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1 de junho de 2017

5º AULÃO: FILOSOFIA DE ESQUERDA: RAÍZES E O MARXISMO. (RESUMO)

Karl MARX

1) RAIZES:
O pensamento de esquerda tem origem em dois processos históricos fundamentais ocorridos no século XVIII: a Revolução Industrial e as Revoluções Burguesas.
            A Revolução Industrial transformou as relações de produção e as relações de trabalho consolidando o capitalismo e dando origem ao proletariado. As transformações na esfera produtiva e a centralização do trabalho assalariado como produto do trabalho, determinaram à perda da identidade e a alienação do trabalhador.
            A ampliação do exército industrial de reserva, a falta de direitos e regularização da jornada de trabalho, a exploração do trabalho feminino e infantil, a pobreza generalizada dos operários contribuiu para a organização do movimento dos trabalhadores.
            Paralelo à Revolução Industrial que estabeleceu o poder econômico da burguesia através do capitalismo industrial, as Revoluções Burguesas tiveram como objetivo acabar com o Estado Absolutista e instituir o Estado Burguês através do Liberalismo. Neste processo, que ocorreu de forma diversificada na Inglaterra (1680), nos EUA (1776) e na França (1789), como eixo comum, a burguesia lutou pelo fim dos privilégios feudais e da hereditariedade, pela igualdade de direitos e pela abertura comercial e econômica.
            O apoio das classes populares ao longo das revoluções burguesas levou ao fim do Absolutismo, e a normatização da igualdade de direitos na esfera legislativa. A luta de classes permaneceu ativa no processo de consolidação das relações capitalistas, e passou a ser analisada por Karl Marx como o alicerce histórico da tomada de poder pela classe operário e da revolução comunista.

2) ALEMANHA NO SÉCULO XIX:

            A teoria marxista rompeu com a filosofia e o idealismo hegeliano, atribuindo o materialismo histórico como método de análise.
            O materialismo histórico compreende a evolução dos modos de produção. A passagem de um modo de produção para o outro se dá no momento em que o nível de desenvolvimento das forças produtivas entra em contradição com as relações sociais de produção. Para tal, Marx descreve as transformações econômicas através: comunismo primitivo, do escravismo na antiguidade, do feudalismo e do capitalismo.
            Para Marx, a essência humana é o conjunto das relações sociais. E o que indivíduos são depende das condições materiais da sua produção. O modo de produção da vida material condiciona o processo geral da vida social, política e espiritual.
            Desta forma, o trabalho ganha centralidade na teoria marxista e tem relação direta com a essência humana, com o processo criativo, com a produção de mercadoria e de valor. O trabalho humano é a força produtiva e esta presente em todo as etapas da produção de uma mercadoria e por isso à ele é agregado valor.
            O trabalho assalariado rompe com o conceito de trabalho marxista fundamentado na essência humana e criador de valor, pois está inserido no modo de produção capitalista como mercadoria. As relações de trabalho capitalistas incluem também a alienação do trabalhador do produto do trabalho e do processo produtivo, e a mais valia, que implica no trabalho não pago e fonte de lucro do capitalista.
            A luta de classes é o motor da História e na conjuntura do capitalismo industrial a classe proletária possui um caráter revolucionário. Mas para que os proletários liderassem a revolução era necessário que tomassem consciência da sua importância quanto classe no processo produtivo, e para isso Marx escreveu o Manifesto Comunista (1848).
“Em suma, em toda parte os comunistas apóiam todo o movimento revolucionário contra a ordem social e política vigente. Em todos esses movimentos põem em primeiro lugar, como questão fundamental, a questão da propriedade, não obstante o grau de desenvolvimento alcançado na época. Finalmente, em toda parte os comunistas trabalham pela união e entendimento dos partidos democratas de todos os países. Os comunistas não se rebaixam em dissimular suas idéias e seus objetivos. Declaram abertamente que seus fins só poderão ser alcançados pela derrubada violenta das condições sociais existentes. Que as classes dominantes tremam diante da revolução comunista! Os proletários nada têm a perder senão os seus grilhões. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!” (Trecho Manifesto Cominista).

3) PREFÁCIO À EDIÇÃO RUSSA DE 1882 A PRIMEIRA EDIÇÃO RUSSA do  MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA, TRADUÇÃO DE BAKUNIN, FOI PUBLICADA EM PRINCÍPIOS DA DÉCADA DE 1860.

Então, o Ocidente via nessa edição uma simples curiosidade literária. Hoje em dia tal idéia seria impossível. O campo limitado do movimento proletário daquela época (dezembro de 1847) está expresso na última parte: a posição dos comunistas em relação aos vários partidos de oposição nos diferentes países. A Rússia e os Estados Unidos, precisamente, não foram mencionados. Era a época em que a Rússia se constituía na última grande reserva da reação européia e em que os Estados Unidos absorviam o excesso das forças proletárias da Europa, que para lá emigravam. Ambos os países proviam a Europa de matérias primas, sendo ao mesmo tempo mercado para a venda de seus produtos industriais. De uma maneira ou de outra, eram, portanto, sustentáculos do sistema vigente na Europa. Que diferença hoje! Justamente a imigração européia foi que possibilitou à América do Norte a produção agrícola em proporções gigantescas, cuja concorrência está abalando os alicerces da propriedade rural européia — a grande e a pequena. Ao mesmo tempo, deu aos Estados Unidos a oportunidade de explorar seus imensos recursos industriais, com tal energia e em tais proporções que, dentro em breve, arruinarão o monopólio industrial da Europa ocidental, especialmente o da Inglaterra. Essas duas circunstâncias repercutem de maneira revolucionária na própria América do Norte. Pouco a pouco, a pequena e a média propriedade rural, a base do regime político em sua totalidade, está sucumbindo diante da competição das fazendas gigantescas; ao mesmo tempo, formam-se, pela primeira vez, nas regiões industriais, uma massa proletária e uma concentração fabulosa de capitais. E na Rússia? Durante a revolução de 1848-49, os príncipes e a burguesia europeus viam na intervenção russa a única maneira de escapar do proletariado que despertava. O czar foi proclamado o chefe da reação européia. Hoje ele é, em Gatchina, o prisioneiro de guerra da revolução e a Rússia forma a vanguarda da ação revolucionária na Europa. O Manifesto Comunista tinha como objetivo a proclamação do desaparecimento próximo e inevitável da moderna propriedade burguesa. Mas na Rússia vemos que, ao lado do florescimento acelerado da velhacaria capitalista e da propriedade burguesa, que começa a desenvolver-se, mais da metade das terras é possuída em comum pelos camponeses. O problema agora é: poderia a obshchina russa, apesar de muito deteriorada, ainda uma forma primitiva da propriedade comum da terra transformar-se diretamente na propriedade comunista? Ou, ao contrário, deveria primeiramente passar pelo mesmo processo de dissolução que constitui a evolução histórica do Ocidente? Hoje em dia, a única resposta possível é a seguinte: se a Revolução Russa constituir-se no sinal para a revolução proletária no Ocidente, de modo que uma complemente a outra, a atual propriedade comum da terra na Rússia servirá de ponto de partida para a evolução comunista.
Karl Marx e Friedrich Engels Londres, 21 de janeiro de 1882

4) A APROPRIAÇÃO DO MARXISMO AO LONGO DO SÉCULO XX:

            A teoria marxista teve ampla aceitação teórica e metodológica tanto como política como revolucionária, transformando-se no alicerce do pensamento de esquerda mundial. È importante destacar a diferença entre o socialismo utópico do qual se defendia transformações sociais sem romper com as relações capitalistas, do socialismo científico, da qual a teoria marxista está inserida e propõe o rompimento das relações capitalistas através da revolução comunista e da ditadura do proletariado.
            No entanto, a teoria marxista é diferente do movimento de esquerda.
            Em 1864, em Londres, Karl Marx e Friedrich Engels estruturaram a 1ª Associação Internacional de Operários ou a 1ª Internacional, promovendo a organização e defesa dos operários em nível internacional. Em 1873, a difusão das ideias e das propostas marxistas ficou por conta dos sindicatos e partidos existentes em diversos países, o que determinou uma diversificação de leituras e correntes do marxismo.
            Com a formação dos Partidos Comunistas o ideal revolucionário ganhou difusão internacional consolidando-se após a Revolução Russa em 1917. Tal objetivo ganhou força após a 3ª Internacional ocorrida em 1919 – Comiterm, que procurou difundir os ideais comunistas e organizar os partidos e a luta dos operários para tomada de poder.
            Ganharam destaque as lideranças comunistas do inicio do século XX:
  • Rosa Luxemburgo (1870/1919): alemã que acreditava no socialismo como um desenvolvimento histórico realizado a parir da ação do proletariado consciente.
  • Lênin (1870/1922) líder do partido bolchevique e da Revolução Russa 1917, que incorporou a organização proletária através da criação de um partido revolucionário para tomada de poder.
  • Trotsky (1879/1940): membro do partido bolchevique, defendia a revolução permanente e de extensão a outros países.
  • Stalin (1878/1953): sucedeu Lênin como chefe de Estado da URSS e acreditava no socialismo em um país só. Propagou o socialismo autoritário.
  • Gramsci (1891/1937): desenvolveu reflexões sobre a importância da ideologia. Cunhou o conceito de hegemonia reforçada pela educação e pela mídia. Acreditava que a revolução ocorreria pela classe trabalhadora através da contra-ideologia.
A partir dos anos 1960/1970, no período de Guerra-Fria, o marxismo deixou de ser um método de transformação social para se tornar uma ideologia alicerçada na vulgarização e apropriação teórica por diferentes movimentos sociais que se classificam como esquerda. Foram tempos difíceis de polarização ideológica e de luta pela hegemonia mundial entre EUA e URSS.
Esta apropriação diversificada contribuiu para que o marxismo assumisse diferentes críticas que envolviam o determinismo histórico, a centralidade da teoria no economicismo, a leitura reformista de perspectiva social-democrata por muitos partidos que se intitulam como de esquerda.
Com fim da URSS, o isolamento em Cuba, a queda do Muro de Berlim, e o exemplo das experiências mundiais com o socialismo autoritário, não significaram o fim da história para o socialismo, nem o aparente esgotamento da postura teórica marxista. Na verdade, as contradições da leitura marxista em diferentes momentos da História, demonstraram a importância de distinguir as realidades e respeitar cientificamente as especificidades e historicidade de cada uma dessas manifestações no processo de desenvolvimento universal da sociedade humana.
A teoria marxista elucida a metodologia dialética com materialismo histórico até hoje, e é a base das Ciências Humanas e da filosofia revolucionária.

DE OLHO NO VESTIBULAR:


1) Que relação Marx estabelece entre trabalho e valor?
R: PARA MARX, TUDO QUE É CRIADO PELO HOMEM CONTÉM EM SI TRABALHO. ELE É A ESSENCIA HUMANA E CRIATIVA QUE PRODUZ MERCADORIA E AGREGA O VALOR DE TODO O PROCESSO PRODUTIVO.

2) O que é modo de produção? Qual é a importância para análise que Marx faz da sociedade?
R: O MODO DE PRODUÇÃO COMPREENDE A ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DA SOCIEDADE ATRAVÉS DOS DIFERENTES PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO EXISTENTES NA HISTÓRIA, DESCRITOS POR MARX COMO: COMUNISMO PRIMITICO, ESCRAVISMO NA ANTIGUIDADE, FEUDALISMO E CAPITALISMO.

3) Caracterize a teoria do materialismo histórico:

R: É O MÉTODO FILOSÓFICO CIENTIFICO BASEADO NA REALIDADE HISTÓRICA SOCIAL COMO UM CONJUNTO DE RELAÇÕES CONCRETAS QUE CARACTERIZAM CADA SOCIEDADE NUM TEMPO E ESPAÇO DETERMINADOS. ELE BUSCA A TOTALIDADE ATRAVÉS DO CONSTANTE DESLOCAMENTO DO GERAL PARA O PARTICULAR, DAS LEIS MACROSSOCIAIS PARA AS MANIFESTAÇÕES HISTÓRICAS, DO MOVIMENTO ESTRUTURAL DA SOCIEDADE PARA AÇÃO HUMANA INDIVIDUAL E COLETIVA.

VÍDEO SOBRE A TEORIA MARXISTA: