Definição: A crise de 1929 ou Grande
Depressão consistiu no declínio da economia americana, proveniente da
superprodução e do excedente de mercadorias, o que gerou uma queda de investimentos
e no mercado das empresas, determinando a quebra da bolsa de valores e uma
decadência econômica interna avassaladora, que acabou por trazer repercussões
mundiais.
Os EUA no Pós-Guerra (1918/1929):
Imagem da linha de produção da Ford. Linha com grandes estoques para consumo em massa. |
Com o fim da
Primeira Guerra Mundial em 1918, os países da Tríplice Aliança: EUA, França e
Inglaterra, saíram da guerra vitoriosos, com vantagens econômicas e novos
territórios adquiridos com o Tratado de Versalhes. Porém, a Europa saiu da
guerra com grandes problemas estruturais de caráter político, econômico e
social, em função dos bombardeios e conflitos, o levou o continente a sofrer um
processo de reconstrução.
Os EUA, por
sua vez, diante de uma posição isolacionista, conseguiram um grande salto
industrial e passou a ser credor das potencias européias, concedendo
empréstimos para reconstrução do país, objetivando também manter as relações
comerciais e as taxas de produção e exportação como de costume.
A economia do
inicio do século XX era marcada pelo liberalismo econômico definido pela não
intervenção do Estado na economia e pelo livre comércio. Isto significava que a
participação do Estado na economia era mínima, o que garantia as empresas o
domínio e autonomia total do comércio e das relações comerciais. A livre
circulação implicava, por sua vez, na implementação de taxas mínimas de
tarifação sobre os produtos, garantindo que a concorrência, a demanda e a
oferta equilibrassem a balança de investimento do mercado.
O desenvolvimento
industrial americano estava associado a novas formas de produção baseadas no
taylorismo e no fordismo. É importante perceber que tal sistema só terá seu
ápice nas décadas de 1940 e 1950, conhecido como “American Way of Life”.
Inicialmente,
o taylorismo determinou o ajustamento de movimentos e tempos de produção,
introduzindo a famosa expressão “Time is Money” – tempo é dinheiro; o que
significava produzir a maior quantidade de produtos no menor tempo, organizando
e coordenando os movimentos do corpo e ações para dinamizar o processo de
produção.
O Fordismo se apropriou
das idéias tayloristas, anexando nas indústrias de carro Ford a esteira
transportadora, o que garantiu ao trabalhador a concentração em uma única
tarefa, onde o ritmo era ditado pela gerência e pela velocidade da esteira.
Este modelo de
indústria garantia a produção de grandes estoques, independente da demanda do
mercado. O processo era rígido, ou seja, os trabalhadores eram designados a
funções específicas como apertar parafusos, encaixar peças, e etc, os produtos
obedeciam a um mesmo padrão estético, como diria Ford: “podem comprar carros, desde que sejam pretos”. As jornadas de
trabalho eram longas e os salários não eram tão satisfatórios, se acaso a
produção caísse muitos trabalhadores acabavam desempregados sem garantias
mínimas de sobrevivência em função da não intervenção do Estado e da ausência
da regularização dos direitos trabalhistas.
A Crise:
Os americanos
mantiveram o ritmo de sua produção para um mercado frágil. A Europa fechou-se
para reconstrução diminuindo a taxa de importações e consequentemente a procura
aos produtos americanos. Em resposta, os EUA, para não perder o ritmo, diminuiu
também as importações concentrando a atenção na produção.
As consequências
foram avassaladoras para os EUA. O grande excedente em quantidades enormes de
estoques determinou a falência de empresas, o desemprego, a quebra dos créditos
e dos bancos e também a perda de investimento na bolsa de valores levando ao declínio
econômico, a crise social e a estagflação. O presidente Hoover tentou controlar
a crise obedecendo às regras liberais de não intervenção do Estado e equilíbrio
natural da economia, mas não adiantou. A crise capilarizou os setores internos
da sociedade, criando as filas do pão, trazendo a fome e a miséria.
A imagem apresenta a fila do pão, onde milhares de pessoas esperavam pela doação de alimentos. |
O “New Deal” e a implementação o Estado de
Bem-Estar Social. Uma nova fase econômica contra o liberalismo.
Com a eleição
de Franklin Roosevelt em 1932 , os EUA passou a adotar uma nova política para
conter a crise e reativar a economia baseada nos estudos e nas teorias
econômicas de Keynes. O New Deal consistiu em um plano de
intervenção do Estado no planejamento econômico, visando a manutenção do
capitalismo. Foram adotadas medidas de financiamento e empréstimos pelo governo
aos bancos e empresas, e medidas sociais concentradas na implementação de
políticas públicas voltadas para o combate ao desemprego objetivando a melhoria
e a participação da sociedade civil no mercado de interno como forma de aquecer
o mercado consumidor.
Em relação às
políticas sociais o Estado regularizou os direitos trabalhistas através da
concessão do seguro desemprego - salários desempregos, das férias remuneradas, do
aumento do salário mínimo, do estabelecimento das jornadas de trabalho em 8hs
diárias, da abolição do trabalho infantil, e da criação do sistema de
previdência social. O Estado também investiu maciçamente em programas voltados
para grandes obras públicas para absorver os desempregados como: estradas,
sistemas de irrigações, barragens, hidrelétricas, etc.
Inaugurava-se
nos EUA o Estado de Bem-Estar Social baseado no keneysianismo.
A crise de 1929
comprovou a dificuldade do capitalismo de manter sua autonomia econômica sem a
manutenção do Estado para garantir o básico à sociedade: saúde, educação,
assistência e seguridade social. Contra o socialismo, o keneysianismo transformou-se
em uma boa saída para manter o funcionamento do capitalismo, e também conter
greves e organizações sindicais, inviabilizando o crescimento da ideologia
socialista.
O período
entre guerras anunciou diferentes formas de intervenção do Estado pra saída da
crise capitalista. O Estado de Bem-Estar Social apresentou uma saída para
manutenção da democracia liberal, enquanto na Europa surgiam regimes
nacionalistas de extrema direita como os fascismos e o nazismo.
VÍDEO SOBRE PERÍODO ENTRE GUERRAS: TELE CURSO DE HISTÓRIA.
2 comentários:
Excelente artigo. A crise que até hoje é lembrada como "parâmetro" para as economias atuais. Como ainda estamso sob a ègide do capitaleismo, todo cuidado é pouco, com relação à falta de gerenciamento da economia. Parabens!
Obrigada!
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