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19 de março de 2013

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914/1918)


Imagem dos países aliados à Tríplice Entente, aliança liderada por França, Inglaterra e Rússia.

Antecedentes:
A Primeira Guerra Mundial conhecida como a 1ª Grande Guerra determinou a ruína econômica e uma reestruturação política dos Estados-Nação europeus.
Entre uma das causas principais da guerra está o próprio imperialismo, que contribuiu para a formação de grandes monopólios industriais responsáveis por ampliar as rivalidades entre os países capitalistas avançados. As nações capitalistas disputavam as riquezas naturais em domínios coloniais na África e na Ásia cujo objetivo era conseguir matérias primas e ampliar o mercado consumidor mundial. Essas rivalidades criaram uma política de aliança entre os diferentes países europeus, gerando um forte nacionalismo e militarização, sobretudo na Inglaterra, Alemanha, França e Rússia.

Cenário de tensão e rivalidades anterior a guerra:
A primeira rivalidade a ser destacada está entre França e Alemanha. Com a Guerra franco-prussiana (1870/1871) cujo objetivo era a expansão industrial alemã e aquisição de matérias-primas, que justificou sua unificação e construção do Estado, a França perdeu a região da Alsácia-Lorena, rica em carvão, e a Alemanha se transformou em uma grande potência capitalista industrial, o que afetou diretamente a Inglaterra. O crescimento da Alemanha provocou uma competição com a Inglaterra e França, e desequilibrou a conjuntura política européia, na medida em que a Alemanha passou a se aproximar do império Austro-Húngaro, o que na época estava em crise de esfacelamento diante da diversidade cultural e nacionalidades que aspiravam por autonomia.
Minorias étnicas como tchecos, eslavos, bósnios, sérvios, croatas e romenos lutavam pela independência do domínio da Monarquia dos Habsburgo (domínio austro-húngaro). Os sérvios se identificavam com os interesses nacionais e culturais dos russos, criando diferenças com os austríacos.
A Rússia nutria um ressentimento em relação ao Império Otomano após a derrota na Guerra da Criméia em 1856. A Guerra da Crimeia foi um conflito que ocorreu entre 1853 a 1856, na península da Crimeia (localizada no mar Negro, ao sul da atual Ucrânia), no sul da Rússia e nos Bálcãs. A guerra envolveu de um lado o Império Russo e, de outro, uma coligação integrada pelo Inglaterra, França, e o Reino da Sardenha, formando a Aliança Anglo-Franco-Sarda, e o Império Otomano (atual Turquia). Esta aliança contou também com o apoio do Império Austríaco, em reação às pretensões expansionistas russas na região. A maioria dos países aliados temia a influencia russa na região dos Bálcãs, e a Inglaterra, sob o governo da rainha Vitória, temia que uma possível queda de Constantinopla diante das tropas russas, e isso poderia lhe retirar o controle estratégico dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, cortando-lhe as comunicações com a Índia. A Guerra da Crimeia foi marcada pela utilização da marinha de corso, o que autoriza o ataque aos portos inimigos e a possíveis navios piratas – corsários.
A guerra terminou com a assinatura do tratado de paz em 1856. Pelos seus termos, a Rússia, devolvia o sul da Bessarábia e a embocadura do rio Danúbio para o Império Otomano e para a Moldávia, renunciava a qualquer pretensão sobre os Bálcãs e ficava proibido de manter bases ou forças navais no mar Negro.
Além disso, os russos defendiam a unificação dos povos eslavos, que incluía a união dos tchecos, sérvios, eslavos, poloneses e vários outros povos. Era o chamado pan-eslavismo com o objetivo de unir os povos eslavos da Europa Oriental e do Império Áustro-Hungáro. Porém a iniciativa russa entrava em conflito com o pan-eslavismo sérvio cuja missão era agrupar os eslavos do sul da Europa com os croatas, búlgaros, e outros povos.
Todo esse clima de rivalidade, competição, nacionalismo entre as diferentes culturas, foram decisivos para a eclosão da Primeira Grande Guerra iniciada em 1914.


Mapa da Europa antes da Primeira Guerra.
Formação de Alianças e a Paz Armada:
Em meio às rivalidades ocorridas ao longo do século XX, uma política de alianças passou a ser formada entre os países europeus. A Alemanha sob o governo de Bismark objetivava a aliança como forma de garantia da paz internacional, no entanto, alguns países como a França estavam munidos de um sentimento de revanchismo, o que contribuiu para que formassem-se diferentes alianças.
A Alemanha se aproximou do Império Austro-Húngaro e da Itália, formando em 1879 a Tríplice Aliança. Em 1907 a Rússia, França e Inglaterra formaram a Tríplice Entente. A disputa hegemônica e política entre as potências acentuadas pelo militarismo e o nacionalismo dividiu a Europa em dois blocos rivais. A qualquer momento um conflito envolveria uma guerra entre todas as nações incluídas na política de alianças.
Na primeira década do século XX, a Europa passou a investir cada vez mais na indústria bélica e nas Forças Armadas, mobilizando a nação através de propagandas que visavam o patriotismo e o civismo. A ausência de conflitos durante o inicio do século XX determinou um momento caracterizado como Paz Armada, ao mesmo tempo que, as nações aramavam-se e se preparavam para uma guerra diante da aceleração industrial e bélica.

Cartaz de propaganda de alistamento ao exército alemão.
Cartaz de propaganda inglês para alistamento ao exército.
O estopim e o inicio da guerra:
O estopim da guerra foi o assassinato do príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro Francisco Ferdinando e de sua esposa na cidade de Sarajevo em 1914, capital da Bósnia, ocorrido por um nacionalista sérvio. Francisco Ferdinando desejava assumir o trono e reconhecer as nações eslavas como terceiro parceiro do império Austro-Húngaro. A ideia ia de desencontro com os interesses sérvios que queriam a independência e formar a Grande Sérvia. Esse episódio levou com que os russos se posicionassem a favor dos sérvios mobilizando tropas militares. A Alemanha logo declarou guerra a Rússia e a França, o que em seguida incluíra os demais membros das alianças a Itália e Inglaterra.

Lados e alianças contrárias definiram o conflito direto na Europa.
 
Uma guerra com forte desenvolvimento tecnológico e de trincheiras:
As trincheiras se transformaram em uma marca da Primeira Grande Guerra. As trincheiras eram cavadas ao longo de um extenso território que protegia e incitava o ataque ao inimigo sem, no entanto, permitir o avanço de ambos os exércitos, o que determinou uma guerra lenta. Ao mesmo tempo a guerra contava com um forte arsenal bélico, que incluía metralhadoras, submarinos, aviões, tanques de guerra, armas químicas, lança chamas, bombardeios, e navios encouraçados de artilharia pesada.

Tricheiras: tática de guerra que determinou alentidão do conflito.

Submarinos desenvolvidos pelos alemães.

Armas químicas.

 Navios Encouraçados de artilharia pesada.

Metralhadoras: grande novidade no front de artilharia.

Tanques de guerra

A vitória a principio tendia para o lado alemão, que demonstravam superioridade militar e avançavam sob as tropas francesas em terra, como ocorreu na famosa batalha de Verdun em 1916 na região do rio Reno.
Os ingleses apresentavam uma grande ofensiva no mar, mas tiveram muito trabalho diante do ataque dos submarinos à marinha mercante, o que causava grandes danos a população civil europeia. Outra tática eram os ataques aéreos que surpreendiam com bombardeios em terra.
A Tríplice Entente sofria uma baixa, sobretudo, com a saída da Rússia na guerra em 1915 após ter perdido a Polônia e a Lituânia. Além disso, internamente a Rússia vivia uma situação de crise e revolução, que culminou em 1917 na Revolução Russa, uma revolução comunista que depós o czar e instituiu um governo de bases socialistas.
A situação da Tríplice Entente começou a mudar com entrada dos EUA na guerra. A princípio o papel dos norte-americanos era fornecer alimentos e armas aos ingleses e franceses, mas 1917, a posição de neutralidade deu lugar a uma atuação fundamental. Além da entrada dos EUA, a Itália resolveu em 1915 trocar de lado.
Os exércitos chegaram a exaustão, a fome assolava a Europa e a crise econômica era uma realidade.
Em 1918 ao atacar a França, a Alemanha sofreu um fracasso ao lutar contra 700 mil homens, o que somada às sucessivas perdas austríacas desestabilizou a Tríplice Aliança e o Império Austro-Húngaro.
Diante da derrota o governo assinou o armistício em 11 de novembro de 1918. Neste contexto o imperador alemão Guilherme II abdicou sob forte pressão popular.
Como balanço da guerra calcula-se a morte de milhões de pessoas em grande maioria homens com menos de 25 anos. Alemanha saiu arruinada, e os impérios Otomanos e Austro-Húngaro se desfizeram. Os países europeus ficaram arrasados economicamente. As colônias na África e Ásia iniciaram um movimento nacionalista pela autonomia e independência, após forte participação como soldados nos exércitos de suas metrópoles. Os EUA se transformaram em uma potencia mundial atingindo um papel hegemônico no capitalismo mundial.

Mobilização dos exércitos americanos através da propaganda de guerra.
Nacionalismo e grande mobilização civil: os EUA anteriormente eram responsáveis pelo abastecimento bélico e alimentício da Tríplice Entente.

Acordos de Paz?
Em 1918 o então presidente Woodrow Wilson lançou os “14 pontos de Wilson”, que consistia em um plano para encerrar a Grande Guerra. Entre os pontos estavam:
  •  Abolição da diplomacia secreta;
  •  Liberdade de navegação;
  • Fim das barreiras econômicas entre as nações; 
  •  Limitação dos arsenais bélicos;
  •  Redefinição dos limites territoriais italianos;
  •  Reformulação das práticas colonialistas levando em consideração os interesses dos povos colonizados;
  •  Restauração da Sérvia;
  •  Devolução da Álsacia-Lorena à França;
  •  Autonomia dos povos submetidos ao Império Turco-Otomano;
  •  Criação da Liga da Nação.
A Liga das Nações consistia negociação entre os países cujo objetivo garantir a Paz. No entanto os EUA não fizeram parte da Liga das Nações.
Em 1919 foi assinado entre os países vitoriosos o Tratado de Versalhes realizado após a Conferência de Paris. Deste tratado a Alemanha saiu totalmente humilhada, tendo que ceder a Álsacia-Lorena à França e as minas de carvão da bacia de Sarre, além da Bélgica, Dinamarca, Lituânia e Polônia. Todas as colônias alemãs foram transferidas para o poderio francês e inglês. A Alemanha também teve que indenizar os países vitoriosos, reduzir seu exército a 100 mil homens, e ainda foram proibidos de produzir canhões, aviões e artilharia antiaérea. Os submarinos e navios mercantes de guerra foram entregues à Inglaterra, França e Bélgica.

Mapa da Europa após a Primeira Guerra Mundial.

ESPECIAL: MULHERES NA PRIMEIRA GUERRA.
 A mobilização masculina para o front de guerra contribuiu para entrada da mulher no mercado de trabalho na indústria e alistamento no exército para trabalhar com os feridos. Abaixo estão selecionados documentos e fotos de época interessantes desta mudança no papel das mulheres na sociedade contemporânea.
Propaganda de mobilização das mulheres para auxiliar na guerra como força de trabalho.

Mulheres alistadas no exército.

Mulheres trabalhando na indústria.