Quem gosta de carnaval é conhecido pela boemia, pela folia ou como alguém que aproveita o período para representar personagens, e desfilar o ufanismo nas escolas de samba. Inclusive neste período atual a marca do carnaval brasileiro é o samba, mas sempre foi assim?
È difícil imaginar, mas enquanto uma festa popular de caráter irreverente e alegórico, o carnaval possui raízes até na Mesopotâmia, em comemorações de reverência aos deuses e também da virada de calendários. No entanto, a idéia de uma festa de exaltação da carne, só ganhou força com o surgimento do cristianismo, onde a presença da Igreja introduzia novos hábitos e costumes na sociedade européia a partir do século V.
Foi neste cenário, onde o jejum como forma de abstinência para a preparação da quaresma – no período da quarta-feira de Cinzas ao domingo de Páscoa, que surgiu na interpretação popular, que os três dias anteriores a esta festa deveriam ser destinados ao excesso para a preparação do jejum. Em contraposição à manifestação popular, a Igreja determinava como pecado tal comportamento, inclusive a utilização de fantasias, ou máscaras que modificassem a aparência do individuo.
As máscaras e fantasias representavam adereços comuns em diversas culturas ao longo da História, em festas no paganismo, ou em comemorações a uma boa colheita na Idade Média. Porém, a idéia de comédia e teatro popular improvisado surgiu durante o Renascimento, onde em comemoração a arte, nas cidades italianas como Florença, Veneza e Roma, o povo desfilava ao som de canções fantasias e máscaras que escondiam as diferenças sociais, e através dos bailes carnavalescos realizavam festas e jogos para toda a população.
Ao longo dos anos, o carnaval atravessou os oceanos e se misturou com a festa de reis e o maracatu dos africanos trazidos para o Brasil, resultando no samba e nos blocos de rua. No período de festas carnavalescas, os escravos desfilavam a cultura africana e um tempo de memorial de uma sociedade atada nas correntes do trabalho forçado. Na rua, fantasias e alegorias divertiam a população colonial que em comemoração se misturava, mas mantinha nos círculos da nobreza os bailes tradicionais venezianos de máscaras.
Os processos históricos atribuíram à festa da alegoria popular novas tradições, entre elas as escolas de samba, que atraem para o Brasil milhares de turistas interessados em conhecer a festa mais típica e popular do Brasil: o carnaval. Fica nesta pequena descrição histórica uma reflexão: não seria porque os tambores africanos trouxeram um calor e um gingado diferente?
Bom carnaval para todos, e cuidado com os excessos!
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17 de fevereiro de 2009
É carnaval! O que existe por traz desta história?
Quem gosta de carnaval é conhecido pela boemia, pela folia ou como alguém que aproveita o período para representar personagens, e desfilar o ufanismo nas escolas de samba. Inclusive neste período atual a marca do carnaval brasileiro é o samba, mas sempre foi assim?
È difícil imaginar, mas enquanto uma festa popular de caráter irreverente e alegórico, o carnaval possui raízes até na Mesopotâmia, em comemorações de reverência aos deuses e também da virada de calendários. No entanto, a idéia de uma festa de exaltação da carne, só ganhou força com o surgimento do cristianismo, onde a presença da Igreja introduzia novos hábitos e costumes na sociedade européia a partir do século V.
Foi neste cenário, onde o jejum como forma de abstinência para a preparação da quaresma – no período da quarta-feira de Cinzas ao domingo de Páscoa, que surgiu na interpretação popular, que os três dias anteriores a esta festa deveriam ser destinados ao excesso para a preparação do jejum. Em contraposição à manifestação popular, a Igreja determinava como pecado tal comportamento, inclusive a utilização de fantasias, ou máscaras que modificassem a aparência do individuo.
As máscaras e fantasias representavam adereços comuns em diversas culturas ao longo da História, em festas no paganismo, ou em comemorações a uma boa colheita na Idade Média. Porém, a idéia de comédia e teatro popular improvisado surgiu durante o Renascimento, onde em comemoração a arte, nas cidades italianas como Florença, Veneza e Roma, o povo desfilava ao som de canções fantasias e máscaras que escondiam as diferenças sociais, e através dos bailes carnavalescos realizavam festas e jogos para toda a população.
Ao longo dos anos, o carnaval atravessou os oceanos e se misturou com a festa de reis e o maracatu dos africanos trazidos para o Brasil, resultando no samba e nos blocos de rua. No período de festas carnavalescas, os escravos desfilavam a cultura africana e um tempo de memorial de uma sociedade atada nas correntes do trabalho forçado. Na rua, fantasias e alegorias divertiam a população colonial que em comemoração se misturava, mas mantinha nos círculos da nobreza os bailes tradicionais venezianos de máscaras.
Os processos históricos atribuíram à festa da alegoria popular novas tradições, entre elas as escolas de samba, que atraem para o Brasil milhares de turistas interessados em conhecer a festa mais típica e popular do Brasil: o carnaval. Fica nesta pequena descrição histórica uma reflexão: não seria porque os tambores africanos trouxeram um calor e um gingado diferente?
Bom carnaval para todos, e cuidado com os excessos!
Uma homenagem aos 100 anos de Carmem Miranda
Visita ao Museu da Carmem Miranda
A folia antecipada do Carnaval carioca leva qualquer folião a acreditar que a festa começa antes mesmo da data no calendário oficial. Fevereiro é carnaval o mês inteiro!
E neste vídeo não seria diferente!
Arte e História: uma viagem pelo tempo de Debret
No século XIX, no Rio de Janeiro circulavam muitos pintores e artistas estrangeiros, entre eles, o francês Jean Baptiste Debret, conhecido por retratar em desenhos inconfundíveis a sociedade brasileira e cenas singulares do cotidiano das famílias patriarcais e da escravidão brasileira.
Debret nasceu em 1768 e era filho de um funcionário público. O fato de existir em sua família pintores e desenhistas, impulsionou o jovem a realizar alguns trabalhos artísticos, participando intensamente dos movimentos revolucionários na França como pintor ao lado de seu primo Jacques-Louis David. Com a participação na Revolução Francesa (1789), Debret acabou por tornar-se pintor oficial de Napoleão durante o Império Napoleônico ilustrando batalhas e feitos do imperador.
Com a queda de Napoleão em 1815, a vida de Debret mudou radicalmente, e diante das condições de retorno da família Bourbon ao poder na França com o Congresso de Viena (1820), Debret resolve vir ao Brasil a convite da corte portuguesa, tornando-se também o pintor oficial do império português.
Existe uma discussão entre os historiadores da existência ou não de uma Missão Francesa influenciada por D. João IV, visto que chegaram neste período muitos arquitetos, engenheiros e artesões franceses, como se a corte os tivessem convidado com o objetivo de garantir o progresso urbano e intelectual da ex-colônia. O fato é que a presença de tantos artistas impulsionou uma mudança no estilo arquitetônico em particular no Rio de Janeiro – capital do império português; e no desenvolvimento das artes plásticas com a fundação da Academia Brasileira de Belas Artes (1829).
Após permanecer quinze anos no Brasil, o pintor retorna a França, aonde publica seus registros no livro: Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, dividido em três volumes, com ilustrações e descrições de tudo que havia observado em sua passagem e viagem pelo país. Em 1848, na cidade de Paris, Debret veio a falecer.
Não deixe de observar na Coluna Fatos e Fotos um pouco dessa viagem realizada e eternizada pelo pintor em algumas imagens selecionadas pelo Blog Pensando Alto. Como bons historiadores percebam as representações dos negros e indígenas, observando a percepção que os europeus possuíam destas culturas. Refletir e criticar estas descrições permite que quebremos o elo etnocêntrico e eurocêntrico de nossa História.
Boa Viagem!
Viagem Pitoresca e História do Brasil. Confira o vídeo feito pela MultiRio .
Confira os registros de Debret em animação, e conheça o ritmo de trabalho dos escravos e o cotidiano no século XIX.
16 de fevereiro de 2009
Câmara Cascudo e as Lendas Brasileiras: conhecendo o nosso folclore
A oralidade na História é uma ferramenta nova, visto que a idéia cultural e social para a História também implica em estudos da historiografia recente. No entanto, os interessados em conhecer a história das tradições populares não eram conhecidos como historiadores, e sim, como folcloristas.
O folclore implica no conhecimento das tradições ou crenças populares expressas por meio das lendas, canções, mitos e costume de uma região, de uma cultura local ou até de uma nação. Neste sentido, o folclore representa aspectos particulares e pode ser utilizado como uma ferramenta para compreender culturalmente determinada sociedade, auxiliando a descrição historiográfica e antropológica.
Teorias a parte, não podemos deixar de destacar o maior dos folcloristas brasileiro: Luiz da Câmara Cascudo. Nascido em Natal, Rio Grande do Norte em 30 de dezembro de 1898, Câmara Cascudo – como ficou conhecido, fundou a Sociedade Brasileira do Folclore sendo o primeiro a conceituar para o Brasil a Literatura Oral.
Adepto a escrita, dialogou com os modernistas da década de 1920, como Mario de Andrade. Além disso, deixou como obra mais de 150 títulos, dentre elas o “Dicionário do Folclore Brasileiro”. A paixão de Cascudo estava no humano e no que a tradição popular tinha a dizer, o que de fato contribuiu para um estudo da identidade e das raízes do Brasil.
Confira agora no Blog Pensando Alto duas histórias encontradas no livro: “Lendas Brasileiras”, onde as histórias estão dividas por região e podem ser lidas pelo público jovem e infantil. Seguem abaixo uma lenda do Nordeste conhecida como “A morte de Zumbi”, e outra do Centro sobre “Chico Rei”, ambas imperdíveis!
Bibliografia:
CASCUDO, Câmara. Lendas Brasileiras. Ediouro: Rio de Janeiro, 2001.
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