A
Independência da Argélia
A
conquista da Argélia pelos franceses foi iniciada em 1830, através da ocupação
do Mangrebe – uma região mulçumana de profunda influência árabe. A partir deste
período a França introduziu um processo de afrancesamento e dominação dos
nativos, tomando terras, matas, jazidas minerais. Muitos argelinos foram
removidos para dar espaço à pilhagem colonial. Nestes primeiros anos, houve um
decréscimo da população nativa e um aumento dos grupos de colonos
Os
colonos franceses na Argélia, denominados "pieds noirs" tinham
condições de vida superiores às dos argelinos e a discriminação contra os
nativos era realizada como uma forma de dominação. Em 1945, ocorreram as
primeiras manifestações pela independência. Essas manifestações foram lideradas
por muçulmanos, religião predominante na Argélia, mas também sufocadas pelos
franceses.
A
derrota francesa na Guerra da Indochina, em 1954, acentuou a crise francesa,
abrindo espaço para o crescimento dos movimentos pela emancipação na Argélia. No
mesmo ano, a população muçulmana da Argélia, movida pelo nacionalismo islâmico,
voltou a se colocar contra a França sob a liderança da Frente Nacional de
Libertação. A Frente Nacional de Libertação organizou-se militarmente para derrotar
o domínio francês.
Em
1954, iniciou-se a guerra de independência da Argélia.
Em
1957, ocorreu a Batalha de Argel, na qual os líderes da Frente foram capturados
e levados presos para Paris, onde permaneceram até 1962. A violência praticada
pelos franceses contra a população civil na Batalha de Argel aumentou o descontentamento
da dominação francesa sob os argelinos.
Em
1958 foi proclamada a IV República Francesa. O general De Gaulle subiu ao poder
e recebeu plenos poderes para negociar a paz com o Governo Provisório da
Argélia, estabelecido no Cairo (Egito). As negociações de paz estenderam-se até
1962, quando foi assinado o Acordo de Evian, segundo o qual a França reconhecia
a independência da Argélia, pondo fim à guerra, que já durava oito anos.
A
Independência do Congo
Em
1867, a
Bélgica fundou a Sociedade Internacional para a Exploração e Civilização da
África, iniciando a ocupação do Congo, que se tornou a possessão belga em 1885,
e colônia em 1908.
Terminada
a Segunda Guerra Mundial, os movimentos de emancipação generalizaram-se na
África e, em 1960, na Conferência de Bruxelas, a Bélgica concedeu a
independência ao Congo, que constituiu a República do Congo.
O
Governo foi, então, exercido pelo presidente Joseph Kasawubu e pelo
primeiro-ministro Patrice Lumumba, que desde a década de 1950 iniciara a luta
pela independência do Congo, com a formação do Movimento Nacional Congolês, de
tendência nacionalista e socialista. Além disso, Lumumba queria construir um
Estado sob a ideia do pan-africanismo, que ratificava a importância do reforço
da identidade negra e da africanidade em seu país.
Após
a independência do país, na província de Catanga ocorreu um movimento
separatista liderado pelo governador Moise Tchombe, que, apesar de proclamar a
independência da província, não obteve o reconhecimento internacional.
Desencadeou-se, então, uma guerra civil. Moise Tchombe recebia o apoio de
grupos internacionais interessados nos minérios da região e de tropas
mercenárias belgas.
Em
setembro de 1960, o presidente Kasawubu demitiu o primeiro-ministro Patrice
Lumumba.
Lumumba
não aceitou a demissão e o Congo passou a ter dois governos.
Kasawubu
foi preservado. Lumumba foi aprisionado e entregue a Moise Tchombe. Levado para
Catanga, Lumumba foi assassinado em 1961. Sua morte provocou violentas manifestações
dentro e fora do Congo o que o transformou em símbolo da luta pela
independência. Em 1962, as forças da ONU intervieram no Congo para impedir a
secessão da Catanga. Moise Tchombe foi exilado.
Cyrelle
Adula assumiu a chefia do governo em meio aos movimentos liderados pelos
partidários de Lumumba (morto em 1961).
Os
partidários de Lumumba dominavam boa parte do país, em 1964, quando Adula convidou
Moise Tchombe (recém-chegado do exílio) para auxiliá-lo e vencer os rebeldes.
Adula
renunciou e Tchombe assumiu o cargo de primeiro-ministro.
A
guerrilha aumentava e, então, os EUA intensificaram a ajuda militar que já
vinham concedendo ao governo de Tchombe.
Os
partidários de Lumumba, em resposta, transformaram 60 norte-americanos e 800
belgas em reféns de guerrilha, o que levou a Bélgica a preparar uma ação de
resgate, provocando o fuzilamento de 60 reféns pelos guerrilheiros; os demais
foram libertados.
O
presidente Kasawubu, em 1965, demitiu o primeiro-ministro Tchombe e logo em
seguida o general Mobutu deu um golpe e assumiu a Presidência do país, que, em
1971, denominando-o de República do Zaire. Em 1997, em meio a uma verdadeira
guerra civil, Mobutu saiu do Zaire. Controlada por revolucionários, a região
passou a denominar-se República Democrática do Congo.
O
Fim do Império Colonial Português
A independência das colônias africanas portuguesas
ocorreu por meio da negociação após a queda da ditadura salazarista. Apesar da
negociação, a independência das regiões ocupadas anteriormente por Portugal
sofreu um processo de guerra civil descrito pela disputa de diferentes etnias
locais pelo poder. Financiadas pelos URSS ou EUA, as guerras de independência
se intensificaram determinando um cenário trágico aos países colonizados.
Angola:
Em
1956, foi fundado o Movimento Popular pela Libertação da Angola – MPLA; que, em
1961, desencadeou as lutas pela independência, sob a liderança do poeta
Agostinho Neto.
Outros
dois movimentos surgiram dentro do processo de lutas de independência: a União
Nacional para a Independência Total de Angola – UNITA; e a Frente Nacional de
Libertação da Angola – FNLA.
Em
1974, foi assinado o Acordo de Alvor, segundo o qual os portugueses
reconheceriam a independência da Angola em 1975, devendo ser formado um governo
de transição formado pelo MPLA, UNITA e FNLA. Os três grupos iniciaram entre si
uma série de divergências que resultaram em uma guerra civil e a invasão do
país por tropas do Zaire e da África do Sul (apoiados pela FNLA e UNITA,
respectivamente), que recebiam ajuda militar norte-americana;
O
MPLA, liderado por Agostinho Neto, solicitou a ajuda de Cuba, e, em 1976,
derrotou as forças da UNITA e da FNLA.
Moçambique:
Em
1962, foi criada a Frente de Libertação de Moçambique - Fremilo, por Eduardo
Mondlane, que iniciou as lutas pela independência de orientação socialista.
Samora
Machel, em 1969, assumiu a direção do movimento, que disputou, através da
guerrilha, o controle do território.
Em
1975, Portugal reconheceu a independência da República Popular de Moçambique.
Consequências
da Descolonização Afro-Asiática
Como
consequências da descolonização destaca-se a criação de um novo bloco de países
que, com a América Latina, compôs o Terceiro Mundo. A noção de Terceiro Mundo
determinou o reconhecimento do subdesenvolvimento dos países recém emancipados politicamente,
mas que mantem em sua estrutura econômica a dependência dos países desenvolvidos.
As
guerras de independência intensificaram a pobreza e a desigualdade social na África,
onde a ajuda humanitária da ONU torna-se fundamental para garantia dos
sobreviventes das guerrilhas.
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