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22 de abril de 2010

As populares Gafieras.

A dança de salão se popularizou nos nobres salões das cortes com o surgimento do minueto, a primeira modalidade de dança surgida na França que permitia o contato entre damas e cavalheiros. Ao longo do século XVIII a valsa tomou os salões e popularizou a elegância e a apresentação dos casais nas pistas de dança. No entanto, nas classes mais baixas, a influência africana alegrava as ruas com a dança das umbigadas. O lundu impressionava os europeus com sensualidade dos passos ao som dos batuques e tambores trazendo para a dança de salão novas formas de movimentar o corpo, modificando a estética da etiqueta proveniente da nobreza.A mistura do som e do swing africano modificou a forma de consumo das músicas pelas elites. No Brasil do inicio do século XX, o chorinho, o maxixe e as modinhas invadiram os cafés e permitiram uma nova relação através das classes. A cultura brasileira era ditada pela mistura de ritmos, e os bailes ocorriam próximos à Lapa, na Praça Onze, e na Cidade Nova. A casa da Tia Ciata se caracterizou pelo berço do samba, como um pólo da resistência negra que atraia um público diverso que se espalhavam pelos cômodos que se dividiam em espaços destinados a dança, aos cultos, ao samba de roda e aos bailes.

O surgimento de gêneros musicais americanos e de novas tecnologias a partir da década de 1930 levou a música e a dança de salão a incorporarem ritmos diversos como: o bolero, o fox-trot, a salsa, rumba, mambo, tcha tcha tcha, entre outros ritmos que passaram a ditar a moda dos salões, e tornaram-se populares nas rádios e meios de comunicação. Com o crescimento da indústria fonográfica e da música popular, as gafieiras passam a se tornar espaços de forte atração não só das classes populares, mas também de classes médias e altas interessadas em dançar ao som dos ritmos tradicionais e nacionais como o samba, o maxixe, e outros gêneros internacionais que compunham a moda do momento.

Nas décadas de 1920 e 1930, as gafieiras do Elite– localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro, e a Estudantina Musical– que funciona na Praça Tiradentes, se transformaram em bailes tradicionais de dança de salão, com regras de conduta, comportamento e etiqueta, além de atrair um público diversificado étnico, culturalmente e socialmente.

A Gafieira enquanto um espaço multicultural se caracterizou como o espaço das “gafes”, ou seja, da quebra da etiqueta, da malandragem, do malandro, e da própria evolução do samba enquanto modalidade de dança. Nos salões os dançarinos misturam os passos clássicos as novas tendências e compassos das músicas atuais. O samba tradicional, classificado pelos dançarinos como um dos ritmos mais bonitos e mais difíceis da dança de salão, misturou-se ao funk e ao hip hop, e atualmente, contagia a juventude com um swing particular e um estilo que você poderá conferir aqui no Blog Pensado Alto com os vídeos da Cia. de Dança Raízes e dos dançarinos Sirley e Willians Ribeiro. Não percam!

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