Sob a ótica dos movimentos revolucionários burgueses que ocorreram na Europa e no mundo ao longo do século XVIII, a Revolução Francesa, ocorrida na França, pode ser considerada umas das revoluções mais radicais.
O radicalismo da Revolução Francesa emergiu contra o absolutismo e o governo de Luis XVI. Neste período, a França viva sob uma monarquia absolutista que reforçava os privilégios feudais e a sociedade estamental. Embora a burguesia tivesse crescido enquanto classe e reforçado a economia, junto aos camponeses que ocupavam os postos mais baixos da sociedade, a burguesia se encarregava de pagar os impostos e sustentar os privilégios da nobreza e do clero.
Mesmo que desigualdade social francesa fosse responsável pela insatisfação social da maioria, o descontentamento passou a aumentar após a participação da França na Guerra de independência dos EUA. Após o retorno do exercito francês a França se encontrada em uma crise econômica que afetava não apenas os cofres da nobreza, mas toda uma população que passava fome e era obrigada a pagar impostos, independente das mazelas sociais. Cenário de crise somou-se as ideias revolucionárias Iluministas que clamavam pela liberdade política, pela igualdade social e fraternidade.
Diante do descontentamento social que pairava na França, o rei Luis XVI decidiu convocar a assembléia dos Estados Gerais para uma votação sobre o que seria feito. Como o clero e a nobreza ocupavam o 1º e 2º Estado respectivamente e a burguesia e os camponeses ocupavam o 3º Estado, a votação por Estado e não por cabeça levava sempre o 1º e 2º Estado a ganharem de dois votos a um contra o 3º Estado. Certos de que o rei não mudaria sua postura, o 3º Estado resolveu retirar o rei do poder por meio de um levante social. Em 1789, a Revolução Francesa se iniciava com a Queda da Bastilha, onde o povo partir em direção a prisão que abrigava todos os presos políticos detidos contra a monarquia e os libertou.
A população clamava por uma constituição, e então foi crida a Assembléia Nacional Constituinte onde a Declaração de Direitos do Homem em 1791 que garantia direitos comuns a todos os franceses e abolia os privilégios de classe, principalmente a isenção de impostos do clero e da nobreza. Os bens do clero foram confiscados, e uma constituição sob influencia dos grupos radicais que previa o voto universal masculino e a República foi adotada.
È importante ressaltar a divisão dos grupos revolucionários franceses como forma de compreender as fases da revolução. Os jacobinos e sans cullotes se caracterizam pelos grupos radicais que defendiam a república e fim absoluto da monarquia, ficaram conhecidos como membros da esquerda por sentarem-se deste lado nas reuniões constituintes. Pequenos burgueses e camponeses e os descamisados - sans cullotes; representavam os jacobinos. Os girondinos defendiam a monarquia parlamentar e o voto censitário. Eram representados pela alta burguesia e ficaram conhecidos como o grupo da direita por sentarem-se deste lado nas reuniões. A planície compunha o centro e mantinha uma imparcialidade e neutralidade política, tendendo sempre a apoiar os grupos da ação. Estes eram representados pela nobreza.
Após o período de Convenção (1791/1793) onde foi aprovada a constituição jacobina e proclamada a República, o rei resolve fugir para Áustria e buscar apoio em outras monarquias absolutistas européias. No entanto, foi capturado pelos revolucionários radicais e preso. A divisão política era tamanha, que os jacobinos sob o comando de Robespierre tomam o poder e iniciam o período de Terror. Os jacobinos compreendiam que a melhor forma de anular a oposição política era levar os inimigos da revolução para guilhotina. O rei Luis XVI e a família real foram parar na guilhotina e muitos girondinos também tiveram suas cabeças decapitadas. O Comitê de Salvação Pública discutia os caminhos do governo e da revolução que já influenciava toda a Europa. O destaque para Danton, Marrat e Robespeirre como líderes jacobinos levou a revolução “a devorar seus próprios filhos”. Em 1794, Robespierre acaba na guilhotina como os demais líderes e a alta burguesia toma o poder instaurando o Diretório. O Terror chegava ao fim, mas a insegurança política permanecia. A nobreza aliava-se aos girondinos e os jacobinos ameaçavam um novo levante. Era preciso uma liderança que estabilizasse os diferentes grupos políticos na França. O sucesso de Napoleão Bonaparte à frente do exército francês determinou o golpe 18 Brumário, onde o próprio assume o poder e instaura uma monarquia como forma de concluir a revolução. Representante da burguesia, Napoleão acaba com o absolutismo, mas não com a monarquia e inicia um novo período na França: o Império Napleônico (1804/1820).
Um comentário:
O seu texto é bom.E dá para ilustrar bem as insurgências sociais na França no final do século XVIII.
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