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24 de agosto de 2012

DESCOLONIZAÇÃO AFRO-ASIÁTICA (PARTE 2)


A Independência da Argélia

A conquista da Argélia pelos franceses foi iniciada em 1830, através da ocupação do Mangrebe – uma região mulçumana de profunda influência árabe. A partir deste período a França introduziu um processo de afrancesamento e dominação dos nativos, tomando terras, matas, jazidas minerais. Muitos argelinos foram removidos para dar espaço à pilhagem colonial. Nestes primeiros anos, houve um decréscimo da população nativa e um aumento dos grupos de colonos
Os colonos franceses na Argélia, denominados "pieds noirs" tinham condições de vida superiores às dos argelinos e a discriminação contra os nativos era realizada como uma forma de dominação. Em 1945, ocorreram as primeiras manifestações pela independência. Essas manifestações foram lideradas por muçulmanos, religião predominante na Argélia, mas também sufocadas pelos franceses.
A derrota francesa na Guerra da Indochina, em 1954, acentuou a crise francesa, abrindo espaço para o crescimento dos movimentos pela emancipação na Argélia. No mesmo ano, a população muçulmana da Argélia, movida pelo nacionalismo islâmico, voltou a se colocar contra a França sob a liderança da Frente Nacional de Libertação. A Frente Nacional de Libertação organizou-se militarmente para derrotar o domínio francês.
Em 1954, iniciou-se a guerra de independência da Argélia.
Em 1957, ocorreu a Batalha de Argel, na qual os líderes da Frente foram capturados e levados presos para Paris, onde permaneceram até 1962. A violência praticada pelos franceses contra a população civil na Batalha de Argel aumentou o descontentamento da dominação francesa  sob os argelinos.
Em 1958 foi proclamada a IV República Francesa. O general De Gaulle subiu ao poder e recebeu plenos poderes para negociar a paz com o Governo Provisório da Argélia, estabelecido no Cairo (Egito). As negociações de paz estenderam-se até 1962, quando foi assinado o Acordo de Evian, segundo o qual a França reconhecia a independência da Argélia, pondo fim à guerra, que já durava oito anos.

A Independência do Congo

Em 1867, a Bélgica fundou a Sociedade Internacional para a Exploração e Civilização da África, iniciando a ocupação do Congo, que se tornou a possessão belga em 1885, e colônia em 1908.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, os movimentos de emancipação generalizaram-se na África e, em 1960, na Conferência de Bruxelas, a Bélgica concedeu a independência ao Congo, que constituiu a República do Congo.
O Governo foi, então, exercido pelo presidente Joseph Kasawubu e pelo primeiro-ministro Patrice Lumumba, que desde a década de 1950 iniciara a luta pela independência do Congo, com a formação do Movimento Nacional Congolês, de tendência nacionalista e socialista. Além disso, Lumumba queria construir um Estado sob a ideia do pan-africanismo, que ratificava a importância do reforço da identidade negra e da africanidade em seu país.
Após a independência do país, na província de Catanga ocorreu um movimento separatista liderado pelo governador Moise Tchombe, que, apesar de proclamar a independência da província, não obteve o reconhecimento internacional. Desencadeou-se, então, uma guerra civil. Moise Tchombe recebia o apoio de grupos internacionais interessados nos minérios da região e de tropas mercenárias belgas.
Em setembro de 1960, o presidente Kasawubu demitiu o primeiro-ministro Patrice Lumumba.
Lumumba não aceitou a demissão e o Congo passou a ter dois governos.
Kasawubu foi preservado. Lumumba foi aprisionado e entregue a Moise Tchombe. Levado para Catanga, Lumumba foi assassinado em 1961. Sua morte provocou violentas manifestações dentro e fora do Congo o que o transformou em símbolo da luta pela independência. Em 1962, as forças da ONU intervieram no Congo para impedir a secessão da Catanga. Moise Tchombe foi exilado.
Cyrelle Adula assumiu a chefia do governo em meio aos movimentos liderados pelos partidários de Lumumba (morto em 1961).
Os partidários de Lumumba dominavam boa parte do país, em 1964, quando Adula convidou Moise Tchombe (recém-chegado do exílio) para auxiliá-lo e vencer os rebeldes.
Adula renunciou e Tchombe assumiu o cargo de primeiro-ministro.
A guerrilha aumentava e, então, os EUA intensificaram a ajuda militar que já vinham concedendo ao governo de Tchombe.
Os partidários de Lumumba, em resposta, transformaram 60 norte-americanos e 800 belgas em reféns de guerrilha, o que levou a Bélgica a preparar uma ação de resgate, provocando o fuzilamento de 60 reféns pelos guerrilheiros; os demais foram libertados.
O presidente Kasawubu, em 1965, demitiu o primeiro-ministro Tchombe e logo em seguida o general Mobutu deu um golpe e assumiu a Presidência do país, que, em 1971, denominando-o de República do Zaire. Em 1997, em meio a uma verdadeira guerra civil, Mobutu saiu do Zaire. Controlada por revolucionários, a região passou a denominar-se República Democrática do Congo.

O Fim do Império Colonial Português

A independência das colônias africanas portuguesas ocorreu por meio da negociação após a queda da ditadura salazarista. Apesar da negociação, a independência das regiões ocupadas anteriormente por Portugal sofreu um processo de guerra civil descrito pela disputa de diferentes etnias locais pelo poder. Financiadas pelos URSS ou EUA, as guerras de independência se intensificaram determinando um cenário trágico aos países colonizados.

Angola:

Em 1956, foi fundado o Movimento Popular pela Libertação da Angola – MPLA; que, em 1961, desencadeou as lutas pela independência, sob a liderança do poeta Agostinho Neto.
Outros dois movimentos surgiram dentro do processo de lutas de independência: a União Nacional para a Independência Total de Angola – UNITA; e a Frente Nacional de Libertação da Angola – FNLA.
Em 1974, foi assinado o Acordo de Alvor, segundo o qual os portugueses reconheceriam a independência da Angola em 1975, devendo ser formado um governo de transição formado pelo MPLA, UNITA e FNLA. Os três grupos iniciaram entre si uma série de divergências que resultaram em uma guerra civil e a invasão do país por tropas do Zaire e da África do Sul (apoiados pela FNLA e UNITA, respectivamente), que recebiam ajuda militar norte-americana;
O MPLA, liderado por Agostinho Neto, solicitou a ajuda de Cuba, e, em 1976, derrotou as forças da UNITA e da FNLA.


Moçambique:

Em 1962, foi criada a Frente de Libertação de Moçambique - Fremilo, por Eduardo Mondlane, que iniciou as lutas pela independência de orientação socialista.
Samora Machel, em 1969, assumiu a direção do movimento, que disputou, através da guerrilha, o controle do território.
Em 1975, Portugal reconheceu a independência da República Popular de Moçambique.

Consequências da Descolonização Afro-Asiática
Como consequências da descolonização destaca-se a criação de um novo bloco de países que, com a América Latina, compôs o Terceiro Mundo. A noção de Terceiro Mundo determinou o reconhecimento do subdesenvolvimento dos países recém emancipados politicamente, mas que mantem em sua estrutura econômica a dependência dos países desenvolvidos.
As guerras de independência intensificaram a pobreza e a desigualdade social na África, onde a ajuda humanitária da ONU torna-se fundamental para garantia dos sobreviventes das guerrilhas.

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