em torno da figura do pastor, do jazz e também do movimento operário.

Em 1909 é fundado a NAAC: “National Association for the Advencement of Colored”, criado por um grupo de advogados que iniciaram as reivindicações a respeito do direito civil dos negros, procuravam constranger os juízes por meio da contradição entre as leis de isonomia e democracia americana, perante a realidade da discriminação.

De 1910 a 1920 a população negra começou a aumentar nas principais cidades industriais do norte, em função da busca de emprego e melhores oportunidades oferecidas pelas corporações nascentes. Paralelo a exclusão dos negros e a difícil situação da grande maioria no mercado de trabalho industrial, muitos imigrantes chegavam aos EUA, e assim foram sendo criados os primeiros sindicatos, conhecidos por “National War Labor Board”. O sindicato era reconhecido pelo governo, mas continuava a menosprezar a causa dos negros.

O movimento imigratório afro–americano iniciado no final dos anos 1920 determinou não só o aumento da população, como também, o surgimento de guetos que misturavam em seu espaço a questão social e racial. O mais conhecido: o Harlem foi sendo transformado com o tempo em um dos lugares mais violentos de Nova York na época.

Paralelo a violência dos guetos, estes espaços se caracterizaram como grandes pólos de concentração da cultura negra americana. O surgimento do Jazz nas grandes cidades do norte como: Kansas, Chicago, Nova York, criou um estilo musical que deixou de ser especifico da cultura negra, passando a ser ouvido e apreciado também por brancos interessados concertos em musicais, bares, pistas de dança.

Novas ideias circulavam neste período buscando a compreensão para a perda da cidadania e dos direitos da população negra americana. Intelectuais e ativistas de diferentes setores da sociedade buscavam ajustes, ou arriscavam em meio às idéias projetos que revertessem a situação da maioria da população negra colocada de fora da educação e direcionada aos piores postos de trabalho.

No inicio da década de 1960 emergem na cena pública dos conflitos étnicos nos EUA, um movimento que pretendia melhor articular as diferentes lideranças negras, com o objetivo de atingir as massas. O episódio conhecido como boicote do ônibus, onde uma mulher negra após ter de sido discriminada em um ônibus, solicitou a realização de um boicote a empresa de transporte por meio da liderança do pastor Martin Luther King. Depois deste episódio, de simples personagem o pastor se tornaria um grande líder.

Martin Luther King liderou a luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos. Jovem pastor de apenas 25 anos foi escolhido pelos ativistas dos direitos civis para liderar o boicote contra os serviços de transporte urbano da cidade de Montgomory, no Estado do Alabama, onde as leis segregacionistas restringiam o acesso para negros nos ônibus. Nos anos 60 formaram-se movimentos de massas em pró dos direitos civis. A organização de diversos setores da sociedade civil em busca do fim das leis segregacionistas levou a uma forte reação por parte das autoridades do sul que reagiram com violência contra os manifestantes. Luther King realizou passeatas unindo negros e brancos simpatizantes do movimento em direção a Washington D.C. para pressionar as autoridades a aprovar uma nova lei dos direitos civis. Martin Luther King, foi assassinado em 4 de Abril de 1968, na cidade de Menphys, no Estado do Mississipi. Sua morte sensibilizou o mundo e alertou a sociedade americana sobre a instabilidade trazida pelo racismo para o interior da sociedade.

O inicio dos anos 1960, foi marcado pelo começo de uma mobilização em massas, protestos, e passeatas organizadas por grupos de luta pela igualdade e o fim do racismo nos EUA. A idéia de participação política ligada à movimentação civil ganhava expressividade em torno do movimento negro, que por meio do cenário público e da imprensa ganhava publicidade e tentava a partir da mobilização universalizar a questão racial americana.

Essas vanguardas em luta pelos direitos civis se chamavam: SNCC – “Student Nonviolent Coodinating Commitee”, fundada em 1960; e CORE – “Congress of Racial Equality”, fundada em 1961. Ambos os grupos estimulavam e convocavam a participação de todos os cidadãos à luta pelos direitos civis dos negros, alertando a importância do direito ao voto. A participação de militantes brancos e negros confirmava o projeto universalista de igualdade para todos, por meio de manifestações e programas de educação ao cidadão. Dentre estes programas, o mais conhecido foi o “Freedom Riders” – Cavaleiros da Liberdade, onde jovens universitários faziam viagens de ônibus, junto a militantes, intelectuais e artistas, visitando os Estados do sul com o objetivo de lutar contra a segregação racial.

Paralelo a juventude ligada às universidades e a igreja surgiam outras vertentes políticas em favor dos direitos civis conhecidas como “Black Power” - poder negro. Ideologicamente os militantes deste movimento com expressividade na liderança de Malcon X, pregavam o radicalismo como ação preventiva e reivindicativa, recusando a integração entre os brancos como descrito nas palavras do próprio líder: “É preciso reagir e dar o troco”.

Malcolm Little, filho de Earl e Louise Little, nasceu em Omaha, no Estado de Nebraska, em 19 de maio de 1925. Indignado com a falta de oportunidades que os negros possuíam, começou a entrar na vida do crime por meio de roubos, tráfico de drogas e até mesmo participando do agenciamento de prostitutas. Foi preso em 1946, e durante os sete anos de prisão, Malcolm tornou-se seguidor de Elijah Muhammad, o líder do grupo Nação do Islã. Ainda na prisão ele mudou seu "nome escravo", Little, para o nome "X". Depois de conseguir liberdade condicional em 1952, Malcolm X se tornou ministro e alto dirigente do movimento negro muçulmano nacional. Morreu assassinado. 

A participação no grupo exigia uma postura defensiva aos males causados aos negros na sociedade, e a postura militar assumida por este movimento determinava o uso de armas e também de um esquema de segurança feito de negros para negros, como foi o caso do surgimento dos “Black Panters” – Os Panteras Negras.

No governo de John F. Kennedy, a abertura a luta aos direitos civis dos negros começou a se tornar realidade. Em diversos discursos Kennedy mencionava: (...) “A semente de dragão da escravidão, abolida há cem anos atrás, continuará germinado no solo sulista se nós não arrancarmos com mão forte”. (1963). Palavras que denunciavam o não reconhecimento da liberdade aos negros após a Abolição davam voz a causa dos afro-americanos como uma questão nacional.

Com o assassinato do presidente, o vice Lyndom B. Johnson assumiu o governo, e em 1965 a Lei dos Direitos Civis é promulgada, garantindo em todos os Estados do país, a proteção e o direito de votos a todos os negros americanos. A primeira ementa previa a “ação afirmativa”, que propunha eliminar a pratica de segregação dos empregos, dos lugares públicos, das escolas, e sindicatos, através de medidas que reparassem as injustiças sofridas do passado, tais como, a fundação de um “sistema de cotas”, ou seja, a reserva de um determinado percentual de vagas em instituições (públicas e privadas) só para negros.

Muitos anos se passaram, e no cenário atual, os afro-americanos conseguiram se integrar na sociedade como cidadãos livres. No entanto, são apenas 43 anos de liberdade política e civil para os negros americanos, um curto espaço de tempo para superar um racismo e preconceito alicerçado na própria construção do país como uma república.

            A questão racial nos EUA é importante para a compreensão dos problemas sociais sofridos pelo país, na medida em que, no contexto atual este Estado se caracteriza como um Estado de segurança, que prevê o controle das imigrações, do combate ao terrorismo e também do próprio índice de desenvolvimento social da comunidade afro-americana. Esta percepção permite uma reflexão sobre racismo e preconceito por meio de um olhar sob o reconhecimento do negro como um cidadão norte americano. Tais conclusões implicam na percepção legal e na liberdade civil, que muitas vezes não contribui para eliminação da ideologia racial construída entre os indivíduos.

Nos EUA, a candidatura de Barack Obama – senador de Illions, advogado e professor; causou polêmica entre os eleitores americanos, no que diz respeito a representatividade do candidato como um líder negro.
Barack Obama, primeiro negro eleito presidente dos EUA.

Barack Hussein Obama filho de um queniano casado com uma americana branca, nasceu em Honolulu em 1961. Com seis anos de idade se mudou para a Indonésia com sua mãe Ann, já divorciada de seu pai Barack Sr. De acordo com as palavras do próprio Obama em seu primeiro livro: Dreams of my father, ele admite ter tido dificuldades em encontrar raízes e identidade, o que o deixou dividido durante a adolescência em ser um negro que não compartilhava com a realidade da maioria dos negros americanos por ter proximidades com garotos de classe média branca.

            Nos anos 1990, Obama se casou com Michelle Robinson, e começou a lecionar Direito Constitucional na Universidade de Direito de Chicago, atuando como professor. No ano de 1996 foi eleito senador estadual em Illions e reeleito em 2004 como o quinto senador negro da história. Como membro do partido democrata, Obama admitiu a importância de mudanças sob as perspectivas conservadoras do governo republicano de Bush, se colocando sob uma postura de defesa aos direitos civis e sociais. Enquanto candidato apostou no apoio dos imigrantes e afro-americanos para chegar à presidência no ano de 2009 escrevendo seu nome na polêmica história norte-americana como primeiro presidente negro eleito democraticamente.


Abaixo deixo um vídeo do Cris Rock para pensarmos no racismo nos EUA em sua relação cotidiana após longos anos de História e luta pelos direitos civis.


TRABALHO SOBRE ORIENTE MÉDIO 9o ANO COLEGIO INTERNACIONAL SIGNORELLI.



O tema do Oriente Médio é sempre polêmico nas aulas de História e desperta muito interesse entre os alunos. No entanto, dada a sua relação com a história do tempo presente, com raízes bem próximas, a escolha por um planejamento a partir de temas torna a aula ainda mais legal.
 A  maior preocupação que tive ao trabalhar com Oriente Médio foi fugir do orientalismo, e por isso, utilizando o conceito de Edward Said, busquei debater com a turma a ideia de um oriente visto pelo ocidente, mostrando que a perspectiva cultural e histórica deve ser valorizada além do olhar ocidental etnocêntrico, buscando entender o oriente em sua multiculturalidade e importância no cenário geopolítico internacional.
Sob esta perspectiva, foi proposta a turma do 9o Ano do Colégio Internacional Signorelli que se dividissem em grupos para produção de um vídeo sobre as seguintes temáticas: 1) Mulheres islâmicas: xiitas e sunitas, 2) Conflito entre Israel e Palestina, 3) Osama Bin Laden e a Al Qaeda, 4) O regime Talibã.
O vídeo mais interessante e criativo ganharia um ponto extra a partir da votação dos alunos.
Neste trabalho foi possível perceber a crítica dos alunos em relação a falta de direitos das mulheres islâmicas, e uma dificuldade natural de se desapegar da relação entre oriente médio e terrorismo, o que de certa forma reforça o orientalismo na cultura ocidental.
Deixo abaixo um vídeo sobre orientalismo para ampliar nossas discussões.


Confira na integra os vídeos dos alunos nas postagens abaixo!

Trabalho de História Oriente Médio. O Talibã.

Trabalho de Historia Oriente Médio. A Guerra entre Israel e a Palestina

Trabalho de Historia Oriente Médio - Osama Bin Laden e a Al Quaeda. Vídeo vencedor.

Trabalho de História Oriente Médio. As mulheres mulçumanas: xiitas e sunitas.

24 de setembro de 2014

TRABALHO PROPAGANDA ELEITORAL PARA PRESIDENTE DO BRASIL. TRABALHO 9o. ANO DO COLEGIO INTERNACIONAL SIGNORELLI



As eleições de 2014 acontecerão no dia 05 de outubro, para os cargos: a presidência da república, senado, deputados federais e estaduais, governador.
Na curta História da República brasileira, um século contou uma Historia de fraudes eleitorais, voto cabresto, ditaduras, subdesenvolvimento, e uma sociedade alheia a importância dos direitos políticos e do exercício da cidadania: um status de poucos no Brasil.
As manifestações nas ruas ocorridas há um ano, demonstraram um Brasil que possui um povo atuante, sobretudo a juventude. Jovens da geração digital, que se organizam pelas redes sociais, criando movimentos, protestos, exercendo a liberdade de expressão no mundo virtual.
Pensando na importância de votar como forma de exercer a cidadania e escolher o candidato a partir do trabalho que ele irá realizar. É preciso que a sociedade passe a conhecer mais a política, ou melhor, o funcionamento da política brasileira, que mesmo imersa nos escândalos de corrupção, e no jeitinho brasileiro que burla a lei e amplia a máquina burocrática da doação de cargos, eu ainda consigo acreditar numa ideia que até parece utópica, mas relata o cerne da questão: a mudança deste quadro depende do interesse do brasileiro na política através da educação.
Não basta ter o título de eleitor, é necessário que saibamos os programas de governo dos candidatos a presidência, a governador, além do papel dos deputados federais e estaduais, que atuam na relação da União com o governo dos Estados.
Pensando em política, foi proposto para o 9º Ano do Colégio Internacional Signorelli um trabalho que envolvia a produção de um vídeo, da realização de uma propaganda política para concorrer ao cargo de presidência da república. A propaganda deveria enfatizar as propostas dos candidatos para melhorar a Brasil. Os estudantes aproveitaram o trabalho para através de sátiras e piadas, pontuar a sua critica e ponto de vista sobre a política brasileira, e também pensar em um Brasil melhor.

Confira! Assista e vote no vídeo mais legal!



VÍDEO 9o ANO: TRABALHO PROPAGANDA ELEITORAL PARA PRESIDENTE 1

VÍDEO 9o ANO: TRABALHO PROPAGANDA ELEITORAL PARA PRESIDENTE 2

VÍDEO 9o ANO: TRABALHO PROPAGANDA ELEITORAL PARA PRESIDENTE 3

27 de agosto de 2014

REVOLUÇÃO VERDE, AGRICULTURA FAMILIAR: PARCEIROS NA ONDA DO CAPITALISMO SUSTENTÁVEL.

Embora as pequenas propriedades sejam menos produtivas que as do agronegócio, elas geram maior proporção de alimentos para o consumo humano. Foto National Geografic Brasil.
Quando o assunto é agricultura no Brasil, como historiadora, costumo repensar o modelo colonial brasileiro que solidificou a concentração de terras através dos latifúndios voltados para a produção monocultura e exportadora, com mão de obra escrava: o plantation.
            O trabalho humano empregado na terra torna-se um ponto de discussão importante neste processo antigo que sustenta nosso país e nossa sociedade com a produção de alimentos para exportação como café, soja, cana de açúcar. Insumos tão antigos quanto nosso modelo agroexportador, que no cenário contemporâneo tenta se inserir na Revolução Verde, e como mola da produção de alimentos para os brasileiros tem a agricultura familiar, que ganhou força com técnicas de plantio tradicionais e trabalho familiar
A agricultura familiar é responsável por 70% da produção de alimentos consumidos na mesa dos brasileiros, ela é reconhecida como uma forma de viabilizar o desenvolvimento local com sustentabilidade econômica, social e cultural.
No contexto de relações de trabalho precarizadas, informais, temporárias, sem vínculo empregatício, e do alto índice de desemprego, a agricultura familiar gera postos de trabalho em número bem maior que a agricultura empresarial, se preocupa com a sustentabilidade socioeconômica e ambiental e preserva as tradições e os costumes locais.
O desafio da agricultura familiar é atender a demanda por alimentos orgânicos no mercado dos saudáveis, que tem aproximado cada vez mais o meio urbano do meio rural, e aquecido as relações econômicas em ambos os pólos.
No diálogo do tradicional com moderno, a agricultura familiar concorre com o movimento da Revolução Verde. A chamada “Revolução Verde”, iniciada na década de 1960, orientou a pesquisa e o desenvolvimento dos modernos sistemas de produção agrícola para a incorporação de tecnologia no campo visando a maximização dos rendimentos dos cultivos.
na reportagem especial sobre a Revolução Verde, o uso de máquinas e insumos agrícolas para modelos extensivos de produção de alimentos, fibras e bicombustíveis fez com que o setor desse um grande salto de produtividade, mas trouxe também consequências negativas. Os pequenos produtores que não conseguiram se adaptar às inovações e não atingiram produtividade suficiente para se manterem na atividade, acabaram migrando para as grandes cidades, movimento conhecido como êxodo rural.
O interesse deste movimento verde no cenário internacional consiste na ampliação da produtividade agrícola na Ásia e na América Latina através de variedades aperfeiçoadas de sementes e ao uso intensivo de fertilizantes, irrigação e mecanização. A utilização destas técnicas agrícolas, associadas com uso de métodos de cultivo de tecnologia avançada tem como objetivo obter o crescimento da agricultura orgânica, e multiplicar a produtividade nessas regiões.

Mariam Kéita colhe amendoim em Siby, no Mali. A revolução verde – que mesclava sementes híbridas, fertilizantes e irrigação – nunca vingou na África. Por isso, hoje os países subsaarianos representam uma enorme possibilidade de aumentar a produtividade agrícola.Foto National Geografic Brasil.

No Brasil, o programa de modernização agrícola teve início com força na década de 1970, a partir da criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1971. A ideia era atender à necessidade de instrumentos mais eficientes e articulação mais eficaz. Na mesma época foi reestruturado e dinamizado o sistema nacional de assistência técnica e extensão rural, por meio da criação da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater). A Revolução Verde, além da questão da pesquisa, envolvia um sistema eficiente de treinamento, assistência técnica, extensão rural e crédito agrícola.
            Revolução Verde e Agricultura Familiar são modos de produção distintos no contexto da agricultura contemporânea, mas tem um objetivo comum no capitalismo sustentável: a produção de alimentos e a agricultura orgânica.
           No capitalismo sustentável as empresas buscam ampliar o lucro procurando se adequar às exigências dos consumidores preocupados com o uso predatório do meio ambiente, por isso a necessidade da tecnologia, buscando uma ação menos degenerativa aos recursos naturais atingindo o consumo das classes média e alta. 
           Neste extenso debate, a Unesco propôs como tema de trabalho para as escolas, o ano da Agricultura Familiar, onde trabalhos escolares devem ser desenvolvidos com os alunos como forma de aprofundar o tema em questão.
            Para apresentação do Fórum anual de Ciências Humanas, um grupo de alunos do 9º Ano, formado pelos alunos Beatriz A, Giovana, Juliana, Rhayssa, Thiago R do Colégio Internacional Signorelli; sob minha orientação, ficou responsável em trabalhar com História Local e Oral com depoimentos dos pequenos produtores sobre a produção familiar.
Com o trabalho intitulado “Agricultura familiar: sustentabilidade socioeconômica e ambiental para a preservação das tradições e os costumes locais”, os alunos tiveram que pesquisar sobre o cotidiano das famílias e a importância da agricultura familiar para a vida dos produtores locais. Para realização do trabalho, foi necessário que os alunos retomassem as raízes históricas do modelo de agricultura brasileiro pautado no latifúndio, para então compreender a importância das cooperativas e da produção familiar como uma nova oportunidade de trabalho para o pequeno produtor.
Um trabalho de campo foi realizado e entrevistas com os pequenos agricultores que semanalmente fazem a feirinha na Praça da Freguesia aos sábados pela manhã. Os alunos tiraram fotos e fizeram vídeos com os depoimentos para apresentar no Fórum, maquetes sobre o modelo de agricultora familiar contrapondo o modelo de latifúndio, e foram vestidos como pequenos produtores rurais, buscando apresentar a história local e suas histórias de vida.

Confira o resultado do trabalho de campo com o depoimento do trabalhadores rurais.










5 de agosto de 2014

Sobre o conflito em Gaza de Israel X Palestina


A Palestina apagada do mapa 

In: Blog da Boitempo:
Escrito por Guilherme Boulos

Já passam de 1.200 palestinos mortos na faixa de Gaza desde o dia 8 de julho. Entre eles centenas de crianças. Os bombardeios de Israel não pouparam nem escolas e hospitais, supostamente “bases para terroristas”. Ontem atacaram um abrigo da ONU, matando 19 palestinos. O Comissário da Agência da ONU para os refugiados disse que crianças foram mortas enquanto dormiam. Não satisfeitos, bombardearam também a única usina que fornecia energia elétrica para Gaza.
Às escuras, sem refúgio seguro nem hospitais e com cadáveres espalhados entre os escombros da destruição – este é o retrato da faixa de Gaza.
É possível uma posição de neutralidade? Só para os hipócritas. Neutralidade perante a barbárie e o genocídio equivale a tomar posição a seu favor. Não há meio termo possível em relação a Israel.
O colunista desta Folha Ricardo Melo teve a coragem de defender que a única solução para a questão é o fim do Estado terrorista de Israel. Foi bombardeado pelos sionistas de plantão e pelos defensores da neutralidade. E, como não poderia deixar de ser, acusado de antissemita.
Um pouco de história faz bem ao debate.
O movimento sionista surgiu no final do século 19, movido pelo apelo religioso de retorno à “Terra Prometida”, em referência à colina de Sion em Jerusalém. A proposta era construir colônias judaicas na Palestina, que então já contava com 600 mil habitantes. Ou seja, não se tratava de uma terra despovoada, mas de um povo lá estabelecido há mais de 12 séculos.
Nem todos os sionistas defendiam um Estado judeu na Palestina. Havia formas de sionismo cultural ou religioso que reconheciam a legitimidade dos palestinos sobre seu território. Albert Einstein, por exemplo, foi um dos que rechaçou em várias oportunidades o sionismo político, isto é, um Estado religioso na Palestina e contra os palestinos.
No entanto prevaleceu ao longo dos tempos a posição colonialista. Seu maior representante foi David Ben Gurion que, diante da natural resistência dos palestinos, organizou as primeiras formas de terrorismo sionista, através dos grupos armados Haganá, Stern e Irgun – este último responsável por um ataque à bomba em um hotel de Jerusalém em 1946.
Os palestinos eram então ampla maioria populacional, com apenas 30% de judeus na Palestina até 1947. Porém, por meio das armas, a partir de 1948 – quando há a proclamação do Estado de Israel – a maioria palestina foi sendo expulsa sistematicamente de seu território. Cerca de metade dos palestinos tornaram-se após 1949 refugiados em países árabes vizinhos, especialmente na Jordânia, Síria e Líbano.
A vitória militar dos sionistas só foi possível graças ao contundente apoio militar de países europeus e dos Estados Unidos.
Em 1967, Israel dá o segundo grande golpe. Após o Presidente egípcio Abdel Nasser fechar o golfo de Ácaba para os navios israelenses, os sionistas atacam com decisivo apoio norte-americano, quadruplicando seu território em seis dias, tomando inclusive territórios do Egito e da Síria. Desta forma bélica e imperialista – como corsários dos Estados Unidos – Israel foi formando seu domínio.
Depois de 1967 foram massacres atrás de massacres. Um dos mais cruéis – ao lado do atual – foi no Líbano em 1982. Após invadir Beirute, as tropas comandadas por Ariel Sharon – que veio a ser primeiro-ministro posteriormente – cercaram os campos de refugiados palestinos em Sabra e Chatilla e entregaram milhares de palestinos ao ódio de milicianos da Falange Libanesa. Após 30 horas ininterruptas de massacre, foram 2.400 mortos (de acordo com a Cruz Vermelha) e centenas de torturados, estuprados e mutilados – incluindo evidentemente crianças, mulheres e idosos.
Hoje há 4,5 milhões de refugiados palestinos segundo a ONU. Este número só tende a aumentar pela política higienista de Israel.
Caminhamos neste momento em Gaza para o maior genocídio do século 21. E há os que insistem no cínico argumento do direito à autodefesa de Israel. Quem ao longo da história sempre atacou agora vem falar em defesa?
Tudo isso perante a passividade complacente da maior parte dos líderes políticos do mundo. O Brasil limitou-se a chamar o embaixador para esclarecimentos. Foi chamado de “anão diplomático” pelo governo de Israel e nada respondeu. Romper relações políticas e econômicas com Israel é uma atitude urgente e de ordem humanitária.
A hipocrisia chega ao máximo quando acusa os críticos do terrorismo israelense de antissemitas. O antissemitismo, assim como todas as formas de ódio racial, religioso e étnico, deve ser veementemente condenado. Agora, utilizar o antissemitismo ou o execrável genocídio nazista aos judeus como argumento para continuar massacrando os palestinos é inaceitável.
É uma inversão de valores. Ou melhor, é a história contada pelos vencedores. Como disse certa vez Robert McNamara, Secretário de Defesa dos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã, se o Japão vencesse a Segunda Guerra, Roosevelt seria condenado por crimes de guerra contra a humanidade e não condecorado com títulos e bustos pelo mundo. A história é contada pelos vencedores.
É possível que Benjamin Netanyahu, comandante do massacre em Gaza, ainda receba o Prêmio Nobel da Paz. E que os palestinos, após desaparecerem do mapa, passem para a história como um povo bárbaro e terrorista.
* Publicado originalmente no jornal Folha de S.Paulo, em 31 de julho de 2014.

22 de maio de 2014

O ESTADO DE BEM- ESTAR SOCIAL E O PACTO COM O CAPITALISMO

Um ponto importante de discussão para compreender a atuação do Estado como gestor da economia capitalista consiste também em compreender a própria dinâmica do capitalismo neste período.
Os avanços tecnológicos produzidos ao longo do século XIX contribuíram para que a Revolução Industrial alcançasse a sua 2ª fase. O motor da indústria passou a utilizar o petróleo e a eletricidade como matérias primas fundamentais. A produção ganhava uma maior velocidade e novos mercados deveriam ser conquistados para expansão do capital, descrevendo esta nova fase do capital como imperialista. A concorrência entre as empresas as chamadas multinacionais ultrapassavam as fronteiras nacionais e buscavam novos territórios que subsidiassem mão de obra mais barata, matéria prima em abundância e um mercado consumidor. Neste período a Ásia e África foram partilhadas entre as potências européias e recolonizadas como celeiros industriais.
O padrão industrial do inicio do século XX foi analisado por David Harvey (2006)5 como um modelo específico exemplificado a partir das fábricas de montagem dos primeiros automóveis de Henry Ford (1883/1947). O modelo conhecido como fordismo surgiu nos EUA em 1914, e incluía no sistema fabril avanços tecnológicos e uma linha de montagem seriada em etapas. No fordismo, o trabalhador deveria adquirir disciplina para conseguir operar com um sistema de linha de montagem de alta produtividade, visto que a esteira se inseria na fábrica como uma inovação tecnológica responsável pela produção em massa.

Na foto datada de 1916 apresenta Henry Ford com o modelo de carro da época.

Associado a produção em larga escala, o controle do trabalhador se caracterizava como algo fundamental no sistema produtivo fordista. O gerente foi introduzido no sistema fabril e o trabalhador na linha de montagem responsabilizava-se por uma função específica onde o tempo era controlado pela velocidade da esteira. O controle do tempo de produção foi uma invenção de Frederick Winslow Taylor, e ficou conhecido como taylorismo, um braço fundamental da produção fordista.

A imagem demonstra a divisão do trabalho na linha de montagem e o controle de  por Taylor. Cada trabalhador fica responsável por uma peça da montagem do motor como apresenta a imagem. Repare ao fundo o olhar atento do gerente. A acumulação é proveniente da exploração da mais valia do trabalhador. Quanto mais ele produzir em menos tempo, mais lucro recebe o capitalista
A imagem apresenta a linha de montagem fordista e os carros preparados para a venda. Repare na rigidez do processo de montagem e na padronização do modelo fordista. Todos os carros se apresentam iguais, o que facilita a produção em série. Ambas as características contribuíram para a produção em massa como fonte do processo de acumulação capitalista.

A produção no modelo fordista era rígida com alta regulação do Estado e voltada para do mercado, ou seja, produzia-se em larga escala um modelo único de carro que deveria ser distribuído e consumido em escala mundial. No entanto, para Ford os próprios trabalhadores deveriam se transformar em consumidores. Era também preciso conceder um salário mínimo e tempo de lazer suficiente para que os trabalhadores pudessem consumir os produtos que as corporações fabricavam em quantidades cada vez maiores. O “novo” trabalhador proposto por Ford era disciplinado, racional, e não precisava ter experiência para operar com a linha de montagem.

A clássica cena do filme Tempos Modernos estrelado por Charles Chaplin em 1936 demonstra a máquina como elemento central da produção capitalista em oposição ao trabalhador. A mercadorização se caracteriza como uma das características principais da acumulação capitalista. No processo produtivo a mercadoria passa a assumir um valor muito maior do que a força de trabalho como pontuava Marx no conceito de fetichismo do capital.
Retomando a contextualização do período de acumulação capitalista conhecido como imperialismo clássico (XIX a 1930 como pontua Ernest Mandel (1982).), a busca por novas fronteiras determinou disputas territoriais responsáveis pela divisão do mundo em alianças políticas e econômicas estratégicas. O conflito entre as potencias imperialistas ocasionou a 1ª Grande Guerra (1914/ 1918). A Europa saiu da 1ª Grande Guerra arrasada e impossibilitada de consumir os produtos fornecidos pelo mercado americano. È importante ressaltar que a ameaça a produção americana foi um dos motivos que os EUA deixaram de ser fornecedores de arma e alimentos ao longo da guerra, para então entrar no conflito e saírem vitoriosos. No entanto, a vitória não contribuiu para o equilíbrio da balança comercial americana. O índice de exportação não poderia parar e não condizia com a necessidade de consumo do mercado europeu no período pós-guerra. O resultado da produção em massa frente ausência de um mercado consumidor determinou em 1929 o Crack da Bolsa de Nova York.
O período de 1929 a 1932, conhecido como Grande Depressão se caracterizou como uma das maiores crises do capitalismo mundial. A crise teve inicio no sistema financeiro, alcançando a bolsa de Nova York, tendo repercussões no mundo e na economia mundial que viva um momento de recessão e desemprego em massa. A crise contribuiu para um revisionismo político do liberalismo, não só pela redução do processo de acumulação capitalista. Segundo Behring (2011), a crise de 1929 configurou uma superabundância de capitais e uma escassez de lucros, produzindo o desemprego generalizado e a queda do consumo, inviabilizando o processo de realização da mais valia. O contexto de crise econômica mundialmente reconhecida determinou uma inflexão da confiança e atitude cega da burguesia no automatismo do mercado, além disso, a influência da Revolução Socialista de 1917 na Rússia tornou-se uma ameaça, e no pós-guerra regimes nacionalistas como o fascismo na Europa também se tornaram uma alternativa a crise capitalista diferente do socialismo.
Dos projetos políticos em disputa para se repensar a economia destacavam-se o fascismo e o projeto reformista liberal, ambos defendidos pela burguesia, e o projeto socialista conduzido na URSS por Stálin. No entanto, o projeto reformista liberal ganhava maior significado para a retomada do desenvolvimento econômico capitalista. Na década de 1930, o economista John Maynard Keynes defendia a intervenção do Estado para condução da economia do país, o que determinou uma reformulação nas teorias sobre o livre mercado. Segundo Keynes, a economia deveria estar voltada para garantia do pleno emprego, pois o desemprego seria responsável pela redução das forças do mercado. O objetivo do keynesianismo era propor que o Estado interviesse na vida
econômica para garantir o pleno emprego, no sentido de manter o crescimento da demanda em equidade com o aumento da capacidade produtiva da economia.
A influência do keynesianismo nos EUA foi pragmática, para que o então presidente Franklin Roosevelt dotasse as ideias de Keynes como o motor que retomasse do desenvolvimento econômico. A proposta do presidente Steve voltada para um plano econômico denominado de New Deal cujo objetivo era a sustentação pública de um conjunto de medidas anticrise, tendo objetivo amortecer as crises cíclicas de superprodução, super acumulação e subconsumo, intrínsecas à lógica do capital. Após a crise de 1929 a conjuntura econômica dos EUA era marcada pela retração, pelo pauperismo e elevadas taxas de desemprego. O New Deal determinou um período de forte intervenção estatal na regulação da política agrícola, industrial, monetária e social determinando a reformulação do liberalismo clássico.

O cartaz da época de 1933 sobre o New Deal nos EUA demonstra a importância do Estado para garantia do pleno emprego. Na imagem o presidente Roosevelt está sendo abraçado pelo trabalhador e os dizeres do cartaz: “Roosevelt Labor´s Choice” (Roosevelt a chance do trabalhador) reforçam a força de trabalho como o elemento central do processo de acumulação capitalista, tanto para produção como para o consumo das mercadorias.
Com o New Deal, o governo americano agiu procurando reerguer os setores privados e assim conseguir restabelecer o pleno emprego, e elevar a renda dos trabalhadores como forma de equilibrar a produção com o consumo. Dentre as medidas adotas, destacam-se:
· A desvalorização do dólar para tornar as exportações mais competitivas
· Os empréstimos concedidos pelo Estado a bancos para evitar novas falências
· A implantação de um sistema de seguridade social pelo Estado, entre eles a
criação do seguro-desemprego para evitar que mesmo desempregado o
trabalhador não deixe de atuar como consumidor.
· Criação de um programa de obras publicas para gerar empregos.
· Criação de um salário mínimo e concessão aos trabalhadores do direito de
organização sindical
· Estimulo a produção agrícola.
As medidas propostas pelo keynesianismo foram adotadas nos EUA e na Europa em diferentes versões, determinando, principalmente após a 2ª Guerra Mundial (1939/1945), o crescimento do chamado Estado de Bem Estar conhecido pelo projeto político burguês da social democracia. O crescimento do Estado de Bem Estar também se caracterizou como uma alternativa política em oposição à difusão do socialismo no período de pós-guerra em especial durante a Guerra Fria. No projeto da social democracia, o estado é responsável por gerir o fundo público para regulação das relações econômicas e sociais, o que implica na ideia de bem estar a partir da proteção social pelo Estado a indivíduos que não conseguem sobreviver individualmente na lógica do mercado, por exemplo, pessoas incapazes para o trabalho como idosos, deficientes e crianças. Nesta lógica de proteção e intervenção, as políticas sociais ganham força e tornam-se essenciais para manutenção do Estado de Bem Estar Social. Os ideais da social democracia estabeleceram políticas abrangentes e mais universalizadas, que se baseavam na cidadania e no compromisso do Estado em investir recursos para expandir os benefícios sociais, garantir o pleno emprego e o crescimento econômico. O Welfare State, como ficou conhecido o Estado de Bem estar social, demarcou o período de ouro das políticas sociais. Segundo Behring (2011), o orçamento social em todos os países da Europa que compunham a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aumentou, cuja média de gasto em relação ao produto interno bruto passou de 3% em 1914, para 5% em 1940, entre 10% e 20%
em 1950 e 25% em 1970. Com este investimento ocorreu uma mudança demográfica na Europa, a população idosa aumentou, e com isso, os gastos com aposentadoria e saúde também, além disso, ocorreu um investimento em programas sociais voltado para cobertura de acidentes de trabalho, seguro-doença, seguro-desemprego, auxilio a maternidade, trabalhadores inválidos, aposentadoria, entre outros. A lógica do Welfare State era a segurança social.
O keynesianismo assumiu um pacto com o modelo fordista de produção e sofreu um surto de expansão no período pós-guerra de alcance mundial até 1973, quando passa por uma transição, onde discutiremos a seguir. O pacto fordista-keynesianista esteve voltado para manutenção da produção em massa para o consumo de massa e de acordos coletivos com os trabalhadores, o que possibilitou uma mudança na forma de regulação das relações sociais, em especial dos trabalhadores. Segundo Harvey (2006) para que o capital coorporativo mantivesse a linha da lucratividade foi preciso que o trabalhado organizado assumisse novos papéis e funções relativas ao mercado de trabalho e nos processos de produção. Criou-se um equilíbrio de poder, tenso mas firme, estabelecido entre o trabalho organizado, o capital corporativo e a nação-Estado que determinou a base da expansão do modelo capitalista monopolista no pós-guerra.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
HARVEY, David. A Condição Pós-Moderna. Edições Loyola. SP: 2006.
BEHRING, Elaine. Política Social: fundamentos e história. Cortez Editora: SP, 2011.

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