Embora as pequenas propriedades sejam menos produtivas que as do agronegócio, elas geram maior proporção de alimentos para o consumo humano. Foto National Geografic Brasil. |
Quando o assunto é
agricultura no Brasil, como historiadora, costumo repensar o modelo colonial
brasileiro que solidificou a concentração de terras através dos latifúndios
voltados para a produção monocultura e exportadora, com mão de obra escrava: o plantation.
O
trabalho humano empregado na terra torna-se um ponto de discussão importante
neste processo antigo que sustenta nosso país e nossa sociedade com a produção
de alimentos para exportação como café, soja, cana de açúcar. Insumos tão
antigos quanto nosso modelo agroexportador, que no cenário contemporâneo tenta
se inserir na Revolução Verde, e como mola da produção de alimentos para os
brasileiros tem a agricultura familiar, que ganhou força com técnicas de
plantio tradicionais e trabalho familiar
A agricultura familiar
é responsável por 70% da produção de alimentos consumidos na mesa dos
brasileiros, ela é reconhecida como uma forma de viabilizar o desenvolvimento
local com sustentabilidade econômica, social e cultural.
No contexto de relações
de trabalho precarizadas, informais, temporárias, sem vínculo empregatício, e
do alto índice de desemprego, a agricultura familiar gera postos de trabalho em
número bem maior que a agricultura empresarial, se preocupa com a
sustentabilidade socioeconômica e ambiental e preserva as tradições e os
costumes locais.
O desafio da
agricultura familiar é atender a demanda por alimentos orgânicos no mercado dos
saudáveis, que tem aproximado cada vez mais o meio urbano do meio rural, e
aquecido as relações econômicas em ambos os pólos.
No diálogo do
tradicional com moderno, a agricultura familiar concorre com o movimento da
Revolução Verde. A chamada “Revolução Verde”, iniciada na década de 1960,
orientou a pesquisa e o desenvolvimento dos modernos sistemas de produção
agrícola para a incorporação de tecnologia no campo visando a maximização dos
rendimentos dos cultivos.
Segundo o site
do Globo Ecologia http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2012/09/revolucao-verde-foi-um-programa-de-expansao-da-produtividade-agricola.html
na reportagem especial sobre a Revolução Verde, o
uso de máquinas e insumos agrícolas para modelos extensivos de produção de
alimentos, fibras e bicombustíveis fez com que o setor desse um grande salto de
produtividade, mas trouxe também consequências negativas. Os pequenos
produtores que não conseguiram se adaptar às inovações e não atingiram
produtividade suficiente para se manterem na atividade, acabaram migrando para
as grandes cidades, movimento conhecido como êxodo rural.
O interesse deste movimento
verde no cenário internacional consiste na ampliação da produtividade agrícola
na Ásia e na América Latina através de variedades aperfeiçoadas de sementes e
ao uso intensivo de fertilizantes, irrigação e mecanização. A utilização destas
técnicas agrícolas, associadas com uso de métodos de cultivo de tecnologia
avançada tem como objetivo obter o crescimento da agricultura orgânica, e
multiplicar a produtividade nessas regiões.
No Brasil, o programa
de modernização agrícola teve início com força na década de 1970, a partir da criação
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1971. A ideia era atender à
necessidade de instrumentos mais eficientes e articulação mais eficaz. Na mesma
época foi reestruturado e dinamizado o sistema nacional de assistência técnica
e extensão rural, por meio da criação da Empresa Brasileira de Assistência
Técnica e Extensão Rural (Embrater). A Revolução Verde, além da questão da
pesquisa, envolvia um sistema eficiente de treinamento, assistência técnica,
extensão rural e crédito agrícola.
Revolução Verde e
Agricultura Familiar são modos de produção distintos no contexto da agricultura
contemporânea, mas tem um objetivo comum no capitalismo sustentável: a produção
de alimentos e a agricultura orgânica.
No capitalismo sustentável as empresas buscam ampliar o lucro procurando se adequar às exigências dos consumidores preocupados com o uso predatório do meio ambiente, por isso a necessidade da tecnologia, buscando uma ação menos degenerativa aos recursos naturais atingindo o consumo das classes média e alta.
Neste extenso debate, a Unesco propôs como tema de trabalho para as escolas, o ano da Agricultura Familiar, onde trabalhos escolares devem ser desenvolvidos com os alunos como forma de aprofundar o tema em questão.
Para
apresentação do Fórum anual de Ciências Humanas, um grupo de alunos do 9º Ano,
formado pelos alunos Beatriz A, Giovana, Juliana, Rhayssa, Thiago R do Colégio
Internacional Signorelli; sob minha orientação, ficou responsável em trabalhar com História Local e Oral com depoimentos dos pequenos produtores sobre a produção familiar.
Com o trabalho intitulado
“Agricultura familiar: sustentabilidade socioeconômica e ambiental para a
preservação das tradições e os costumes locais”, os alunos tiveram que pesquisar
sobre o cotidiano das famílias e a importância da agricultura familiar para a
vida dos produtores locais. Para realização do trabalho, foi necessário que os
alunos retomassem as raízes históricas do modelo de agricultura brasileiro
pautado no latifúndio, para então compreender a importância das cooperativas e
da produção familiar como uma nova oportunidade de trabalho para o pequeno
produtor.
Um trabalho de campo
foi realizado e entrevistas com os pequenos agricultores que semanalmente fazem
a feirinha na Praça da Freguesia aos sábados pela manhã. Os alunos tiraram
fotos e fizeram vídeos com os depoimentos para apresentar no Fórum, maquetes
sobre o modelo de agricultora familiar contrapondo o modelo de latifúndio, e
foram vestidos como pequenos produtores rurais, buscando apresentar a história
local e suas histórias de vida.
Confira o resultado do
trabalho de campo com o depoimento do trabalhadores rurais.
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