O século XVIII deu inicio a uma série de transformações sociais, políticas e econômicas que transformaram as relações sociais na Europa e no mundo. O Iluminismo abriu um amplo espaço para o desenvolvimento técnico e científico, visto que a razão se tornava o motor do crescimento humano. Somando-se ao cenário de mudanças, as revoluções burguesas modificaram as relações de classe e o domínio do Estado passou a ficar sob o comando da burguesia.
Sob a influência do liberalismo econômico e da necessidade de expansão dos capitais ingleses através da ampliação dos mercados consumidores, a Inglaterra torna-se a pioneira de transformação dos meios de produção ao introduzir na indústria a maquinofatura, período este conhecido como Revolução Industrial.
É importante perceber que a Revolução Industrial consistiu em uma mudança que ampliou as esferas comerciais e também os domínios da produção. Podendo-se dizer que a revolução compreendeu as seguintes características:
- · A mecanização da indústria por meio das máquinas à vapor.
- · Expropriação dos camponeses do campo e crescente urbanização.
- · Surgimento da classe operária – proletários. Mão de obra assalariada.
- · Mudança nas diretrizes econômicas a partir do fortalecimento do sistema capitalista.
- · Matéria prima: carvão.
A Revolução Industrial pode ser dividida em três períodos, que compreendem diferentes estágios da industrialização: 1) De 1760 até 1860, período da 1ª Revolução Industrial com utilização do carvão mineral; 2) A partir de 1860 até a metade do século XX, período da indústria elétrica, das máquinas automáticas e do capitalismo financeiro; 3) A partir de 1970 até os dias atuais, conhecido como o período da revolução técnica cientifica informacional.
O pioneirismo industrial da Inglaterra encontra-se associado por muitos historiadores a política de cerceamento dos campos e a Revolução Gloriosa (1665), responsável por colocar no poder a burguesia a partir da monarquia parlamentar.
A política de cercamento dos campos – enclousers. proporcionou a substituição do pastoramento para o cultivo agrícola em grande escala. Como uma proposta do governo da rainha Elizabeth I, a política de cercamento dos campos consistiam no arrendamento de pequenas propriedades e transformação em área de cultivo de algodão para a indústria têxtil crescente na Inglaterra naquele período. Tal política contribuiu para a expulsão dos camponeses de suas antigas propriedades e também da emigração de uma massa de agricultores para as cidades, gerando o desemprego, o aumento da violência e a pobreza. Por outro lado, os cercamentos dos campos proporcionaram o aumento da matéria prima e da produção de tecidos, gerando o crescimento econômico para Inglaterra e a sua consagração como potência hegemônica.
A Revolução Gloriosa, por sua vez, favoreceu a classe burguesa investindo no fim protecionismo alfandegário, pois o parlamento aboliu as velhas leis que criavam monopólios especiais e interferiam na livre concorrência.
As primeiras máquinas surgidas em 1767 na Inglaterra estavam voltadas para a produção de tecidos, e preocupadas no aceleramento da produção. As máquinas a vapor contribuíram para um grande salto tecnológico e um aumento nos investimentos econômicos no que se refere ao transporte e aos setores de comunicação. Com a invenção das válvulas de injeção a vapor, James Watt em 1763 determinou uma produção de energia capaz de acelerar o modelo industrial produzindo uma força motriz capaz de mover 1000 cavalos. Com as máquinas movidas com carvão mineral, o barco a vapor foi inventado e direcionado para o comércio em 1790 nos EUA. O trem a vapor e as primeiras estradas de ferro passaram ser construídas em 1822. E Ampére desenvolvia o telégrafo em 1820, garantindo a comunicação transnacional ao redor do mundo.
Muitas foram às conseqüências trazidas pela revolução industrial, algumas de difícil reversão e que trouxeram legados sociais sérios a classe proletária.
O tempo foi responsável pela primeira mudança de peso no sistema industrial, pois este passou a ser cronometrado e definir gastos e lucros da produção industrial.
O surgimento de operários determinou o aparecimento da classe proletária. Esta classe sofria sérios abusos dos proprietários fabris, sendo obrigados a trabalhar mais de oito horas, sem condições de segurança, habitação, salários apropriados, ou leis que os protegessem. Sua mão de obra era utilizada para gerar mais lucros, e o seu excesso de trabalho determinou a mais valia. Crianças e mulheres trabalhavam sem reconhecimento e salários justos, tudo em prol do capital.
Muitos foram os movimentos de resistência dos operários no século XVIII. O cartismo se responsabilizou pelas propagandas contra o sistema de trabalho nas fábricas, outros quebraram as máquinas como forma de protesto, conhecido como Ludismo. Com o Trade Unions iniciou-se uma forma organizada de resistência, onde os operários passaram a determinar suas reivindicações e sugerir mudanças, consistindo nos primeiros sindicatos.
A Revolução Industrial contribuiu para divisão do trabalho internacional e também para o liberalismo econômico.
Em 1776 Adam Smith escrevia a “Riqueza das Nações”, que se consagrou pelo manual do liberalismo econômico. Em sua tese Smith pregou o não intervencionismo do Estado e autoregulação dos mercados conforme a demanda.
A partir de 1860 iniciou-se a Segunda Revolução Industrial com a substituição do carvão mineral pela eletricidade. O ferro passou a ser substituído pelo aço garantindo maior leveza dos materiais industriais básicos, o carvão foi substituído pelo petróleo, e o capitalismo monopolista dominava as relações econômicas internacionais.
O final do século XIX marcou um verdadeiro boom capitalista, tal período ficou conhecido por muitos historiadores como a “Era do Capital”. Um novo colonialismo surge sob a gerência de grandes financeiras internacionais e indústrias de concentração de capitais, esta se determinaram como indústrias multinacionais, de grande monopólio comercial como os trustes (monopólio da produção), cartéis (monopólio dos preços) e holdings (monopólio das ações).
O capitalismo monopolista caracterizou-se: pelo domínio da indústria pelos bancos de investimentos e companhias de seguros; pela formulação de imensas acumulações de capitais e o aparecimento de empresas monopolizadoras.
A sociedade estava entrando na Idade Contemporânea, onde os transportes, a comunicação, as indústrias bélicas e a medicina deram um salto de desenvolvimento. Factualmente, em 1860 Alexandre Graham Bell inventou o telefone, e em 1876 o telégrafo começou a ser usado sem fio, o que contribuiu para a criação do rádio e da televisão posteriormente. Em 1879 Thomas Edisson descobriu a energia elétrica, possibilitando o desenvolvimento dos sistemas de iluminação de ruas e cidades inteiras. O mundo ganhava um novo ritmo.
VIDEOS SOBRE REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: TELE AULA. AULA 36.
Um comentário:
" CONSEQUENCIAS TRAZIDAS PELO LIBERALISMO ECONÔMICO , RELACIONANDO-O COM OS EFEITOS SOCIAIS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL . "
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