Karl MARX |
1) RAIZES:
O pensamento
de esquerda tem origem em dois processos históricos fundamentais ocorridos no
século XVIII: a Revolução Industrial e as Revoluções Burguesas.
A
Revolução Industrial transformou as relações de produção e as relações de
trabalho consolidando o capitalismo e dando origem ao proletariado. As
transformações na esfera produtiva e a centralização do trabalho assalariado
como produto do trabalho, determinaram à perda da identidade e a alienação do
trabalhador.
A
ampliação do exército industrial de reserva, a falta de direitos e
regularização da jornada de trabalho, a exploração do trabalho feminino e
infantil, a pobreza generalizada dos operários contribuiu para a organização do
movimento dos trabalhadores.
Paralelo
à Revolução Industrial que estabeleceu o poder econômico da burguesia através
do capitalismo industrial, as Revoluções Burguesas tiveram como objetivo acabar
com o Estado Absolutista e instituir o Estado Burguês através do Liberalismo.
Neste processo, que ocorreu de forma diversificada na Inglaterra (1680), nos
EUA (1776) e na França (1789), como eixo comum, a burguesia lutou pelo fim dos
privilégios feudais e da hereditariedade, pela igualdade de direitos e pela abertura
comercial e econômica.
O
apoio das classes populares ao longo das revoluções burguesas levou ao fim do
Absolutismo, e a normatização da igualdade de direitos na esfera legislativa. A
luta de classes permaneceu ativa no processo de consolidação das relações
capitalistas, e passou a ser analisada por Karl Marx como o alicerce histórico
da tomada de poder pela classe operário e da revolução comunista.
2) ALEMANHA NO SÉCULO XIX:
A
teoria marxista rompeu com a filosofia e o idealismo hegeliano, atribuindo o
materialismo histórico como método de análise.
O
materialismo histórico compreende a evolução dos modos de produção. A passagem
de um modo de produção para o outro se dá no momento em que o nível de
desenvolvimento das forças produtivas entra em contradição com as relações
sociais de produção. Para tal, Marx descreve as transformações econômicas
através: comunismo primitivo, do escravismo na antiguidade, do feudalismo e do
capitalismo.
Para
Marx, a essência humana é o conjunto das relações sociais. E o que indivíduos
são depende das condições materiais da sua produção. O modo de produção da vida
material condiciona o processo geral da vida social, política e espiritual.
Desta
forma, o trabalho ganha centralidade na teoria marxista e tem relação direta
com a essência humana, com o processo criativo, com a produção de mercadoria e
de valor. O trabalho humano é a força produtiva e esta presente em todo as
etapas da produção de uma mercadoria e por isso à ele é agregado valor.
O
trabalho assalariado rompe com o conceito de trabalho marxista fundamentado na
essência humana e criador de valor, pois está inserido no modo de produção
capitalista como mercadoria. As relações de trabalho capitalistas incluem
também a alienação do trabalhador do produto do trabalho e do processo
produtivo, e a mais valia, que implica no trabalho não pago e fonte de lucro do
capitalista.
A
luta de classes é o motor da História e na conjuntura do capitalismo industrial
a classe proletária possui um caráter revolucionário. Mas para que os
proletários liderassem a revolução era necessário que tomassem consciência da
sua importância quanto classe no processo produtivo, e para isso Marx escreveu
o Manifesto Comunista (1848).
“Em suma, em toda parte os comunistas apóiam todo o movimento
revolucionário contra a ordem social e política vigente. Em todos esses
movimentos põem em primeiro lugar, como questão fundamental, a questão da
propriedade, não obstante o grau de desenvolvimento alcançado na época.
Finalmente, em toda parte os comunistas trabalham pela união e entendimento dos
partidos democratas de todos os países. Os comunistas não se rebaixam em
dissimular suas idéias e seus objetivos. Declaram abertamente que seus fins só
poderão ser alcançados pela derrubada violenta das condições sociais
existentes. Que as classes dominantes tremam diante da revolução comunista! Os
proletários nada têm a perder senão os seus grilhões. Têm um mundo a ganhar.
Proletários de todos os países, uni-vos!” (Trecho Manifesto Cominista).
3) PREFÁCIO À EDIÇÃO
RUSSA DE 1882 A
PRIMEIRA EDIÇÃO RUSSA do MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA, TRADUÇÃO DE
BAKUNIN, FOI PUBLICADA EM PRINCÍPIOS DA DÉCADA DE 1860.
Então, o Ocidente via nessa edição uma simples curiosidade literária.
Hoje em dia tal idéia seria impossível. O campo limitado do movimento
proletário daquela época (dezembro de 1847) está expresso na última parte: a
posição dos comunistas em relação aos vários partidos de oposição nos
diferentes países. A Rússia e os Estados Unidos, precisamente, não foram mencionados.
Era a época em que a Rússia se constituía na última grande reserva da reação
européia e em que os Estados Unidos absorviam o excesso das forças proletárias
da Europa, que para lá emigravam. Ambos os países proviam a Europa de matérias
primas, sendo ao mesmo tempo mercado para a venda de seus produtos industriais.
De uma maneira ou de outra, eram, portanto, sustentáculos do sistema vigente na
Europa. Que diferença hoje! Justamente a imigração européia foi que
possibilitou à América do Norte a produção agrícola em proporções gigantescas,
cuja concorrência está abalando os alicerces da propriedade rural européia — a
grande e a pequena. Ao mesmo tempo, deu aos Estados Unidos a oportunidade de
explorar seus imensos recursos industriais, com tal energia e em tais
proporções que, dentro em breve, arruinarão o monopólio industrial da Europa
ocidental, especialmente o da Inglaterra. Essas duas circunstâncias repercutem
de maneira revolucionária na própria América do Norte. Pouco a pouco, a pequena
e a média propriedade rural, a base do regime político em sua totalidade, está
sucumbindo diante da competição das fazendas gigantescas; ao mesmo tempo,
formam-se, pela primeira vez, nas regiões industriais, uma massa proletária e
uma concentração fabulosa de capitais. E na Rússia? Durante a revolução de
1848-49, os príncipes e a burguesia europeus viam na intervenção russa a única
maneira de escapar do proletariado que despertava. O czar foi proclamado o
chefe da reação européia. Hoje ele é, em Gatchina, o prisioneiro de guerra da
revolução e a Rússia forma a vanguarda da ação revolucionária na Europa. O
Manifesto Comunista tinha como objetivo a proclamação do desaparecimento
próximo e inevitável da moderna propriedade burguesa. Mas na Rússia vemos que,
ao lado do florescimento acelerado da velhacaria capitalista e da propriedade
burguesa, que começa a desenvolver-se, mais da metade das terras é possuída em
comum pelos camponeses. O problema agora é: poderia a obshchina russa, apesar
de muito deteriorada, ainda uma forma primitiva da propriedade comum da terra
transformar-se diretamente na propriedade comunista? Ou, ao contrário, deveria
primeiramente passar pelo mesmo processo de dissolução que constitui a evolução
histórica do Ocidente? Hoje em dia, a única resposta possível é a seguinte: se
a Revolução Russa constituir-se no sinal para a revolução proletária no
Ocidente, de modo que uma complemente a outra, a atual propriedade comum da
terra na Rússia servirá de ponto de partida para a evolução comunista.
Karl Marx e Friedrich Engels Londres, 21 de janeiro de 1882
4) A APROPRIAÇÃO DO MARXISMO AO LONGO DO SÉCULO XX:
A
teoria marxista teve ampla aceitação teórica e metodológica tanto como política
como revolucionária, transformando-se no alicerce do pensamento de esquerda
mundial. È importante destacar a diferença entre o socialismo utópico do qual se
defendia transformações sociais sem romper com as relações capitalistas, do
socialismo científico, da qual a teoria marxista está inserida e propõe o
rompimento das relações capitalistas através da revolução comunista e da
ditadura do proletariado.
No
entanto, a teoria marxista é diferente do movimento de esquerda.
Em
1864, em Londres, Karl Marx e Friedrich Engels estruturaram a 1ª Associação
Internacional de Operários ou a 1ª Internacional, promovendo a organização e
defesa dos operários em nível internacional. Em 1873, a difusão das ideias e
das propostas marxistas ficou por conta dos sindicatos e partidos existentes em
diversos países, o que determinou uma diversificação de leituras e correntes do
marxismo.
Com
a formação dos Partidos Comunistas o ideal revolucionário ganhou difusão
internacional consolidando-se após a Revolução Russa em 1917. Tal objetivo
ganhou força após a 3ª Internacional ocorrida em 1919 – Comiterm, que procurou
difundir os ideais comunistas e organizar os partidos e a luta dos operários
para tomada de poder.
Ganharam
destaque as lideranças comunistas do inicio do século XX:
- Rosa Luxemburgo (1870/1919): alemã que acreditava no socialismo como um desenvolvimento histórico realizado a parir da ação do proletariado consciente.
- Lênin (1870/1922) líder do partido bolchevique e da Revolução Russa 1917, que incorporou a organização proletária através da criação de um partido revolucionário para tomada de poder.
- Trotsky (1879/1940): membro do partido bolchevique, defendia a revolução permanente e de extensão a outros países.
- Stalin (1878/1953): sucedeu Lênin como chefe de Estado da URSS e acreditava no socialismo em um país só. Propagou o socialismo autoritário.
- Gramsci (1891/1937): desenvolveu reflexões sobre a importância da ideologia. Cunhou o conceito de hegemonia reforçada pela educação e pela mídia. Acreditava que a revolução ocorreria pela classe trabalhadora através da contra-ideologia.
A partir dos anos 1960/1970, no período de Guerra-Fria, o marxismo
deixou de ser um método de transformação social para se tornar uma ideologia
alicerçada na vulgarização e apropriação teórica por diferentes movimentos
sociais que se classificam como esquerda. Foram tempos difíceis de polarização
ideológica e de luta pela hegemonia mundial entre EUA e URSS.
Esta apropriação diversificada contribuiu para que o marxismo assumisse
diferentes críticas que envolviam o determinismo histórico, a centralidade da
teoria no economicismo, a leitura reformista de perspectiva social-democrata
por muitos partidos que se intitulam como de esquerda.
Com fim da URSS, o isolamento em Cuba, a queda do Muro de Berlim, e o
exemplo das experiências mundiais com o socialismo autoritário, não significaram
o fim da história para o socialismo, nem o aparente esgotamento da postura
teórica marxista. Na verdade, as contradições da leitura marxista em diferentes
momentos da História, demonstraram a importância de distinguir as realidades e
respeitar cientificamente as especificidades e historicidade de cada uma dessas
manifestações no processo de desenvolvimento universal da sociedade humana.
A teoria marxista elucida a metodologia dialética com materialismo
histórico até hoje, e é a base das Ciências Humanas e da filosofia
revolucionária.
DE OLHO NO VESTIBULAR:
1) Que relação Marx estabelece entre trabalho e valor?
R: PARA MARX, TUDO QUE É CRIADO PELO HOMEM CONTÉM EM SI TRABALHO. ELE
É A ESSENCIA HUMANA E CRIATIVA QUE PRODUZ MERCADORIA E AGREGA O VALOR DE TODO O
PROCESSO PRODUTIVO.
2) O que é modo de produção? Qual é a importância para análise que Marx
faz da sociedade?
R: O MODO DE PRODUÇÃO COMPREENDE A ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DA
SOCIEDADE ATRAVÉS DOS DIFERENTES PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO
EXISTENTES NA HISTÓRIA, DESCRITOS POR MARX COMO: COMUNISMO PRIMITICO,
ESCRAVISMO NA ANTIGUIDADE, FEUDALISMO E CAPITALISMO.
3) Caracterize a teoria do materialismo histórico:
R: É O MÉTODO FILOSÓFICO CIENTIFICO BASEADO NA REALIDADE HISTÓRICA SOCIAL
COMO UM CONJUNTO DE RELAÇÕES CONCRETAS QUE CARACTERIZAM CADA SOCIEDADE NUM
TEMPO E ESPAÇO DETERMINADOS. ELE BUSCA A TOTALIDADE ATRAVÉS DO CONSTANTE
DESLOCAMENTO DO GERAL PARA O PARTICULAR, DAS LEIS MACROSSOCIAIS PARA AS
MANIFESTAÇÕES HISTÓRICAS, DO MOVIMENTO ESTRUTURAL DA SOCIEDADE PARA AÇÃO HUMANA
INDIVIDUAL E COLETIVA.
VÍDEO SOBRE A TEORIA MARXISTA:
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