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19 de novembro de 2007

Uma viagem por três fornteiras! E viva o Mercosul!

Viajar para uma única cidade e conseguir conhecer duas cidades de dois países diferentes com apenas uma identidade é realmente uma vitória continental. O Mercosul funciona, como uma idéia de livre acesso e trocas culturais entre os indíviduos da América Latina, permitindo uma zona livre de comércio, mas também representa um processo de integração. Divirtam-se com as novidades turísticas e os pensamentos altos trazidos desta viagem! SEJAM BEM VINDOS!

12º CBAS – Congresso Brasileiro de assistentes social: “Questão social na América Latina". Foz do Iguaçu, aí vou eu!

Durante os dias 26/10 até o dia 5/11, a cidade de Foz do Iguaçu, famosa pelas Cataratas e o prestígio político, cultural e econômico de ser vizinha de três fronteiras: Paraguai (Cidade do Leste) e Argentina (Porto Iguaçu) receberam mais de 3.000 pessoas em suas terras no sul do Brasil – região do estado do Paraná. Em um congresso que privilegiou como público-alvo profissionais e não estudantes, fora o choque com o preço exorbitante do congresso realizado em um luxuoso hotel da cidade, pensei também em como seria ser de outra profissão em um encontro nomeado especificamente pela categoria de assistentes sociais. A segunda pré-idéia, no entanto, desapareceu no aeroporto quando além de acompanhada de três doutoras da faculdade de Serviço Social: Nívia, Miriam e Rosenária, conheci duas profissionais “em família”, duas curiosas “mãe e filha” – assistentes sociais públicas da área de saúde; Gemima e Beth. A cidade de Foz do Iguaçu foi perfeita para cediar o congresso, pois com sua localização geográfica ela abrigava uma multiplicidade cultural realmente fantástica como a maior comunidade árabe do Brasil, a maior mesquita sunita mulçumana da América Latina, e o maior templo budista da América Latina. A diversidade étnica foi outra coisa interessante de notar e comparar com a realidade carioca e o níveis étnicos de pobreza do Rio de Janeiro. Contrariando as altas estatísticas de população negra e pobre da região sudeste, as fronteiras do sul do país com o Paraguai e argentina, possuem um alto índice de miscigenação indígena, que por meio do trabalho artesanal, e em cocar para lembrar de uma antiga tradição procura ganhar a vida, explorando o exotismo, e as diferenças culturais sobreviver frente ao sistema capitalista. Para somatizar a este espaço diverso localizado no Brasil, as muitas assistentes sociais traziam as diferentes demandas profissionais, a um congresso que misturava diferentes posições políticas. Inclusive eu não havia conhecido até então, durante estes 24 anos, uma categoria tão politizada e marxista na minha viva. O encontro com movimentos sociais de diferentes níveis e reivindicação trazia uma pauta continental, pensando em um ponto comum para unir suas demandas: a idéia política. E durante o evento, foram construídas e discutidas agendas políticas direcionadas ao socialismo como um caminho comum à destruição do sistema capitalista e não apenas do neoliberalismo. Enquanto o congresso trazia novas idéias e direcionamentos ideo-políticos, duas fronteiras tão próxima traziam a curiosidade em conhecer as relações sociais e as diferenças culturais e étnicas existentes nestes países, e tão dos limites geográficos – com as belas Cataratas do Iguaçu e a usina de Itaipu. Impressões desta viagem com fotos e vídeo, e idéias do CBAS, você encontra desbravando este blog e pensando alto! BOA VIAGEM!

18 de novembro de 2007

Homossexualidade é política, direito de escolha e respeito.

A pauta da militante MaryLucia Mesquita – assistente social, representante do Instituto Divas, lésbica, feminista e negra. A referência do lugar da onde vem, contempla a trajetória de MaryLucia Mesquita, que antes de apresentar as demandas do Movimento brasileiro de Lésbicas, expões como apresentação o seu currículo de lutas dentro da sociedade “capitalista patriarcal”, conceituada desta forma por ela mesma. Segundo a posição de Mary, a sociedade capitalista além de patriarcal e voltada para a dominação do homem sob a mulher, vive sob a regência do sexismo, ou seja, a exploração e condenação do sexo como xenofonia. A construção histórica da heterossexualidade como pratica cotidiana e moral levaram à homossexualidade a marginalidade e caracterização desta opção sexual como doença. Utilizando-se do conceito de Judit Bateer “heterosexualidade compulsória”, para explicar a naturalização da heterossexualidade como única expressão sexual, Mary debate a subalternização da homo e bissexualidade, opondo-se a relação entre homens e mulheres como a única alternativa de amor legitimada por lei e pela mídia como. Neste contexto social onde a homossexualidade torna-se invisível e colocada em segredo por muitos indivíduos, que se voltam para a preservação social por meio da construção de uma identidade discreta. O problema da homofobia como uma prática discriminatória é apontado por Mary como uma construção social e cultural da sociedade. A politização da sexualidade por meio dos movimentos sociais é um caminho voltado para a discussão dos direitos e para a socialização do afeto entre indivíduos do mesmo sexo, mas, sobretudo, rever projetos políticos é uma pauta essencial visto que as reivindicações em torno da diversidade também contemplam um projeto comum de sociedade que viabilize o reconhecimento das diferenças. É importante pensar nos conceitos de igualdade e minorias, lançados como um caminho a construção de agendas voltadas para a universalização. Os homossexuais não são minorias sociais, mas são vistos como se fossem. A luta pelo alcance de direitos perpassa, no sistema capitalista, pela igualdade de oportunidades. O capital abre a oportunidade de reivindicação do movimento social, mas mercantiliza as idéias a partir de tribos, acessórios, turismo, individualizando a questão e quebrando os diálogos entre o diverso. Mary questiona neste embate de luta pelos direitos: que tipo de diversidade queremos? Mercado ou direitos? Portanto, apoiar a liberdade de orientação sexual, implica em entender a articulação dos sujeitos coletivos e suas reivindicações. Segue abaixo a pauta desta batalha: -Direito de visibilidade e de expressar a liberdade de vivenciar a orientação sexual escolhida; -Enfrentar todas as formas de violência. Não a homofobia e criminilização. -Reconhecimento institucional e legal dos direitos. Proteção pelo Estado à família formada por casais homossexuais. Para mais informações sobre o movimento e a campanha “O amor fala todas as línguas”, ver: www.cfess.org.br

O dia do Zumbi é o dia da consciência negra.

O feriado do dia 20/11 foi instituído pelo presidente FHC durante o seu mandato, buscando um diálogo com o movimento negro que reivindicava o dia da consciência negra diferente do dia da Abolição comemorado em 13/05. É importante perceber que historicamente, a abolição decretada pela princesa Isabel em 1888 decretou a libertação de milhares de escravos no Brasil, mas não contemplou como lei, nem à longo prazo com a proclamação da república em 1889 (comemorada em 15/11) a inclusão destes segmentos sociais como cidadãos portadores de direitos. A necessidade de ícones e heróis é contemplada como uma maneira de memorizar e lembrar histórias de um passado importante para a comunidade negra, no entanto, a historia oficial na maioria das vezes só se reportava a eventos descritos por intelectuais, que em muito representavam o escravo negro-africano como coisa ou apenas como mão de obra. A fala abolicionista de Joaquim Nabuco, abriu as portas para o reconhecimento da cultura negra, no entanto, o olhar do autor não se detinha a um projeto amplo de inclusão cultural e sim, de eliminação da escravidão como entrave ao desenvolvimento industrial e modernização do país. A busca por novos sujeitos históricos é algo extremamente novo na História. As revisões historiográficas passaram a ser realizadas, principalmente uma nova ótica visão da escravidão a partir dos anos 1960, mas entendendo a perspectiva da desigualdade em negros e brancos por meio de estudos marxistas e de classe. Como um embrião as falas dos sujeitos históricos se somariam- a uma perspectiva política a partir do fortalecimento do movimento negro. Zumbi, o primeiro escravo africano a construir uma comunidade combativa no Brasil, auto-sustentável – a comunidade quilombola, que em seu funcionamento lembrava os costumes e a memória africana, foi o herói escolhido como referência, resistência, para representar a luta dos negros no Brasil. Diferente da luta colonial que implicava em assimilação cultural e obrigatoriedade do trabalho, a pauta contemporânea reivindica o reconhecimento cultural, o acesso as oportunidades, e cobre da história a cidadania negada dos tempos de outrora. Dia 20/11 é o dia da resistência, da memória, que contempla uma história antiga de lutas. É dia de Zumbi, representado com muita festa, batuque, dança e alegria. Vamos comemorar!