Publicado em 24/06/2013. Disponivel em: www.blogdaboitempo.com.br
Por Giovanni Alves.
A onda massiva de protestos a que
assistimos nas ruas das cidades brasileiras é o que poderíamos considerar como
sendo a revolta do precariado, camada social da classe do proletariado
constituída por jovens altamente escolarizados desempregados ou inseridos em
relações de trabalho e vida precárias (a pesquisa DataFolha de
21 de junho de 2013, constatou que a maioria dos manifestantes – 63% – têm
entre 21 e 35 anos; e 78% têm ensino superior). Deste modo, o conceito de precariado
possui um nítido recorte geracional e uma candente inserção de classe.
É claro que o movimento social
que cresceu semana passada no Brasil não se reduz tão-somente à camada social
do precariado, embora ele constitua efetivamente a espinha dorsal da onda de
protestos sociais que tomaram as ruas. Na medida em que foi adquirindo
amplitude e exposição midiática, inseriram-se outras camadas sociais da classe
do proletarido, principalmente as camadas médias – ou vulgo “classe média” –
inquietas com a precarização existencial e incisivamente manipuladas pelos mass
media.
Na verdade, num segundo momento
da onda de protestos, deslumbrados pela projeção midiática, e interpelados pela
mídia liberal-conservadora, frações da “classe média” brasileira se inseriram
nas manifestações de massa. O partido dos mass media (rede de TVs e grandes
jornais), verdadeiros intelectuais orgânicos da burguesia financeira
hegemônica, se articularam e passaram a pautar o protesto de rua com o apoio
entusiasmado da “classe média” conservadora. Utilizando seu poder ideológico,
os mass-media esterilizaram o movimento social do precariando, obnubilando seu
caráter de classe radical e seu apoio nas representações dos partidos políticos
de esquerda. A revolta do precariado tornou-se mero movimento patriótico de
ocupação das ruas com uma pauta reivindicatória difusa baseada no combate à
corrupção possuindo, deste modo, nítido caráter de oposição de direita ao
governo Dilma.
*
É importante salientar que o
precariado como camada social do proletariado é, em si e para si, profundamente
contraditório, tendo em vista que ele incorpora as contradições candentes da
ordem do capital em sua etapa de crise estrutural. Na medida em que o
precariado é constituído por jovens altamente escolarizados, ele tende, por um
lado, a incorporar a contradição radical entre, por um lado, os sonhos de
consumo e anseios de ascensão social, e por outro, os carecimentos radicais
inscritos na busca por uma vida plena de sentido – carecimentos radicais
incapazes de serem realizados no seio da ordem burguesa. Enfim, no seio do
precariado reside a contradição radical da forma-mercadoria entre valor de
troca e valor de uso.
O precariado como verdadeira
“contradição viva” incorpora, com sensibilidade social, a precarização
existencial inscrita na ordem burguesa hipertardia. Não se trata apenas da precarização
salarial que atinge a larga parcela de jovens inseridos em relações de trabalho
precários, mas a precarização existencial ou precarização do
homem-que-trabalha, que deriva das condições de existência alienada da vida
urbana precária. Na verdade, a precarização do trabalho está efetivamente
contida, por exemplo, na precarização do trajeto entre residência e local de
trabalho, na circulação e na mobilidade urbana precária (o tema do transporte
público). A precarização do trabalho está presente também na precarização do
tempo de vida assolado pelos requisitos do trabalho estranhado e no tempo livre
manipulado pelo consumo e o lazer superficial e alienante. A precarização do
trabalho deriva não apenas da organização do trabalho flexível, mas também do
modo de vida just in time, promovendo uma nova dimensão de desefetivação
humano-genérica: a precarização existencial ou a precarização do homem-que-trabalha,
conceito discutido no meu último livro Dimensões da precarização do trabalho.
Enfim, o precariado, como camada
social média do proletariado está exposto, em si e para si, com maior
intensidade, à manipulação da ordem burguesa e por isso vive com maior
intensidade a precarização do trabalho, tanto no sentido de precarização
salarial, quanto no sentido de precarização existencial. O precariado tende a
estar convulsionado, deste modo, pelo estranhamento posto como carência de
futuridade e de realização pessoal.
É importante salientar que largas
frações da camada social do precariado incorporam, por um lado, a ideologia de
“classe média”, tendo em vista sua posição na estratificação social. Como
pertencentes às camadas médias, eles estão expostos à manipulação intensa e
extensa dos mass media, compartilhando, deste modo, valores sociais da velha
“classe média”. O que significa que tendem a absorver a “aberração cognitiva da
classe média” (como diria Marilena Chaui), sendo em si politicamente ignorantes.
Entretanto, apesar disso, carregam no peito contradições candentes oriundas de
sua posição objetiva de classe. Isto é, embora cultivem aspirações fetichistas
de consumo e adotem o individualismo competitivo próprio do ethos burguês,
estão profundamente imersos na condição de proletariedade. Por isso, o
sentimento moral imediato de parcelas amplas do precariado é a indignação.
Por um lado, a parcela do
precariado despolitizado e indignado torna-se refém das ideologias reacionárias
de direita ou extrema direita. Por outro lado, a parcela do precariado mais
politizada e inquieta com a condição de proletariedade tende a assumir, em sua
ampla maioria, a ideologia do proletariado radicalizado que encontra no
esquerdismo seu leito natural. Estes são os pólos antípodas da alma do
precariado, manipulados, em seus limites antitéticos, pelas forças políticas da
esquerda e extrema esquerda (por exemplo, comunistas revolucionários,
anarquistas ou anarcoliberais) e, na outra ponta do espectro político, pelas
forças políticas da direita liberal, reacionária e neofascista.
É isto que explica os dois tempos
da revolta do precariado no Brasil: num primeiro momento, o movimento social
foi conduzido pelas forças de esquerda radicalizada e, num segundo momento,
interpelado pela mídia liberal-conservadora, o movimento social foi
hegemonizado, em suas demandas políticas, pelas forças da ideologia da “classe
média” liberal de cariz neofascista. O caráter dual – intrinsecamente
contraditório – da alma do precariado e do seu movimento social tende a ser
explorado e manipulado pelo poder da ideologia a serviço dos interesses da
ordem burguesa hegemônica.
O que une o precariado é a sua
imersão em carecimentos sociais e carecimentos radicais próprios da condição de
proletariedade. Um detalhe: podemos conceber também um lumpemprecariado, isto
é, uma franja de jovens trabalhadores altamente escolarizados imbuídos do
espírito de irracionalismo social que caracteriza o sociometabolismo da ordem
burguesa apodrecida. O lumpenprecariado, como expressão suprema da barbárie
social, tende a fazer o culto da violência como fim em si mesmo, aliando-se
objetivamente, nesse caso, às tenebrosas forças políticas neofascistas que, nas
condições de governos democráticos, visam desestabilizá-los.
Deste modo, percebe-se que a
“classe social” do proletariado é uma classe social complexa demarcada por
camadas sociais e frações de classe, cada uma com uma cultura e psicologia
social própria. No caso da camada social do precariado, o que lhe caracteriza
radicalmente é o recorte geracional e a inserção num determinado status
educacional, com a carga ideológica que lhe é própria. De repente, tornou-se
visível nas ruas do País, a nova expressão do proletariado brasileiro que
reside principalmente nas grandes cidades do país. Em sua larga maioria, o
precariado é composto por estudantes. Podemos considerar o estudante como um
trabalhador assalariado em formação.
A condição social de estudante é
hoje uma condição precária, tendo em vista a candente falta de expectativa de
futuro profissional, aliada à organização das escolas (inclusas universidades
públicas e privadas), que se tornaram verdadeiras máquinas de moer gente – no
sentido em que elas incorporaram, para alunos e professores, a lógica do
espírito do toyotismo: intensificação do trabalho escolar, com pressão e
assédio moral visando cumprimento de metas tendo em vista a obtenção do diploma
universitário. É a lógica da obtenção de resultados e desempenho produtivista.
E pior, no caso dos estudantes, sem perspectivas palpáveis de realização
profissional futura.
O que significa que a alta
escolarização não garante realização profissional. Pelo contrário, a
escolarização se confunde com a própria desqualificação social. O titulado
escolar tornou-se apenas uma peça substituível na engrenagem do capital. Na
medida em que, cada vez mais, jovens de alta escolarização passam a compor a
superpopulação relativa a serviço da produção do capital, aumenta a
concorrência no seio da classe trabalhadora, com a maioria dos jovens titulados
inserindo-se em relações de trabalho precário, não conseguindo realizar, deste
modo, aquilo que lhe prometeram ao dedicar-se, de corpo e alma, aos estudos
escolares: o sucesso profissional com um bom emprego capaz de lhes garantir
carreira, consumo e família.
Em seu livro A construção da
sociedade do trabalho no Brasil, o sociólogo Adalberto Cardoso descobre, embora
sem o saber, o celeiro de produção do precariado no Brasil. Esta longa citação
é interessante. Diz ele:
“Em 30 anos (1976-2006), ocorreu
uma deterioração das chances de inserção ocupacional dos mais qualificados.
Isto é, se até 1976 a
maior escolaridade abria as portas das melhores ocupações urbanas, em 2006 esse
já não parecia o caso. É a isso que denomino inflexão do padrão desenvolvimentista
de inserção ocupacional, resultante da operação de três vetores principais: o
adiamento da entrada dos jovens no mercado de trabalho; o desemprego no início
das trajetórias de vida; e o consequente aumento da competição pelas posições
de mercado. Ou seja, a escola adquiriu cada vez maior centralidade nas chances
de inserção dos jovens, mas essas chances tornaram-se muito mais restritas e de
acesso mais lento em comparação com os jovens de gerações anteriores.”
Portanto, a inflexão do padrão
desenvolvimentista de inserção ocupacional que persiste ainda hoje no Brasil,
mesmo com dez anos de neodesenvolvimentismo, criou e ampliou a camada social do
precariado que convulsiona as ruas hoje.
Na verdade, a escolarização na
ordem burguesa é um lastro de ilusões e despercepção da condição de classe. O
cultivo de sonhos, expectativas e valores de mercado pela juventude proletária
altamente escolarizada persegue o precariado, confundindo sua condição de
classe e disseminando nele a cultura do individualismo próprio do ethos da
sociedade das mercadorias. Ao mesmo tempo, a profunda manipulação da ordem do
capital os inquieta radicalmente, levando-os às ruas para se expressarem como
multidão. A catarse coletiva da multidão do precariado, em sua dimensão
contingente, expõe sua insatisfação com as necessidades sociais não satisfeitas
pelos anos de neodesenvolvimetismo; e mais do que isso, expressa
tendencialmente os carecimentos radicais inscritos no próprio ser do precariado.
Enfim, esta é a contradição suprema deste ser social que se manifesta e se
organiza por meio das redes sociais (Facebook e Twitter, predominantemente) e
que sai às ruas para dizer: “nós somos a contradição viva carente de direção
política radical no sentido de assumir em si e para si a consciência de classe
capaz de construir a democratização radical da sociedade”.
*
Temos salientado que o precariado
representa em si e para si a carência de futuridade intrínseca à ordem do
capital. Por isso são suscetíveis a absorverem em suas atitudes sociais, formas
de irracionalidade que caracterizam a ordem decadente do capital. A
carência de futuridade deriva daquela “presentificação crônica” constatada por
Eric Hobsbawn há alguns anos e que caracteriza o sociometabolismo da barbárie
social. Na ótica liberal, não existe nada para além do capitalismo, a não ser o
próprio capital em sua forma arcaica (as experiências pós-capitalistas do
século XX). No princípio, era o homem burguês – eis o que diz o livro do “Genesis”
do capital. Esta é a perspectiva epistemológica e moral da economia política
tão criticada por Marx. A presentificação histórica do capitalismo tal como
operava a economia política é a versão clássica (e elegante) da presentificação
crônica que entorpece o precariado sob capitalismo manipulatório.
Como observou o filósofo Henri
Bérgson no começo do século XX, “nós praticamente só percebemos o passado”, com
o “presente puro sendo o avanço invisível do passado consumindo o futuro”. O
que significa que o “presente puro” não existe; ele é apenas “o passado
consumindo o futuro”. O que Bergson descreve, sem o saber, é a ontologia da
temporalidade do capital, onde o passado, com sua inércia amortecedora, domina
o presente, elimanando as chances de uma ordem futura qualitativamente
diferente.
Na verdade, para István Mészáros
o capital caracteriza-se por uma “temporalidade decapitada”, isto é, uma
temporalidade restauradora, “a paralisante temporalidade restauradora do
capital”, tendente a construir um “futuro” como uma espécie de versão do status
quo ante. Deste modo, a temporalidade do capital que hoje se afirma não é uma
temporalidade aberta, mas sim uma temporalidade fechada que não liga o presente
a um futuro de verdade que já se abre à frente.
No caso dos “precários” que
compõem a camada social do precariado, eles têm a percepção clara da
temporalidade fechada do capital, percepção estranhada de perda do futuro que
os projeta, no plano da contingência, na “presentificação crônica” do
metabolismo social do capital. Ideologicamente, na sua consciência contingente,
tendem a incorporar a presentificação histórica do capitalismo posta pela
consciência liberal (o que trava a consciência utópica). Na verdade, a
consciência liberal hegemônica no seio de parcelas do precariado, só traduz, no
plano ideológico, o modo de ser da “paralisante temporalidade restauradora do
capital”.
Nas condições do poder da
ideologia e da constituição da “multidão” do precariado, coloca-se hoje, mais
do que nunca, a necessidade radical da luta ideológica que, num mundo social do
trabalho precário, torna-se mais candente tendo em vista a exacerbação da
manipulação como modo de afirmação do capital como sociometabolismo estranhado.
Não se trata apenas de um
problema social (vínculos laborais precários, baixos salários, falta de
direitos laborais), mas sim, trata-se de um problema existencial que corrói a
individualidade pessoal. A precariedade salarial e a precariedade existencial
interditam a vida pessoal do sujeito de classe. É a alienação/estranhamento na
sua dimensão radical.
No plano da consciência de classe
contingente, expõe-se a carência de futuridade. Torna-se cada vez mais claro na
percepção da consciencia de classe contingente que o capitalismo global
hipotecou o futuro de jovens-adultos que cumpriram tudo aquilo que a ordem
burguesa receitou para obterem o sucesso, mas não encontraram um “lugar ao
sol”, com a incapacidade do próprio sistema incluí-los como força de trabalho
produtiva.
No livro Para além do capital,
István Meszáros, um dos críticos radicais da perspectiva ideologia
social-democrata, observou o seguinte: “A inalterável temporalidade histórica
do capital é a posteriori e retrospectiva. Não pode haver futuro num sentido
significativo da expressão, pois o único futuro admissível já chegou, na forma
dos parâmetros existentes da ordem estabelecida bem antes de ser levantada a
questão sobre ‘o que deve ser feito’.” Portanto, sob as condições da crise
estrutural do capital, explicita-se com vigor um dos traços candentes da ordem
burguesa e uma particularidade radical da nossa época histórica que se
distingue de outras épocas do capitalismo histórico: a interdição persistente
da futuridade.
Ora, quando o sistema do capital
não consegue “incluir” em seus parâmetros socio-reprodutivos trabalhadores
jovens-adultos altamente escolarizados de acordo com as prescrições e
proscrições da ordem burguesa, há algo de podre no reino da Dinamarca. O
espectro do precariado, como o espectro de Hamlet, é expressão do apodrecimento
da ordem burguesa.
De fato, no Brasil de hoje, no
plano imediato, a voz das ruas exige avanços sociais. É o caso, por exemplo, da
satisfação de necessidades sociais vinculadas aos direitos de educação, saúde e
transporte público de qualidade. Exige-se do Estado burguês mais investimentos
públicos capazes de atenderem às necessidades sociais da classe trabalhadora.
Entretanto, por outro lado, a voz das ruas expõe carecimentos radicais ativados
pela precarização existencial. Carecimentos radicais que dizem respeito a uma
vida plena de sentido, que são, em si e para si, incapazes de serem absorvidos
pela ordem burguesa, pois dizem respeito a demandas existenciais para além do
capital. Esta é a candente contradição capitalista do século XXI.
*
Ora, dez anos de governo Lula e
Dilma no Brasil foram 10 anos de deformação espiritual da classe trabalhadora,
manipulada pelas igrejas neopentecostais e mídia liberal-conservadora, apesar
das benesses da economia política do neodesenvolvimentismo. A despreocupação
dos governos Lula e Dilma com o controle social dos meios de comunicação e o
desinteresse do PT com a formação política na perspectiva da consciência de
classe, contribuíram para a imbecilização das massas proletárias no Brasil.
Na verdade, o “choque de
capitalismo” dos anos dourados do neodesenvolvimentismo adoeceu – física e
mentalmente – o mundo do trabalho. A confusão mental e ideológica assumiu as
raias do absurdo, atingindo inclusive largas parcelas da intelectualidade. A
geração Y (“geração neoliberal”), que nasceu inserida no mundo das redes
virtuais, desligadas do passado público de luta de classes, alienadas do
significado da política revolucionária – muitos confundem revolução com
vandalismo – impregnaram-se, em si e para si, do fetichismo da mercadoria que
provocou tremenda confusão ideológica por conta da manipulação.
Ao mesmo tempo, deve-se salientar
a miséria da intelectualidade de esquerda reformista ou os devaneios da
intelectualidade de extrema-esquerda, incapazes de operarem práticas culturais
e políticas de formação da classe no cenário de barbárie social. Pode-se dizer
que existe hoje uma crise do intelectual orgânico de classe no Brasil. Partidos
de esquerda e extrema-esquerda e sindicatos de trabalhadores têm profunda
dificuldade em absorver as demandas radicais e as formas de organização
contingente do precariado.
Finalmente, é importante
salientar que a revolta do precariado expõe os limites do neodesenvolvimentismo
e do lulismo (o que não significa que o neodesenvolvimentismo e o lulismo, em
si e para si, esgotaram-se como projeto burguês). A revolta do precariado expõe
os limites do neodesenvolvimentismo primeiro pelo fato do neodesenvolvimentismo
ser um projeto de desenvolvimento capitalista que tende a agudizar
irremediavelmente os carecimentos radicais do precariado. O modo de vida just
in time nas cidades metropolizadas do Brasil enlouquecem o mundo do trabalho,
esvaziando as individualidades pessoais de classe expostas à precarização
existencial.
Depois, a revolta do precariado
expôs os limites irremediáveis do projeto lulista de poder baseado nas demandas
sociais do subproletariado como classe-apoio. Nesse caso, a tarefa política do
lulismo, caso queira sustentar-se como projeto civilizatório nos limites da
ordem burguesa, é incorporar as demandas sociais do precariado – num primeiro
momento realizando suas necessidades sociais, o que significa construir um
projeto de neodesenvolvimentismo que amplie investimentos públicos na educação,
saúde, transporte público e serviços públicos de qualidade (o que exige
discutir uma pauta de reformas de base que devem transtornar o bloco de poder);
e, num segundo momento, um projeto de desenvolvimento social para o Brasil que
leve em conta os carecimentos radicais das individualidades de classe, o que,
contraditoriamente exigiria negar o neodesenvolvimentismo como projeto burguês
e resgatar o projeto socialista como projeto de democratização radical da
sociedade visando ir além do capital – o que exigiria uma nova frente política
ampla e de massas capaz de hegemonia social e cultural.
***
O livro mais recente de Giovanni
Alves, Trabalho e subjetividade (Boitempo, 2011) Giovanni Alves é
doutor em ciências sociais pela Unicamp, livre-docente em sociologia e
professor da Unesp, campus de Marília. É pesquisador do CNPq com
bolsa-produtividade em pesquisa e coordenador da Rede de Estudos do Trabalho
(RET), do Projeto Tela Crítica e outros núcleos de pesquisa reunidos em seu
site giovannialves.org. É autor de vários livros e artigos sobre o tema
trabalho e sociabilidade, entre os quais O novo (e precário) mundo do
trabalho: reestruturação produtiva e crise do sindicalismo (Boitempo
Editorial, 2000) e Trabalho e subjetividade: O espírito do toyotismo na
era do capitalismo manipulatório (Boitempo Editorial, 2011). Colabora
para o Blog da Boitempo mensalmente, às segundas.
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