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24 de agosto de 2012

A DESCOLONIZAÇÃO AFRO-ASIÁTICA



A descolonização afro-asiática provocou o fim dos impérios coloniais europeus surgidos a partir do final do século XIX, determinando a emancipação política e ao mesmo tempo, a dependência econômica dos povos africanos e asiáticos.
A luta pela emancipação e liberdade surgiu de duas correntes ideológicas distintas. A primeira estava associada à defesa das tradições culturais e da identidade dos povos dominados, e a outra surgiu de ideais da burguesia ocidental sob forma de nacionalismo. Ambos no processo de descolonização assumiram formas de resistência contra a dominação européia. O nacionalismo e o sentimento de pertencimento cultural contribuíram para formação de partidos que se diferenciavam em duas correntes políticas distintas: o socialismo e a republica democrática ou liberalismo de orientação capitalista.
Como fatores históricos da descolonização afro-asiática estão a participação das colônias na Segunda Guerra Mundial, onde metrópole e colônia lutam juntos, o que determinou o surgimento do sentimento de libertação dos povos colonizados.
A crise econômica dos países europeus durante o período pós-guerra contribuiu para a autonomia colonial e reforço da identidade e nacionalismo dos povos colonizados.
A ideia de união do Terceiro Mundo criada na Conferência de Bandung em 1955, declarou aos países europeus a importância da união dos países subdesenvolvidos pela busca da autonomia política, econômica, pela defesa da justiça, direitos humanos, cooperação e liberdade.
O terreno para as diferentes independências estava criado.

As Vias da Descolonização

A descolonização afro-asiática não foi um processo homogêneo. A independência ocorreu por duas vias diferentes: a pacífica e a violenta;
No caso da via pacífica, a independência da colônia era realizada progressivamente pela metrópole, com a concessão da autonomia político-administrativa, mantendo o controle econômico do novo país, criando, desse forma, um novo tipo de dependência;
As independências que ocorreram pela via de violência foram causadas pela intolerância das metrópoles em conceder autonomia às colônias. Surgiram as lutas de emancipação, geralmente vinculadas a guerrilha, onde em tempos de Guerra Fria, URSS e EUA determinavam orientações ideológicas e indiretamente forneciam armas para substanciar o conflito.

O Caso indiano: a independência pacífica.

Mahatma Gandhi
A maioria das colônias asiáticas atingiu a independência no período de 1945-1954. As lutas se desenvolveram contra as metrópoles que haviam sido enfraquecidas economicamente, militar e politicamente da Segunda Guerra.
Na Índia o tema da independência estava em discussão desde os anos 1920, quando enfim popularizou-se e chegou até as massas. Na realidade o movimento pela participação política e criação de um partido que se expressasse a favor dos hidus, foi criado por uma elite anglo-indiana em 1885, que sonhava com o Self Governament.
Após a participação na Primeira Guerra, muitos indianos continuaram a lutar a favor de reformas na legislação, porém os ingleses se recusavam gerando muita insatisfação entre os indianos. Enquanto a indústria e a economia cresciam enriquecendo a Inglaterra, os indianos passavam situações de miséria e desigualdade social perante as elites. O sistema de castas na Índia se consagrou em uma dificuldade de ser superada, configurando-se em um obstáculo a mobilidade social.
Mahatma Gandhi, o “apostulado da não violência”, começou a se impor diante do povo. Formado em direito na Inglaterra, Gandhi viajou por grande parte da África e da Europa, lutou em algumas batalhas a favor do exército inglês, porém manteve-se sob uma postura de não assimilação cultural, utilizando seu conhecimento para lutar em nome das tradições e da liberdade dos indianos. Ele previa o desenvolvimento da Índia e do povo indiano através de produtos nacionais como tecidos, sal, e especiarias que quando produzidos e consumidos pela população cortariam os laços de dependência com os ingleses e sua cultura de industrializados.
Regressando para Índia em 1915, Gandhi empreendeu a organização de resistência dentro do Partido do Congresso. Seu ideal era o retorno a terra através da salvação espiritual e da não violência.
Junto a Nehru e Ali Jinnah, Gandhi em 1920 propôs o programa de libertação da Índia. Foram propostos: planos de boicotes aos tribunais, as legislaturas, as instituições de ensino e a recusa aos pagamentos de impostos: muitos indianos foram presos por motivos políticos, inclusive o próprio Gandhi.
A independência acabou se dando de forma gradual, a grande liderança vista na figura de Gandhi, assim como o resgate a cultura indiana tradicional, acabou contribuindo para que os ingleses promovessem uma política de concessões e criação de uma nova constituição. Em 1935 a nova constituição estava para ser outorgada pelos ingleses, mas os indianos repudiaram e a consideraram ilegítima.
Jinnah membro da Liga mulçumana desde 1906 defendia o federalismo na Índia, através da separação entre mulçumanos e hindus cujo objetivo era a criação do Paquistão.
Apesar das diferenças entre as Liga Mulçumana e o Partido do Congresso estes dois grupos acabaram por se aproximar em função do crescimento das idéias marxistas entre os operários, e do afastamento do movimento da religião. A Inglaterra diante desta observação resolveu em 15 de junho de 1947, assinar a independência da Índia e do Paquistão. Esta divisão entre hinduístas e mulçumanos gerou o fanatismo entre os grupos, determinando o assassinato de Gandhi, por um hinduísta que se recusava na atitude conciliatória com os mulçumanos.

O Caso da Indochina: a Guerra do Vietnã.

A França instalou-se no mundo indochinês em busca do café, do arroz, café, borracha e chá, assim como a exploração de minérios como o carvão, implementando uma política colonial de exploração. A população sofria com o trabalho forçado, e as indústrias trazidas pelos franceses acabaram por modificar a organização rural da sociedade, arruinando as organizações comunais em detrimento da economia mercantil.
Os indochineses, ao contrario, desde o domínio mantiveram uma posição de combatividade perante a política de assimilação cultural francesa. Até 1939, ocorreu a formação de uma elite colonial inspirada nos princípios liberais que exigia reformas nas políticas coloniais, tais como: a reforma no ensino, mantendo as tradições coloniais, a taxação de impostos para ocidentais.
Neste mesmo período surgiu um movimento a favor do comunismo no Vietnã liderado por Ho Chi Minh. Muitos destes revolucionários haviam estudado e se formado na França. Em 1930 foi criado o Viet–Minh: partido comunista.
Em 1941, foi criado o movimento de grupos nacionalistas vietnamitas: a Liga das Organizações, um movimento revolucionário, que tinha o objetivo de legitimar a liderança dos Viet-Minh, lutando contra a dominação e ocupação francesa.
A mobilização das massas esteve ligada a idéias que difundiam a independência nacional, e o esforço de desenvolver a economia e modernizar o país, sob o discurso nacionalismo e comunista.
Em 1945, Ho Chi Minh proclamou a independência do Vietnã como estado livre, o que determinou a guerra contra a França e o bombardeio de algumas cidades pelo antigo colonizador. Através da tática de guerrilha, os vietnamitas conseguiram expulsar os franceses e instaurar um governo socialista sob o apoio da China e contra o governo americano, em meio ao clima de bipolarização.
Diante do desgaste francês, os EUA passaram a enviar cada vez mais auxilio bélico a França. A guerra extrapolava o seu caráter libertador e passara a assumir uma posição de combate a expansão comunista na Ásia. Durante nove anos os americanos lutaram contra os “vietcongs” (apelidado dado aos vietnamitas pelos próprios americanos).
Em 1954, a guerra deixava de ser francesa e assumia a liderança americana, O Vietnã sul passa pedir apoio financeiro colocando-se contra a república socialista de Ho Chi Minh.
Durante o longo período de guerra o Vietnã Norte conseguiu se desenvolver modificando estruturas sanitárias, construindo escolas, criando cooperativas comunais no campo, e literalmente se transformando numa “pedra no sapato americano”. Após longos protestos nos EUA e com a luta pelos direitos civis, os americanos decidiram na década de 60 se retirarem da guerra, garantindo a vitória aos vietnamitas e também ao comunismo.

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