"Apareceu no sertão do Norte um indivíduo, que se diz chamar Antônio Conselheiro e que exerce grande influência no espírito das classes populares. Deixou crescer a barba e os cabelos, veste uma túnica de algodão e alimenta-se tenuemente, sendo quase uma múmia. Acompanhado de duas professas, vive a rezar terços e ladainhas e a pregar e dar conselhos às multidões, que reúne onde lhes permitem os párocos”. (Citação retirada do folheto de Laemmert de 1877, reproduzida por Euclídes da Cunha em "Os Sertões").
A Guerra dos Canudos ocorreu no final do século XIX no período de
O movimento social de canudos esbarrou com o incio da 1ª República brasileira, onde ganhou caráter de revolta contra a estratégia de dominação oligarquica, opondo-se a exclusão social, a miséria e dominação politica exercída pelos coronéis e fazendeiros da região. O episódio foi fruto de uma série de fatores, tais como: a grave crise econômica e social pela qual passava a região na época, historicamente caracterizada por latifúndios improdutivos, secas cíclicas e desemprego crônico. Com a chegada de antonio Conselheiro a Belo Monte, o arraial passou a abrigar mais de 25.000 mil habitantes insatisfeitos com a pobreza e exluídos do acesso à terra. Estes sertanejos enxergavam em Conselheiro a figura de um messias que os guiaria à libertação e a salvação eterna. Desta maneira, para os historiadores, a Guerra de Canudos acabou por se caracterizar em um confronto entre o exército brasileiro e integrantes de um movimento popular de cunho messiânico e sócio religioso.
Os grandes fazendeiros da região, a imprensa e o clero incomadavam-se com a expanssão do arraial e dos devotos a Conselheiro, pois para os integrantes de Canudos a justificativa da exclusão social que sofriam estaria relacionada com a proclamação da República. Os sertanejos reivindicavam a falta de emprego, os altos impostos a serem pagos pela utilização da terra, e com isso afirmavam a importancia do retorno da monarquia. Foi então que os latifundiários iniciaram um forte grupo de pressão junto à República, recém instaurada, pedindo que fossem tomadas providências contra líder messiânico e seus seguidores.
Com a forte presença da imprensa na cobertura do movimento, e em destaque para Euclides da Cunha, escritor do beste seller “Sertões”, muitos jornais que noticiavam o motim dos sertões contribuíram para criar rumores de que Canudos se armava para atacar cidades vizinhas e partir em direção à capital para depor o governo republicano, reinstalando a Monarquia.
Como forma de dar fim ao movimento, o exército brasileiro foi mandado para Canudos em três expedições militares que saíram derrotadas, inclusive uma comandada pelo Coronel Antônio Moreira César, conhecido como "corta-cabeças" por ter mandado executar mais de cem pessoas a sangue frio na repressão à Revolução Federalista
Na quarta expedição o exercíto brasileiro utilizou a estratégia de cortar o fornecimento de agua do arraial, contaminando a água, e edesta forma obrigando os sertanejos a saírem de Belo Monte. Em 5 de abril de 1897 muitos amotinados se renderam. A guerra terminou com a destruição total de Canudos, a degola de muitos prisioneiros de guerra, e o incêndio de todas as 5.200 casas do arraial. Antonio Conselheiro foi encontrado morto, não se sabe se por uma granada ou por disinteria.
Nas palavras de Euclides da Cunha: “Fechemos este livro.Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados”.
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