CRÔNICAS DA VIDA.
A
crônica é um gênero textual narrativo que tem como objetivo relatar os
acontecimentos e fatos do cotidiano. Este tipo de texto é muito comum de ser
encontrado em colunas de jornais e revistas, onde os cronistas escrevem
histórias do dia a dia, utilizando uma linguagem leve cuja
intenção é captar o leitor com narrativas comuns a realidade diária.
Durante
o curso de Redação e Roda de Leitura, os colaboradores exercitaram a escrita
livre e o olhar sensível, como bons cronistas, criando textos que envolvem a rotina do trabalhador, o ambiente de trabalho, e a insegurança frente à falta
de uma política de segurança eficaz na cidade do Rio de Janeiro.
Confira!
O dia a dia do trabalhador.
Autor: Michel Silva
Quem
pensa que a vida do trabalhador é fácil?
Carlos
acorda todo dia às três da manhã quando seu telefone desperta. Como todo
trabalhador, demora mais uns trinta minutos para levantar criando aquela coragem
para entrar no banho. Levanta, e logo depois de tomar uma bela ducha de água
quente e se arrumar, já com a roupa de trabalho, Carlos dá um beijo em seu
filho Joaquim e segue para a segunda etapa do dia.
Por
volta das quatro e meia da manhã, Carlos anda uns trinta minutos em meio a
escuridão e ventos sombrios até chegar ao primeiro ponto de ônibus. Entra na
estação, e como de costume, é recebido com aquele bom dia por Paulo, o
segurança da estação.
Carlos retribui o bom dia, e em
seguida continua a viagem no primeiro ônibus.
Depois
uma hora no coletivo, que vai enchendo a cada parada, até Carlos não poder se
levantar, é preciso ficar de pé para não perde o ponto.
Por
volta das seis da manhã, Carlos desce do primeiro ônibus e pega a segunda
condução. E em trinta minutos chega ao destino: a empresa em que trabalha.
É
lá que com muito orgulho ele passa oito horas do dia trabalhando, em meio aos
grandes desafios que a profissão lhe proporciona. A cada dia que passa na
empresa, Carlos conhece pessoas maravilhosas, desde clientes a colaboradores.
No
final de mais um expediente, ele sai com a sensação de dever cumprido.
E
amanhã será um novo dia para o trabalhador.
A Loja
Autor: Renato Penha
Estava tudo
parado! Tudo engarrafado na Avenida Brasil, não importava qual condução pegar:
trens, táxi, ônibus, Uber. Até mesmo um helicóptero, pois não teria onde
pousar. É sempre assim! Tudo engarrafado! E ainda continuo no mesmo lugar. Mas
sei que vou chegar na minha loja, que fica logo ali, em Ipanema, perto do
metrô, do lado da Loja Americana, número 504. Viu?! Não é difícil de chegar!
Dez passos da calçada é o que o cliente leva até a Loja. Até isso eu sei.
Dez passos da calçada é o que o cliente leva até a Loja. Até isso eu sei.
A Loja não
é tão grande, mas vende muito! É muito bem localizada: no coração de Ipanema!
Tem uma bela exposição de orquídeas de todas as cores. E o cheirinho?! De croissant!
Que é assado na hora.
São
duzentos e dez colaboradores. Esse é o efetivo da loja. Uma parte trabalha no
açougue, outra no laticínio, na padaria, na pizzaria e nas demais seções para
melhor atender nossos clientes.
É a Loja dos ovos de ouro! Quando a loja vai bem com certeza
a empresa está bem. Mas quando vai mal... Não param de ir diretores,
compradores gente do alto escalão, para ver o porquê dos resultados. Loja
grande vende muito e também demanda muito trabalho. São tantos afazeres que
quando vejo já está na hora de ir para casa. Porém, quando saio, vejo alegria
de cada colaborador por receber aquele dinheirinho extra.
A Loja não
mudou de endereço e continua no mesmo lugar. Sei que um dia vou ser transferido
como muitos que passaram por aqui. Mas de uma coisa eu sei: a loja vai sempre
estar de braços abertos para todos os perfis de colaboradores, fornecedores e
clientes.
Achei que fosse vida real, mas não passava de cena de novela.
Autora: Vânia Leila
Alguns
dias atrás eu estava assistindo ao noticiário do Jornal Nacional e fiquei
perplexa ao ver a situação do confronto entre bandidos na Rocinha, que estavam
brigando pelo controle do poder na comunidade.
O
governo federal resolveu agir enviando tropas militares para ajudar na captura
desses delinquentes, e tentar levar um pouco de paz para a maior comunidade da
América Latina.
Confesso
que fui dormir impressionada com os tiroteios e com a situação de pânico que os
moradores estão vivendo.
No
dia seguinte, voltando para casa depois de uma rotina cansativa de trabalho, me
deparo com vários ônibus de cores pretas estacionados na rua principal de onde
moro. Achei aquilo muito estranho. Primeiro, pelo fato de estarem enfileirados
na principal rua de Curicica, e segundo por não serem ônibus comuns de
passageiros.
Quando
entro na rua que dá acesso a minha casa, vejo em torno de cinquenta policiais,
muito bem armados, de toucas pretas e conversando alegremente. Aquela cena me
assustou. Na mesma hora pensei: “Será que está acontecendo aqui a mesma invasão
de bandidos que houve na Rocinha e a policia veio intervir?”
Entrei
imediatamente na padaria da esquina e perguntei assustada a moça do balcão o
que estava acontecendo, e ela então respondeu sorrindo:
-
Não se preocupe! É apenas uma gravação da novela da Globo.
Na
hora comecei a gargalhar aliviada, mas depois bateu uma tristeza enorme em
pensar que ali era apenas uma gravação, e na comunidade da Rocinha acontece
aquela dura realidade.
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