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30 de janeiro de 2013

VIAJANDO PELO BRASIL: CONHECENDO A CHAPADA DIAMANTINA – BAHIA. HISTÓRIA, ROTEIRO DE VIAGEM E CULTURA LOCAL.



Foto do Morro do Pai Inácio. (Por Clarissa Barros).
Este post busca realizar uma curta análise do desenvolvimento histórico e econômico da região da Chapada Diamantina localizada no interior da Bahia. Atualmente a região denominada como Parque Nacional da Chapada Diamantina, além de ser área de proteção e reserva ambiental, chama atenção pelo crescimento do turismo ecológico voltado para a visita de viajantes aventureiros interessados e contemplar e conhecer as belezas naturais.
Observando a geografia local, a formação física da Chapada Diamantina é composta por vales com formações rochosas altas, exuberantes e chapadas, canyons, grutas, e cachoeiras gigantes como o Burucão (localizada no municipio de Ibicuara), e a Fumaça (localizada no Vale do Capão.), onde nascem os rios das bacias do Paraguaçu, Jacuipe e Rio de Contas. O Vale do Pati, um dos principais roteiros turísticos da Chapada Diamantina, tem como atrativos as formas de relevo ali existentes, representados por cachoeiras, cavernas, morros e vales cercados por paredões escarpados.

Cachoeira da Fumaça (Vale do Capão)
Poço Azul

Canyon da Cachoeira do Buracão
Formações rochosas. Vista de Guiné.

Cachoeira do Buracão.
Cachoeira da Fumacinha.

A vegetação do Parque Nacional da Chapada Diamantina é resultado de uma rica biodiversidade típica do sertão baiano, que diversifica espéies de caatinga nas partes altas dos vales e serrado ao fundo. A seca da região é uma realidade comum dos moradores, que em defesa da preservação ambiental da região unem-se em brigadas voluntárias para combater os incêndios criminosos que chegam a queimar serras e vales inteiros. A brigada voluntária do Vale do Capão em conjunto com a ACV-VC – Associação de Condutores de Visitantes do Vale do Capão, realiza um trabalho de contenção dos incêncios e educação ambiental junto aos turistas e moradores da região: um exemplo de cidadania e consciência ecológica para todos que vistam o parque e o Vale do Capão.

 
A cultura local é bastante rural, as cidades são pequenas, estratadas de terra batida, a culinária é bastante farta e desfruta da critividade nativa para enriquecer os pratos típicos que incluem carne de sol, galinha caipira, godó de banana, pastel de palmito de jaca, palma, maxixe, e licores diversos.
O trekking é uma das opções comuns entre os turistas aventureiros, que com os mochilões nas costas andam o Vale do Pati tendo como base a casa dos nativos, que como Dona Raquel, habitaram o Vale antes da elaboração da lei no 6983, que estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente, em 1981; com a promulgação da Constituição de 1988, a primeira do planeta a prever a avaliação de impacto ambiental, que posteriormente determinou a criação na década de 1990 do Parque Nacional da Chapada Diamantina, hoje administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

Casa de Dona Raquel.
A partir dos anos 1980, ocorreu um grande incentivo às atividades turísticas, principalmente, em espaços rurais, encaradas como uma das principais alternativas de desenvolvimento local. Essas iniciativas surgem buscando promover a proteção do meio ambiente, e gerando empregos e lucro à população nativa através do uso sustentável do espaço rural.
Ficar hospedado na casa dos nativos é uma boa maneira do turista conhecer a cultura e história local, que envolve o contato com as famílias, comidas típicas, medicina natural com ervas e plantas típicas (a argila em suas múltiplas propriedades é uma delas), e pessoas de toda parte do país e do mundo.
Entretanto, a atividade turística implementada na Chapada já vem dando sinais de desequilíbrio ambiental devido ao crescimento da atividade turística sob a negligência do governo. A falta de planejamento contribuiu para que o turismo acabe por contriuir também para a degradação ambiental (poluição dos recursos hídricos, devido ao aumento do lançamento de dejetos líquidos nos cursos d´água, acúmulo de resíduos sólidos e desmatamento), o crescimento de casos de violência, especulação imobiliária, marginalização e favelização da população local, aumento de preços dos gêneros alimentícios (para turistas e moradores), ocupação desordenada do espaço urbano, exploração de mão-de-obra infantil e de adolescentes, etc.
Infelizmente é comum ver turistas acampando em cachoeiras e grutas, fazendo fogueiras, deixando o lixo no parque, arrancando plantas silvestres, entre outros hábitos que degradam a região e exemplificam atitudes erradas para outros visitantes.
Preservar o que é nosso é muito importante!

UM POUCO DE HISTÓRIA LOCAL...
Casas abandonadas ilustram a dificuldade da vida rural na Chapada Diamantina.
A criação e ocupação das cidades e vilas da Chapada Diamantina é fruto direto da exploração do diamante. Antes da descoberta desta pedra preciosa a região era vagamente povoada e ainda comandada pelo índios Maracás, que respondiam com violência à chegada de forasteiros. A agropecuária praticada nas grandes fazendas era a atividade econômica principal.
Em 1710, com a descoberta de ouro no sul da Chapada (próximo ao rio de Contas Pequeno) e a consequente chegada de bandeirantes e exploradores vindos de outros pólos mineradores, começou a colonização da região.
Em 1844, com o anúncio da descoberta de diamantes muito valiosos próximo ao rio Mucugê, começou a corrida pela pedra na região. Garimpeiros vindos do Arraial do Tijuco (hoje Diamantina) e locais já em crise devido ao fim do ciclo do ouro puxaram a população itinerante que explorava o Brasil atrás de riquezas. Comerciantes, colonos (responsáveis pelas plantações), jesuítas, contrabandistas e estrangeiros se espalhavam em vilas marcadas pela falta de leis e autoridades oficiais.
O esgotamento parcial das jazidas de diamante foi agravada pela descoberta de novas fontes no sul da África, iniciando um longo período de recessão e pobreza. As atividades agropecuárias voltaram a ser a principal fonte de renda e emprego da região, ao mesmo tempo que favoreciam a concentração de poder e dinheiro pelos grandes coronéis.

Monumento do Garimpo em Andaraí.
Cidade de Mucugê.
Palmeiras: cidade central da regiãoda Chapada Diamantina.
A formação das cidades de Lençois, Mucugê, Igatu e Andaraí estão relacionadas ao garimpo de diamantes. Com a queda da produção de diamantes no final do século XIX, a região da Chapada Diamantina passou a ser alvo da exploração do Diamante Negro, um minério de carbonato de cálcio utilizado em indústrias pesadas, e muito cobiçado pelos  europeus, em especial os franceses, para construção do Canal do Suez. A cobiça pelo Diamantine Negro foi passageira, e logo foi substituído por novos materiais resistentes e melhor condutores para a industria pesada.
Com o crescimento da produção cafeeira, o café passa a ser outro investimento dos latifudiários da região do Vale do Capão, Pati e Palmeiras. O coronelismo se tornou uma realidade na região. Os corenéis controlaram a política e dominaram a economia da região, com destaque ao Coronel Horacio de Matos.

Vale do Capão.
Painel histórico que retrata os diferentes ciclos econômicos da região.
Vale do Capão: hoje uma cidade turistica e de pessoas alternativas.
Durante A repúlica Café com Leite, a região da Chapada Diamantina se trounou o braço direito do governo mineiro e paulista, que revezavam-se na presidência do Brasil. O surgimento da Coluna Prestes como forma de combater o coronelismo e a corrupção política no país trouxe conflitos na região e deixou muitas histórias e relatos de nativos que por incrível que pareça, lutaram em defesa de seus coronéis.

ROTEIRO DE VIAGEM:

Assista aos vídeos sobre a viagem de 15 dias na Chapada Diamantina, que divide esta aventura em três vídeos repletos de fotos incríveis!

Vídeo Vale do Pati.


Esse vídeo mostra fotos e imagens do inicio da caminhada por Andaraí, descida pela Serra do Império e chegada no Vale do Pati de Baixo, onde ficamos na Casa de Jóia. A hospedagem contou com jantar, café da manhã e quarto para dois pelo preço de setenta reais a diária conjunta. Imagens da subida do Morro do Castelo e cachoeiras diversas como Funil e Calixto.

Vídeo Mucugê

Esse vídeo traz imagens da bela cidade de Mucugê, da cachoeira do Buracão e da Fumacinha em Ibicuara, entre outras maravilhas do parque.



Vídeo Vale do Capão

Nesta edição estão incluídos pontos turísticos como Morro do Pai Inácio, Cachoeira da Puricação, Poço do Diabo, Fumaça e bela cidade do Capão.




PROCURANDO GUIA? ACHOU!

Para desfrutar das belezas da Chapada Diamantina é aconselhável a presença de um guia local, que além de conduzir os visitantes aos secrets spots, também nos apresenta a cultura local e os nativos históricos da região. A ACV -VC - Associação de Condutores e Visitantes do Vale do Capão possui excelentes condutores, e através deles entramos em contato com o Uilton, apelidado por nós de  "Uil", que além de uma pessoa maravilhosa, nas caminhadas fez lanches saudáveis e nutritivos, e nos ensinou a importancia de preservar este patrimônio cultural que é a Chapada Diamantina. Os interessados podem entrar em contato com o Uil pelo e-mail: uiltonguia@gmail.com 



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Rodrigo Valle Cezar. Dissertação de Mestrado UNESP(2011). “Carta geoambiental da região turística do Vale do Pati – Chapada Diamantina, Ba”.
André Riani Costa Perinotto & Odaléia Telles Marcondes Machado Queiroz. “Território, ambiente, exploração e decadência da atividade mineradora e o processo atual de turistificação do espaço na Chapada Diamantina/BA”. In: HISTÓRIA AMBIENTAL & TURISMO. Vol. 4 - Nº 1 - Maio 2008 
Site: www.periodicodeturismo.com.br
Sobre a História da Chapada Diamantina, ver site:

2 comentários:

Simone disse...

Clarissa adorei esta visão da Chapada, muito bem contada o roteiro e as fotos! Parabéns pela viagem e a matéria! saudades de todos vocês grande beijo. Si

Carlos disse...

Adorei o post! Parabéns!
Visite também a vila de Igatu. É ao lado do vale do Paty.
http://vila-de-igatu-chapada-diamantina.blogspot.com.br
Abraços