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27 de agosto de 2014

REVOLUÇÃO VERDE, AGRICULTURA FAMILIAR: PARCEIROS NA ONDA DO CAPITALISMO SUSTENTÁVEL.

Embora as pequenas propriedades sejam menos produtivas que as do agronegócio, elas geram maior proporção de alimentos para o consumo humano. Foto National Geografic Brasil.
Quando o assunto é agricultura no Brasil, como historiadora, costumo repensar o modelo colonial brasileiro que solidificou a concentração de terras através dos latifúndios voltados para a produção monocultura e exportadora, com mão de obra escrava: o plantation.
            O trabalho humano empregado na terra torna-se um ponto de discussão importante neste processo antigo que sustenta nosso país e nossa sociedade com a produção de alimentos para exportação como café, soja, cana de açúcar. Insumos tão antigos quanto nosso modelo agroexportador, que no cenário contemporâneo tenta se inserir na Revolução Verde, e como mola da produção de alimentos para os brasileiros tem a agricultura familiar, que ganhou força com técnicas de plantio tradicionais e trabalho familiar
A agricultura familiar é responsável por 70% da produção de alimentos consumidos na mesa dos brasileiros, ela é reconhecida como uma forma de viabilizar o desenvolvimento local com sustentabilidade econômica, social e cultural.
No contexto de relações de trabalho precarizadas, informais, temporárias, sem vínculo empregatício, e do alto índice de desemprego, a agricultura familiar gera postos de trabalho em número bem maior que a agricultura empresarial, se preocupa com a sustentabilidade socioeconômica e ambiental e preserva as tradições e os costumes locais.
O desafio da agricultura familiar é atender a demanda por alimentos orgânicos no mercado dos saudáveis, que tem aproximado cada vez mais o meio urbano do meio rural, e aquecido as relações econômicas em ambos os pólos.
No diálogo do tradicional com moderno, a agricultura familiar concorre com o movimento da Revolução Verde. A chamada “Revolução Verde”, iniciada na década de 1960, orientou a pesquisa e o desenvolvimento dos modernos sistemas de produção agrícola para a incorporação de tecnologia no campo visando a maximização dos rendimentos dos cultivos.
na reportagem especial sobre a Revolução Verde, o uso de máquinas e insumos agrícolas para modelos extensivos de produção de alimentos, fibras e bicombustíveis fez com que o setor desse um grande salto de produtividade, mas trouxe também consequências negativas. Os pequenos produtores que não conseguiram se adaptar às inovações e não atingiram produtividade suficiente para se manterem na atividade, acabaram migrando para as grandes cidades, movimento conhecido como êxodo rural.
O interesse deste movimento verde no cenário internacional consiste na ampliação da produtividade agrícola na Ásia e na América Latina através de variedades aperfeiçoadas de sementes e ao uso intensivo de fertilizantes, irrigação e mecanização. A utilização destas técnicas agrícolas, associadas com uso de métodos de cultivo de tecnologia avançada tem como objetivo obter o crescimento da agricultura orgânica, e multiplicar a produtividade nessas regiões.

Mariam Kéita colhe amendoim em Siby, no Mali. A revolução verde – que mesclava sementes híbridas, fertilizantes e irrigação – nunca vingou na África. Por isso, hoje os países subsaarianos representam uma enorme possibilidade de aumentar a produtividade agrícola.Foto National Geografic Brasil.

No Brasil, o programa de modernização agrícola teve início com força na década de 1970, a partir da criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1971. A ideia era atender à necessidade de instrumentos mais eficientes e articulação mais eficaz. Na mesma época foi reestruturado e dinamizado o sistema nacional de assistência técnica e extensão rural, por meio da criação da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater). A Revolução Verde, além da questão da pesquisa, envolvia um sistema eficiente de treinamento, assistência técnica, extensão rural e crédito agrícola.
            Revolução Verde e Agricultura Familiar são modos de produção distintos no contexto da agricultura contemporânea, mas tem um objetivo comum no capitalismo sustentável: a produção de alimentos e a agricultura orgânica.
           No capitalismo sustentável as empresas buscam ampliar o lucro procurando se adequar às exigências dos consumidores preocupados com o uso predatório do meio ambiente, por isso a necessidade da tecnologia, buscando uma ação menos degenerativa aos recursos naturais atingindo o consumo das classes média e alta. 
           Neste extenso debate, a Unesco propôs como tema de trabalho para as escolas, o ano da Agricultura Familiar, onde trabalhos escolares devem ser desenvolvidos com os alunos como forma de aprofundar o tema em questão.
            Para apresentação do Fórum anual de Ciências Humanas, um grupo de alunos do 9º Ano, formado pelos alunos Beatriz A, Giovana, Juliana, Rhayssa, Thiago R do Colégio Internacional Signorelli; sob minha orientação, ficou responsável em trabalhar com História Local e Oral com depoimentos dos pequenos produtores sobre a produção familiar.
Com o trabalho intitulado “Agricultura familiar: sustentabilidade socioeconômica e ambiental para a preservação das tradições e os costumes locais”, os alunos tiveram que pesquisar sobre o cotidiano das famílias e a importância da agricultura familiar para a vida dos produtores locais. Para realização do trabalho, foi necessário que os alunos retomassem as raízes históricas do modelo de agricultura brasileiro pautado no latifúndio, para então compreender a importância das cooperativas e da produção familiar como uma nova oportunidade de trabalho para o pequeno produtor.
Um trabalho de campo foi realizado e entrevistas com os pequenos agricultores que semanalmente fazem a feirinha na Praça da Freguesia aos sábados pela manhã. Os alunos tiraram fotos e fizeram vídeos com os depoimentos para apresentar no Fórum, maquetes sobre o modelo de agricultora familiar contrapondo o modelo de latifúndio, e foram vestidos como pequenos produtores rurais, buscando apresentar a história local e suas histórias de vida.

Confira o resultado do trabalho de campo com o depoimento do trabalhadores rurais.










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