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30 de maio de 2011

Colégio Pedro II: atividade 8o ano. Vídeo daTV Escola: A Corte Desembarca na Colônia.

Com base no vídeo apresente as mudanças econômicas e os tratados decretados por D. João VI que beneficiaram os comerciantes brasileiros e determinaram o fim do pacto colonial.

25 de maio de 2011

Uma homenagem ao líder negro: Abdias do Nascimento (1914/2011)

O Brasil perdeu nesta terça-feira, 24 de maio, um de seus maiores líderes do movimento negro: Abdias do Nascimento, um dos pioneiros na luta contra a discriminação racial. Aos 97 anos, mantinha a luta contra o preconceito e pela defesa dos direitos dos afrodescendentes no Brasil. Ontém ele não resistiu às complicações cardíacas que o levaram a uma internação no último mês, no Rio de Janeiro, e faleceu. Diante deste fato lastimável o Blog Pensando Alto apresenta uma suscinta biografia em memória a este grande líder. A luta continua! POETA DA IGUALDADE: Nascido em 1914 no município de Franca, Estado de São Paulo, Abdias foi filho de Dona Josina, a doceira da cidade, e Seu Bem-Bem, músico e sapateiro. Embora de família pobre, conseguiu se diplomar em contabilidade em 1929. Aos 15 anos alistou-se no exército e foi morar na capital paulista, onde anos depois se engajou na Frente Negra Brasileira e se envolveu na luta contra a segregação racial. Em 1944 fundou o Teatro Experimental do Negro (TEN), entidade que patrocinou a Convenção Nacional do Negro nos anos 1945 e 1946. Na Convenção foi proposta à Assembléia Nacional Constituinte a inclusão de políticas públicas para a população afrodescendente e um dispositivo constitucional definindo a discriminação racial como crime de lesa-pátria. Foi Dramaturgo, poeta e pintor. Atuou também como deputado federal, senador e secretário de Estado, cargo no qual pode atuar junto a implementação de políticas públicas na luta contra o racismo e a desigualdade racial. Como primeiro deputado federal afro-brasileiro (1983-1987). Em 1988, Abdias tornou-se um dos responsáveis pela instituição da Comissão do Centenário da Abolição e por seu desdobramento na Fundação Cultural Palmares. Neste mesmo ano, a Constituição Cidadã foi aprovada e passou a contemplar a natureza pluricultural e multiétnica, a prática do racismo tornou-se crime inafiançável e, também pela primeira vez, se falou no processo de demarcação das terras de quilombos. Como senador da República (1991, 1996-1999) foi responsável por projetos de lei que definiram o racismo como crime e pela criação de mecanismos de ação compensatória para construir a verdadeira igualdade para os negros na sociedade brasileira. Foi ainda nomeado primeiro titular da Secretaria Estadual de Cidadania e Direitos Humanos (1999-2000) e, em 2001, ganhou o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) de Direitos Humanos e Cultura de Paz por seu ativismo. Como intelectual, Abdias do Nascimento levantou questões e reflexões importantes sobre as realidades quilombolas, os povos africanos, a importancia do reconhecimento da cultura e identidade afrodescendente para o combate ao racismo, a falsa democracia racial e o valor dos orixás nas religiões de matriz africana. Com esta trajetória de luta política, militancia e toda a importância como intelectual, Abdias do Nascimento deixa como legado a importancia da organização social como forma de alcançar direitos, que compreendem as diferenças étnicas pela equidade. Lutemos por um Brasil sem racismo e desigualdades raciais. Visite: http://www.abdias.com.br/index.htm

24 de maio de 2011

"Operários uni-vos"! Um grito pela união dos professores! Depoimento da professora Amanda Gurgel_RN

Os professores e a educação brasileira. Este é o meu depoimento!

Como todos os professores desse Brasil, me manifesto como uma pessoa que luta pela Educação de qualidade, que se afaste do modelo típico brasileiro, que reproduz até hoje a educação conteúdista e tradicional do século XIX, fora o ensino sem qualidade. Em tempos contemporâneos onde a bandeira dos movimentos sociais é hasteada pelo alcance dos direitos e a educação para todos, ganhamos a massificação e a precarização das relações de trabalho, principalmente para o professor. A mercadorização das relações sociais minou o trabalho criativo, pois os professores trabalham não só porque amam o que fazem, mas também para manter-se na sociedade salarial do consuno, do fetiche, da mecanização, assumindo triplas jornadas diárias de trabalho, de aulas no período da manhã, tarde e noite, sem contar com o sobretrabalho que levamos para casa. E quem disse que o trabalho do professor é somente entrar em sala de aula, transmetir o conteúdo e corrigir prova? Será que por essa ignorância e ingênuidade ganhamos tão mal? Duvido! A inoperância do Estado e o direcionamento dos gastos públicos para reprodução do capital tem influência direta nesta situação crítica. Onde fica o trabalho criativo, o tempo para estudarmos e levarmos novidades ao aluno, e assim transformarmos a relação didático-pedagógia e com certeza melhorar a relação professor e aluno? O alicerce da educação é a troca e construção do conhecimento, o trabalho com a diversidade e o respeito a nossas diferenças em sala de aula como forma de praticar e solidificar novos valores e ações em nossa sociedade. Vamos pensar em reconhecer este trabalho na Educação não pela caridade, mas pelo profissionalismo, dedicação e importancia na sociedade! Nós professores, precisamos reduzir nossa jornada de trabalho, ter salários melhores, e ter o direito de estudar, pesquisar, obter títulos de mestrado e doutorado com bolsas e licenças remuneradas dos empregos. Não quero que este desabafo se torne uma utopia, pois acredito na organização de nossa classe para lutarmos contra a fragmentação sindical. Professores uni-vos! Lutemos por uma causa comum, que parte do dia a dia em sala de aula,e do desinteresse do nosso Estado que negligência, e sempre negligênciou a Educação. A hora é esta!

13 de maio de 2011

“WE THE PEOPLE”. Poetizando com a História.

No Norte americano, as colônias britânicas

Eram muito boas em certas atividades econômicas.

À metrópole o que interessava

Não estava no Norte,

E sim no Sul se localizava.

Porém houve uma guerra que sete anos durou

E por mais que a Inglaterra tenha ganhado,

Muito dinheiro gastou.

Por isso muitos impostos a colônia acrescentou,

E aos colonos e a si, problemas causou.

Por mais que não fosse má,

Trouxe problemas como a festa do chá.

Esta festa não foi muito formal,

Pois os colonos ingleses estavam fantasiados de índios.

Era algo pessoal.

Mas também quem os mandou com os brevemente americanos se meter?

Eles gostam de ser livres, e com eles não se deve mexer.

Depois de tudo isso o grito de independência os americanos bradaram.

Uma republica federalista e presidencialista se tornaram.

“Nós o povo” assim disseram,

mas será que foi assim mesmo que fizeram?

Pois acredite, não fizeram não.

Para os indígenas a situação piorou,

Para os escravos só setenta anos depois acabou escravidão

E para as mulheres nada mudou

“We the people”

Esta frase só seria usada corretamente

Se fosse utilizada atualmente.

Por Rebeca Chinicz. Aluna da Escola Beit Menachem 8º Ano.

Refletindo sobre o 13 de maio com Candido Portinari.

Para pensarmos sobre a importância da Abolição decretada no Brasil em 13 de maio de 1888, é preciso revisitar a história em busca de um diálogo maior com o negro enquanto sujeito histórico. Com este objetivo, o Blog Pensando Alto apresenta ao leitor três obras muito importantes de Candido Portinari para refletir sobre a centralidade dos negros na história brasileira.

Candido Portinari enquanto um muralista brasileiro possui o interesse em apresentar as relações de trabalho no Brasil por meio da diferenciação étnica, denunciando não só a precarização das relações de trabalho, mas a exploração e a condição do trabalhador. No quadro Lavrado de Café, um trabalhador negro, escravo, aparece na tela de forma central à frente de uma plantação. Na tela Os Retirantes, uma família inteira de negros aparece em situação de pobreza. Ambas as obras permitem refletir a dificuldade que o negro encontrou em libertar-se não só da escravidão, mas também da situação de pobreza imposta no período de pós-abolição. Muitos ex-escravos nunca alcançaram bons empregos em função do rótulo da escravidão. Aos negros livres restou a precariedade e a informalidade como características comuns nas relações de trabalho assalariado que se construíram após a alcance da liberdade legal.

No entanto, a centralidade da cultura negra na formação do país é inegável. A cultura ao longo da história se transformou em um mecanismo de emancipação aos negros na sociedade brasileira. Na tela Choro observamos a cultura negra como o alicerce da música popular brasileira por meio do chorinho e do samba.

Penso no dia 13 de Maio como uma data simbólica à reflexão de nossas desigualdades, que permanecem latentes mesmo quando a liberdade foi alcançada legalmente, mas não praticada em nossas relações sociais e cotidianas. Para o festejarmos a Abolição é preciso lutar pelo reconhecimento das diferenças étnicas, combater o racismo e superar as desigualdades sociais por meio de políticas sociais sérias que objetivem a oportunidade a maioria da população brasileira, que é negra e pobre.

5 de maio de 2011

Leia a reportagem sobre a biografia de Osama Bin Laden.

REPORTAGEM DA REVISTA ÉPOCA:

“DE MILIONÁRIO A SANGUINÁRIO”

Osama era um filho carinhoso e pouco brilhante da família mais rica da Arábia Saudita. Transformou-se no maior terrorista da história

Em dezembro de 2001, Osama bin Laden vestia uma jaqueta camuflada e tomava chá de hortelã numa caverna em Tora Bora. Era uma forma de amenizar o frio, que chegava a 20 graus negativos naquela região inóspita, na fronteira do Paquistão com o Afeganistão. Ele estava ali escondido porque semanas antes fora identificado como o autor intelectual do terrível atentado do dia 11 de setembro, em que dois aviões de passageiros foram lançados contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, Estados Unidos. Guerrilheiros depois interrogados pelo serviço secreto americano disseram que se algo diferenciava aquele homem de 44 anos dos demais terroristas ali reunidos era a tranquilidade. Bin Laden já estivera escondido naquela região afegã entre 1996 e 1997, logo após ter sido expulso do Sudão, cujo governo era pressionado pelos Estados Unidos a não dar guarida para um homem já então perseguido por ações terroristas. Ele e suas então três mulheres e 18 filhos (no fim da vida, esses números subiriam para cinco mulheres e pelo menos 24 crianças) moraram em casebres que serviam antes para abrigar gado. Os seis pequenos quartos foram erguidos com blocos de rocha tirados do granito do morro. O telhado era de madeira e palha, e as portas e janelas eram apenas buracos na pedra, cobertas por peles de animais. Com comida escassa, as crianças passavam os dias com fome. Sem eletricidade para ligar uma geladeira, a primeira mulher de Osama, Najwa, tentava conservar alimentos perecíveis colocando-os sob uma corrente de água fria que vinha da montanha. Na falta de água encanada, o banho era feito com potes de metal. Para um dos principais herdeiros de uma das maiores fortunas da Arábia Saudita, parece desapego demais. Por que alguém tão privilegiado optou pelo caminho do ódio?

Osama bin Mohamed bin Awad bin Aboud bin Laden foi o 17º dos 54 filhos de Mohamed Awad bin Laden. Cego de um olho, Mohamed migrou do Iêmen para a Arábia Saudita, no começo do século passado, para trabalhar como pedreiro em obras de empresas de petróleo americanas. Eficiente, logo passou a comandar canteiros de obra. Ao perceber que as construtoras tradicionais estavam ocupadas com as obras das petrolíferas, fundou sua construtora. Ganhou contratos com o governo saudita e a amizade do rei Abdulaziz. Em 1955, chegou a ministro de Estado. Segundo um relatório da embaixada alemã de 1958, a Mohamed Bin Laden Organization era a empresa mais rica do país, com bens mais valiosos que os do próprio Estado. A família Bin Laden era a elite da Arábia Saudita, e ao mesmo tempo não era. Num país de tradição familiar profundamente enraizada, Mohamed sempre seria visto como estrangeiro. Teve 22 esposas, mas nenhuma nobre: era-lhe vedado casar com alguém de outra linhagem.

Alia al-Ghanem, mãe de Osama, nasceu na Síria e vinha de família pobre. Tinha 15 anos quando o filho nasceu. Aos 18 já estava separada. Foi repassada para um funcionário de Mohamed, com quem teve mais quatro filhos. Naquela casa simples, Osama era um estranho. Era herdeiro de um homem muito rico, a quem raramente via. Sua única referência era Alia. Um antigo vizinho conta que, mesmo aos 18 anos, Osama se deitava aos pés da mãe e os afagava. “Se soubesse que ela estava magoada, nem conseguia dormir.” Mohamed morreu em 1967, quando seu helicóptero, pilotado por um americano, caiu. O pequeno Osama, então com 10 anos, herdou US$ 80 milhões.

Os Bin Ladens na Suécia, em 1971. Osama não estava nessa viagem e depois se afastou da vida luxuosa dos outros parentes. O irmão mais velho de Osama, Salem, assumiu os negócios da família e os aproximou do Ocidente. Criado por duas décadas na Inglaterra, tinha cabelos longos e era fã dos Beatles e dos Rolling Stones. A Arábia Saudita enriqueceu depressa, com a crise do petróleo de 1973, e Salem soube tirar proveito. A lei do país estabelecia que empresas estrangeiras precisavam se associar a um intermediário local. Assim Porsche, Volkswagen e General Electric foram representadas pela Bin Laden Brothers. Playboy internacional, Salem conversava com suas namoradas na Inglaterra e nos Estados Unidos por telex. Quando pilotava algum de seus aviões, conversava com amigos e parentes espalhados pelo mundo graças a uma intrincada e caríssima ligação via rádio e centrais telefônicas montada por ele. Quando não tinha a quem ligar, passava o voo tocando gaita para as telefonistas. Sob o comando de Salem, cerca de um quarto dos 54 filhos de Mohamed bin Laden estudou nos Estados Unidos. Osama não estava entre eles.

Depois da morte do pai e durante a adolescência, Osama estudou na Escola-Modelo Al-Taghr. Era uma instituição de elite na Arábia Saudita criada para propagar uma filosofia de ensino europeia, dentro do projeto de secularização do país empreendido pelo rei Faissal. A escola tinha orientação ocidental, mas dentro dela surgiu um grupo de estudos islâmicos, organizado por um professor de educação física sírio. Bin Laden gostava de esportes e, para poder jogar futebol, passou a frequentar as reuniões do professor. Com o passar dos meses, as reuniões foram tomando todo o tempo do jogo. Da mera leitura do Alcorão, livro sagrado do islamismo, as aulas do professor enveredaram para o antissemitismo. “As histórias eram realmente violentas. Comecei a pensar nas desculpas que poderia arranjar para nunca mais voltar”, disse um aluno da escola que abandonou o círculo. Bin Laden ficou. E tornou-se um radical.

Ainda na escola, aos 17 anos, casou-se com sua prima Najwa, de 14. Foi a primeira de seis mulheres (um casamento foi anulado). Ele não lhe permitia falar com estranhos nem podia olhar para uma mulher que não fosse a sua. Ao visitar os irmãos, cobria os olhos se uma mulher sem véu abrisse a porta. Para Bin Laden, os filhos deveriam viver como Maomé vivera. Como no tempo do profeta não havia medicamentos, eles deveriam tomar remédios só em casos extremos. Vários eram asmáticos, mas Bin Laden lhes recomendava apenas quebrar um pedaço de favo de colmeia e respirar através dele. Treinados para ser guerreiros, eram obrigados a fazer longas caminhadas pelo deserto sem tomar um pingo d’água. Brinquedos também eram malvistos. Até gargalhar era recriminável. Não se devia demonstrar emoção à toa. As crianças podiam rir, desde que não expusessem os caninos. Bin Laden repreendia um filho de acordo com o número de dentes à mostra.

Quando concluiu o ensino médio, em 1976, Bin Laden recusou-se a aparecer na foto de formatura. Seguia a linha religiosa que considera as imagens uma forma de adoração, quando só Deus pode ser adorado. Músicas competiam com sons sagrados e com a reza. Sem espaço nas empresas da família por falhas em sua formação – cursou faculdades de administração e economia, mas não as concluiu –, destacou-se pela dedicação ao islamismo. As obras de construção civil em cidades sagradas ficaram a cargo dele.

Do ativismo religioso passou, em 1979, ao apoio à guerrilha armada. Naquele ano, conheceu seu primeiro mentor: Abdullah Azzam, um teólogo radical irado com a invasão do Afeganistão por tropas da União Soviética. “Fiquei com raiva e entrei no Afeganistão de vez”, disse Bin Laden a uma revista árabe. Para ele, sob o controle do regime Taleban aquele seria o único país fiel ao islamismo no mundo.

Bin Laden na guerra contra os soviéticos no Afeganistão, na década de 80. Era patrocinador da guerrilha e passou a líder terrorista

Bin Laden passou os primeiros anos da guerra levantando dinheiro e máquinas da construtora da família. Em 1984, tornou-se conhecido como “Príncipe saudita”. Bem- vestido, visitava os hospitais com feridos árabes e afegãos. Anotava os nomes dos doentes e depois enviava cheques para suas famílias. Nas áreas de conflito, entregava de avião máquinas pesadas de construção para abrir caminho e demolir pontes. Eram equipamentos da empresa da família. Bin Laden também criou campos de treinamento de guerrilheiros no Paquistão. Foi o embrião de sua própria organização terrorista.

Quando os soviéticos começaram a deixar o Afeganistão, em 1988, Bin Laden fundou a organização jihadista Al-Qaeda Al-Askariya (A Base Militar, na tradução do árabe), depois chamada apenas de Al-Qaeda. Sua intenção agora era levar o islamismo a outras partes do mundo. Escolheu como inimigo principal os Estados Unidos, por seus laços estreitos com Israel e por ser a principal força do mundo ocidental.

O primeiro atentado a bomba promovido pela Al-Qaeda, em 1992, tinha como alvo um hotel no Iêmen que costumava hospedar soldados americanos. Dois turistas morreram. Em 1993, colaborou com uma milícia somali que derrubou dois helicópteros americanos (18 mortos). Em 1994, por pressão dos EUA, o governo saudita confiscou os bens e a cidadania de Bin Laden.

Nessa época, ele já fugira para o Sudão. Lá, Bin Laden fez fortuna trabalhando como construtor em obras do governo. Reproduziu em Vila al-Riade sua vida pregressa, inclusive com antigos funcionários de suas casas na Arábia Saudita. Disse ao filho Omar: “O Sudão agora é o nosso lar. Passarei minha vida nesta terra”. Pressionado pela família, ensaiou fechar a Al-Qaeda, que consumia dinheiro demais e não trouxera as transformações almejadas. Convocou o jornalista Jamal Khashoggi, que o acompanhara no Afeganistão, para gravar em vídeo sua conciliação com o governo saudita. Diante do jornalista, o desanimado Bin Laden ganhou confiança. Passou a cobrar caro por sua rendição. Em 1996, o Sudão ofereceu aos EUA capturá-lo. Sem acusação formal para prendê-lo, os americanos dispensaram a oferta.

No fim de 1996, Bin Laden fugiu para o Afeganistão. Lá, planejou bombardeios simultâneos contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998. De lá também articulou o 11 de setembro de 2001. Três anos depois, assumiu a autoria do atentado e procurou justificar o crime que traumatizou a humanidade, sem distinção religiosa: “Alá sabe que não passava por nossa cabeça atacar as torres, mas a situação se tornou inevitável”.

Desde o atentado que eternizou sua imagem como a personificação do mal no século XXI, manteve-se encurralado. Para não atrair a atenção daqueles que queriam matá-lo, isolou-se de contatos com o mundo exterior, inclusive com a maioria dos membros da Al-Qaeda. Entre os dias 16 de setembro de 2001 e 21 de janeiro de 2011, divulgou 35 gravações de áudio ou vídeo. A principal mensagem que traziam era que continuava vivo. Não estava completamente calado, mas já não era ouvido. Esperava a morte chegar.

(Reportagem escrita por Marcelo Moura. Retirada da Revista Época 05/05/2011)